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Por que empreender (na pós-graduação) é preciso?

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Felizmente, esses últimos meses o Brasil tem passado por um excelente momento histórico de debates e discussões inteligentes sobre os novos rumos do País, principalmente em relação à Educação, Saúde e Transporte. Inclusive nesse embalo tivemos também início à importante discussão sobre a Profissionalização dos Cientistas Brasileiros.

Em convergência a essas discussões, também pode ser o momento ideal para discutir a importância de inserir o Empreendedorismo onde talvez ele seja mais importante, que é justamente entre os futuros profissionais que vão lidar diretamente com tecnologias de fronteiras. A grande maioria desses estudantes de pós-graduação não tem nenhum contato com nenhuma Cultura Empreendedora, capaz de gerar competências fundamentais para transformar o conhecimento adquirido em riquezas e benefícios para a sociedade, ou seja, essencial para gerar Inovações.

Importante lembrar que aqui no Brasil, segundo Ricardo Magnani, Gestor de Projetos da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), a nossa legislação adota as definições de Inovação Tecnológica propostas pelo Manual de Frascati e não as que são propostas pelo Manual de Olso, que é mais abrangente e flexível quanto à essas definições.

Com raras exceções, a maioria dos alunos de graduação passa direto para a rotina da pós-graduação com o objetivo de aprofundar os conhecimentos técnicos e científicos, sem desenvolver nenhuma visão macro ou divergente, importante para as relações atuais de trabalho no Mundo globalizado e cheio de tecnologias exponenciais, as quais criam novos paradigmas em período de tempo cada vez mais curtos. Sobre essa necessidade do Brasil em criar uma geração de empreendedores, quem ainda não leu, vale a pena conferir a entrevista concedida pelo Coordenador do Instituto de Negócios Internacionais da Georgia State University, Tamer Cavusgil.

Infelizmente a maioria das Universidades brasileiras parece como uma grande bolha, que impede o contato com o Mundo real. O comentário mais comum de recém-formados é que mais de 50% de tudo o que aprenderam, durante 4 ou 5 anos, está totalmente desatualizado. Muito provavelmente isso também influencia significativamente a maneira como as pesquisas são realizadas nessas Universidades, ou seja, a maioria delas não apresenta aplicabilidade mercadológica decisiva (com raras exceções, claro). Como sabemos, a publicação seriada de artigos científicos no Brasil (no melhor estilo Charlie Chaplin em Tempos Modernos) continua sendo erroneamente estimulada por um sistema irracional e nocivo de avaliação de desempenho que é realizado e exigido por órgãos financiadores de pesquisas (como o CNPq, por exemplo) na maioria das Universidades públicas.

Para facilitar a visualização desse fato, basta observar o gráfico abaixo sobre o ritmo de publicações brasileiras em periódicos científicos na área da Saúde (Health Professions), obtido com ajuda do aplicativo disponível na SCImago Journal & Country Rank. Como não poderia ser diferente, desde 2006 o Brasil apresenta uma produção acelerada de publicações ao ponto de ultrapassar países extremamente inovadores como Israel, Cingapura e Coréia do Sul. Em 2012 foram registradas 499 publicações científicas da área da Saúde no Brasil. Pelo perfil de Israel e Singapura fica evidente que a quantidade de publicações não está associada à criação de Inovações. Muito provavelmente devem ser a qualidade e a orientação empreendedora os fatores decisivos.

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Sendo assim, será que esse sistema de incentivo poderia ser melhorado? Por exemplo, valorizando o envolvimento de alunos e orientadores em atividades empreendedoras que contribuam para a sustentabilidade da própria Universidade? Quanta inteligência será preciso reunir para inovar sobre esses incentivos para que a nossa produção científica seja de fato capaz de gerar Inovações com impacto econômico e social? Será que doutores em Economia Comportamental poderiam colaborar nessa questão? Ou será que a próxima geração de cientistas formados pelo Ciências sem Fronteiras poderão encontrar uma nova realidade quando voltarem ao Brasil? Na melhor das hipóteses, vamos torcer para que alguns desses repatriados tragam soluções inteligentes para essa e quem sabe outras questões.

Ironicamente, apesar das atuais regulamentações pró Inovação dentro das empresas, apesar da incrível disponibilidade de recursos financeiros (Nacionais e Internacionais) em nosso país e apesar de alguns excelentes programas de educação e capacitação voltados para promover o Empreendedorismo entre os jovens brasileiros, parece que a maioria dos alunos de graduação e pós-graduação (futuros orientadores que um dia retroalimentarão todo o ciclo) vivem sob os efeitos crônicos de uma Cultura Comodista que lhes impedem adotar atitudes empreendedoras, de arriscar e experimentar novos caminhos para a realização profissional que não seja apenas a carreira acadêmica ou o funcionalismo público.

Claro que nem todas as pessoas precisam ser empreendedoras, intraempreendedoras ou desejam se tornar um empreendedor de alto impacto, mas quantas pessoas já abandonaram a carreira profissional na área de Saúde, por exemplo, para investir mais 4 anos em um curso de Direito (às vezes até mais 1 ano de cursinho para a OAB) para poder participar de concursos públicos? Não seria mais saudável para o nosso País que essas pessoas pudessem ter a opção por empreender, criar inovações, empresas e novos empregos?

Como algumas pessoas gostam de argumentam, é verdade que todo esse panorama econômico e regulatório favorável que encontramos hoje no Brasil é relativamente recente (apesar de que alguns editais de subvenção econômica ainda precisam melhorar muito o acesso a recursos por pequenas e microempresas, Startups) e talvez seja necessário mais uma geração para podermos observar os primeiros sinais de mudança.

Mas também não podemos esquecer que as pessoas são susceptíveis a uma série de vieses cognitivos que de certa forma explicam esse comportamento aparentemente irracional em relação à gestão de riscos. Por exemplo, podemos citar o viés da Negatividade, que segundo o psicólogo Daniel Kahneman (Nobel de Economia em 2002) é a tendência a dar mais importância para informações e experiências negativas do que as positivas. Inclusive a Mídia sabe explorar muito bem esse viés para controlar a capacidade de decisão dos cidadãos. Por falar nisso, por que será que a maioria das novelas e filmes brasileiros geralmente tem algum personagem empresário mau caráter, corrupto, ambicioso, inescrupuloso ou criminoso?

Pois é, devido a esse e vários outros vieses da Negatividade que nos são bombardeados quase diariamente (por parentes, amigos, orientadores, etc.), pensar de maneira oposta à grande maioria e afirmar que existem excelentes oportunidades para empreender, de maneira ética e honesta, faz a pessoa parecer um tanto ingênua e sonhadora. Agora imagina quando algum viés da Negatividade atua em conjunto com o viés da Confirmação, o viés da Autoridade e o viés Endogrupal? Infelizmente todos esses vieses atuando em conjunto podem ser facilmente identificáveis no ambiente acadêmico brasileiro.

Por essa razão, para contra-atacar todos esses vieses nocivos e contribuir de maneira otimista com a discussão de inserir a Cultura Empreendedora de maneira efetiva na pós-graduação no Brasil, preciso citar o exemplo da Cultura Chutzpha, típica de Israel. Decepcionado com a Cultura Europeia, quando trabalhei e estudei na Espanha, fiz questão de visitar Israel em 2009. Sem dúvida um dos melhores investimentos que já fiz.

Israel tem quase a mesma área geográfica que o Estado de Sergipe (22.050Km2), conta com pouco mais de 7,6 milhões de habitantes e possui apenas 65 anos de existência. No entanto, é nessa região semiárida, com escassez de água e outros recursos naturais, além dos constantes conflitos militares, onde florescem inúmeras empresas inovadoras. Atualmente Israel conta com cerca de 3.850 empresas Startups, quantidade maior do que a soma de empresas que estão presentes em países maiores e pacíficos como o Japão, a China, Coréia do Sul, Reino Unido e Cingapura.

Entre uma série de fatores que parecem atuar de maneira sinérgica e são responsáveis por esse resultado extraordinário de Israel, vale ressaltam o elevado grau de comprometimento das pessoas para criar empresas inovadoras em torno de um objetivo comum, que é proteger o território contra ameaças e garantir a sobrevivência da próxima geração. Esse parece ser o diferencial em relação a outros países com cultura militar semelhante, com excelentes índices de educação e altamente empreendedores como EUA, Cingapura, Japão, China e Coréia do Sul.

Outro fato curioso sobre Israel é a média de idade da maioria dos alunos de pós-graduação, que gira em torno de 32 anos. Isso acontece porque todos os jovens antes de frequentar as Universidades participam ativamente de atividades laborais e militares (2 anos para moças e 3 anos para rapazes). Para eles o contato com o Mundo real e as tecnologias que os rodeiam é tão intenso que o aprendizado pela sobrevivência se transforma facilmente em seriedade, maturidade e elevada noção de responsabilidade, características que se tornam reflexo de suas Vidas dentro das Universidades e das empresas inovadoras que alguns deles acabam criando depois da graduação ou da pós-graduação. Quem quiser saber mais sobre essas questões, pode encontrar em Nação Empreendedora – o milagre econômico de Israel.

Como diria outro Daniel (Daniel Shechtman, professor do Technion e também Nobel de Química em 2011) a seus alunos: “Você é tão bom que pode criar sua própria empresa tecnológica”. Talvez esse seja o perfil dos profissionais do futuro, capazes de construir o próprio currículo, aptos para visualizar boas oportunidades de negócio e criar empresas que geram impacto Social e Econômico no Mundo.

“A única forma de chegar ao impossível, é acreditar que é possível.”

- Lewis Carroll -

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