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Relações entre cânceres

Article-Relações entre cânceres

Revista Nature divulga o estudo genômico do câncer, que identificou que cerca de 10% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em não-fumantes

Os resultados do mais completo estudo genômico do câncer de pulmão já feito foram divulgados nesta quinta-feira (23/10) na edição on-line da revista Nature.

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Conduzido por um consórcio que reuniu alguns dos principais institutos de pesquisa nos Estados Unidos, o estudo desvendou uma variedade de alterações genéticas em tumores e identificou 26 genes alterados freqüentemente pelo adenocarcinoma do pulmão (a forma mais comum desse câncer), mais do que dobrando o número ligado à doença que até então se conhecia.

O trabalho incluiu múltiplas abordagens em larga escala de modo a destacar as alterações moleculares importantes em tumores no pulmão que também são encontradas com freqüência em outros tipos de câncer, uma relação que poderá abrir importantes caminhos para novos tipos de tratamento.

"Nos últimos anos tem havido um notável sucesso na identificação de terapias para alguns tipos de câncer do pulmão. O novo estudo ajuda a identificar novos alvos que podem se mostrar promissores para tratar grupos mais amplos de pacientes", disse Matthew Meyerson, da Escola Médica Harvard e do Instituto do Câncer Dana-Farber, um dos autores principais da pesquisa.

O câncer de pulmão é o mais comum de todos os tumores malignos, responsável por cerca de 1 milhão de mortes por ano em todo o mundo. A taxa média de sobrevivência por cinco anos do adenocarcinoma do pulmão é de apenas 15%.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 90% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabaco. No Brasil, o câncer de pulmão foi responsável por 14.715 óbitos em 2000, sendo o tipo de câncer que mais fez vítimas.

Como na maioria dos tumores, o adenocarcinoma do pulmão deriva de anormalidades acumuladas no DNA de células durante a vida de uma pessoa, causando crescimento celular descontrolado. Entretanto, a natureza e as localizações genômicas exatas de tais alterações - e como elas promovem o câncer - são desconhecidas.

Terapias para vários tumores

Segundo o estudo, conduzido por dezenas de cientistas, embora o fumo seja inquestionavelmente a principal causa do câncer de pulmão, aproximadamente 10% dos casos ocorrem em pacientes que nunca fumaram.

Os pesquisadores caracterizaram os genomas dos tumores de cerca de 200 pacientes. O estudo, denominado Projeto de Seqüenciamento de Tumores, envolveu as tarefas de decodificar e seqüenciar o DNA de centenas de genes com ligações conhecidas com o câncer ou dos quais se suspeita que tenham relação.

Em seguida, forem escaneados os genomas de tumores para identificar pedaços do DNA que estivessem ausentes ou então presentes em cópias excessivas. O procedimento permitiu identificar genes ativos anormalmente ou "silenciados".

As duas técnicas usadas, conhecidas respectivamente como análise do número de cópias de DNA e análise da expressão gênica, auxiliadas com novos sistemas computacionais, ajudaram o consórcio de instituições de pesquisa a produzir uma visão detalhada do cenário genômico do câncer do pulmão.

Como resultado, os cientistas identificaram mais de 1 mil alterações genéticas, a maior parte das quais não havia sido descrita anteriormente. Enquanto algumas dessas mutações refletem genes ligados anteriormente ao adenocarcinoma pulmonar, um número expressivo representa novas descobertas.

Entre os exemplos estão os genes NF1, ATM, RB1 e APC, que não haviam sido associados até então com o câncer no pulmão e que apresentaram mutações em uma parte expressiva dos tumores analisados. Os mesmos genes haviam sido implicados anteriormente com outros tipos de tumores, o que indica, segundo os pesquisadores, que possam ter papéis importantes em diversos tipos da doença.

Os pesquisadores também desvendaram laços genéticos para uma classe crítica de genes conhecida como tirosina quinase. As quinases atuam como chaves moleculares - quando ligadas, promovem o crescimento celular - e são consideradas importantes candidatas na busca por novas drogas contra o câncer.

Em tumores no pulmão, os cientistas identificaram mutações que se aglomeram em diversos grupos de genes ligados a tirosina quinases, entre os quais as famílias de genes receptores EGF, EPH, FGF, NTRK e VEGF.

Além de revelar anormalidades entre genes individuais, os cientistas verificaram conexões extraordinárias entre eles. Por meio da integração de seqüenciamento de DNA, da expressão genética e de dados de números de cópias de DNA, eles descobriram que as aberrações genéticas estão localizadas freqüentemente em grupos de genes que funcionam conjuntamente, levando informações de uma parte da célula a outra.

"Um das principais resultados de nosso estudo é que alguns dos genes e caminhos descobertos que sofrem mutações no câncer de pulmão também são defectivos em outros tipos de câncer. Isso nos dá esperança de que certas terapias poderão ser usadas em múltiplos tipos de tumores", disse Meyerson.

O artigo Somatic mutations affect key pathways in lung adenocarcinoma, de Matthew Meyerson e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

 

TAG: Hospital