No Brasil acontecem anualmente mais de 1,5 milhão de exames de medicina nuclear indispensáveis ao diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer.
Desde o ano passado, o Brasil enfrenta dificuldades na obtenção de radioisótopos importados em função do aumento do preço no mercado internacional de radioisótopos utilizados para produzir os radiofármacos necessários a esses procedimentos.
Em 2009 houve uma interrupção no fornecimento de molibdênio fornecido pelo Canadá, problema resolvido com a diversificação dos fornecedores. Mas agora, além da taxa cambial desfavorável às importações, o molibdênio 99 teve um aumento de cerca de 40% no preço em dólares.
Ao fazer essa avaliação em sua palestra durante a INAC 2015, Isaac José Obadia, diretor de pesquisa e desenvolvimento da CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear, observa que "o impacto dos insumos importados no custo final da produção dos geradores de tecnécio 99m na CNEN chega a 50%, e esse gerador é o principal pilar da medicina nuclear brasileira", diz Obadia, lembrando que agora a CNEN precisa repassar o preço para a classe médica.
Na sua maioria, esses procedimentos são realizados em clínicas particulares, que depois são reembolsadas pelo SUS ou pelo setor privado de saúde. Atualmente, a tabela de reembolso do SUS já é inferior à do setor privado, o que tem levado a uma redução de atendimentos de pacientes encaminhados pelo sistema público de saúde. Essa situação requer que o SUS consiga aumentar os valores de tabela de reembolso para absorver o aumento.
Este problema, segundo Obadia, será resolvido quando o RMB – Reator Multipropósito Brasileiro, estiver em operação.A previsão atual, que depende da disponibilização de recursos financeiros, é que o RMB seja inaugurado em 2021, o que significa que o Brasil ainda tem seis anos de dependência externa desses insumos tão importantes.