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Os desafios de um modelo de saúde sustentável

Article-Os desafios de um modelo de saúde sustentável

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Um fato é inquestionável: não se pode discutir este tema sem que haja compromisso entre os envolvidos, ou seja, governo, empregadores, empregados, profissionais de saúde e população têm que assumir suas responsabilidades dentro desse novo contexto.

Com uma população que envelhece vertiginosamente e maus hábitos que contribuem para uma geração de obesos, fica cada dia mais difícil para os players da saúde lidarem com uma questão fundamental que rege todo o mercado: como se tornar sustentável num cenário em que a inflação médica e o mau uso do sistema consomem todos os recursos?

Um fato é inquestionável: não se pode discutir este tema sem que haja compromisso entre os envolvidos, ou seja, governo, empregadores, empregados, profissionais de saúde e população têm que assumir suas responsabilidades dentro desse novo contexto.

Segundo dados de 2015 da Abramge, o setor de saúde suplementar no Brasil movimentou R$ 143,9 bilhões, ou seja, 2,6% do PIB nacional. Desse total, as internações hospitalares representam o principal destino dos recursos, com R$ 48,9 bilhões (34% do faturamento), seguido das consultas e atendimento ambulatoriais, com R$ 32,6 bilhões (22,7%), exames, com R$ 20,9 bilhões (14,5%) e terapias, com R$ 5,2 bilhões dos gastos (3,6%). Já as despesas administrativas e operacionais foram de R$ 16,5 bilhões (11,5%) e R$ 15,3 bilhões (10,7%), respectivamente.

As despesas assistenciais (resultantes de toda e qualquer utilização, pelo beneficiário, das coberturas contratadas), que consomem 85% dos recursos (R$ 107,6 bi) devem aumentar em decorrência do envelhecimento da população e da rápida incorporação de novas tecnologias. Cedo ou tarde o sistema suplementar tende a sucumbir, uma vez que está baseado no mutualismo – pelo qual os mais jovens contribuem com valores maiores dos que efetivamente consumiriam, para cobrir os gastos dos idosos, que contribuem com valores menores que as suas despesas.

Isto significa que o mau uso dos recursos disponíveis provoca um desequilíbrio nas contas. Faz-se necessário rever um dos grandes entraves do modelo atual: o foco exclusivo no acesso e intensa valorização de novas tecnologias. Temos que superar velhas questões da superlotação hospitalar, com prontos-socorros se tornando um depósito de problemas não resolvidos; no uso indiscriminado e incorreto da rede de prestadores; e na duplicidade ou indicação de exames desnecessários.

Também precisa ser revista a questão da remuneração, baseada na conta aberta e no pagamento por serviço, que estimula o consumo de materiais, medicamentos e exames. Esses métodos indiscriminados de atendimento nos fazem esquecer o que é realmente fundamental – a atenção básica ou primária, aquela relacionada ao conjunto de ações que incluem a prevenção de doenças, a redução de danos e a manutenção da saúde.

É preciso buscar a inovação por meio do incentivo ao autocuidado, prevenção de doenças e promoção de saúde. Com programas de orientação clínica por telefone e a adoção de sistemas de triagem, é possível desafogar os prontos-socorros dos hospitais, por exemplo. O enfermeiro avalia o estado de saúde do usuário e presta aconselhamento adequado, acompanhando-o até a normalização do quadro. Em caso de necessidade, um médico dá continuidade ao atendimento e, caso a situação seja grave, uma ambulância é acionada. Em quadros clínicos de alto risco (infarto, hemorragias, feridos em trânsito etc.), o próprio atendimento providencia socorro no local por meio de serviços paramédicos.

Mais do que tendências, estamos falando de urgências. A proposta pode inspirar os responsáveis pelas políticas públicas de saúde do Brasil a implementar um modelo que outros países já aplicam. Os prontos-socorros seriam poupados dos casos menos graves e cumpririam, de fato, a sua finalidade de absorver casos de atenção imediata.

O envelhecimento populacional, a explosão de doenças crônicas e o sedentarismo estão onerando os sistemas de saúde e um dos caminhos para escapar desse caos é justamente o incentivo à cultura de prevenção e ao autogerenciamento das nossas condições clínicas. Informação é a chave do sucesso e abre caminhos para o empoderamento do paciente, a fim de que ele esteja engajado no cuidado com a sua saúde e seja capaz de tomar a melhor decisão.

* Dra. Cátia Motta é médica, responsável técnica da AxisMed,

empresa especializada em gestão de saúde populacional

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Maio/2016