A depressão é hoje a doença mais incapacitante, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O dado preocupante foi abordado no seminário “The Global Crisis of Depression” (A Crise Global da Depressão, em tradução livre), realizado em Londres. Atualmente, a doença afeta 7% da população mundial, algo em torno de 400 milhões de pessoas. O ponto que chama mais atenção é que a expectativa era que esse número fosse alcançado em 2030, mas a marca foi atingida em 2010, 20 anos antes do prazo.
Para Dr. Hamilton Grabowski, psiquiatra formado pela Universidade Federal do Paraná, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria e pesquisador clínico na área, um dos fatores que inibe quem sofre com a doença a procurar tratamento é o efeito colateral de alguns medicamentos. “O que poucas pessoas sabem é que hoje já existem substâncias eficazes que amenizam esses efeitos, permitindo que os pacientes tenham uma vida social normal, mesmo durante a terapia”, destaca.
Recentemente o pesquisador inglês Stephen Stahl (Cambridge) publicou um artigo baseado em seis estudos sobre o mecanismo de ação da substância agomelatina. Nessa pesquisa ele avalia dados de 1.517 pacientes e comprova que a substância é eficaz em todos os sintomas da doença. O processo de melhora do paciente tratado com a agomelatina é gradual e contínuo. Ela repara primeiro os aspectos positivos (rapidamente percebidos ainda na primeira semana), como melhora da disposição ao despertar e do padrão de sono, retorno da cognição, prazer e interesse, e logo em seguida os aspectos negativos (humor deprimido, ansiedade e sentimento de culpa). Portanto, a substância se mostrou eficaz desde o princípio do tratamento, sem alterar a libido (preservando a vida sexual), nem o peso.
O corpo como aliado – A agomelatina atua no cérebro restaurando os ritmos biológicos. "O paciente tratado se sente melhor, acorda mais disposto, com pensamentos mais claros e apresenta aumento da atenção desde o início do tratamento", afirma Grabowski. Estudo publicado na revista The Lancet reconhece a relação direta entre a depressão e a desregulação das funções do corpo e mente. Também foi comprovado que quanto mais alterados esses ritmos biológicos, mais grave é a depressão.
Diagnóstico – Algumas características muitas vezes passam despercebidas, não somente por quem sofre da doença, mas também por familiares e amigos, podendo ser confundida com tristeza ou falta de interesse. “Ficar atento a esses sintomas é importante. Isso possibilita um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz”, afirma Hamilton Grabowski.