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Assistência integral como solução para a saúde

Article-Assistência integral como solução para a saúde

O Brasil tem posto em prática um modelo de assistência à saúde centrado prioritariamente no binômio diagnóstico e tratamento de doenças, a chamada medicina curativa. Este modelo tem se mostrado bastante oneroso e incapaz de anteder de forma adequada e eficiente as demandas de saúde da população, exigindo mudanças urgentes.

Precisamos mudar os nossos conceitos sobre assistência à saúde, a exemplo de outras nações desenvolvidas, principalmente as europeias, que já seguem um modelo de atenção integral à saúde focado também e principalmente na prevenção de doenças, no diagnóstico precoce de enfermidades, na promoção do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas.

Precisamos além do tratamento das doenças, voltar os olhos e ações para a promoção da saúde. O modelo atual, centrado nas enfermidades, na incorporação de tecnologias diagnósticas e de intervenções terapêuticas de forma acrítica, hospitalocêntrica e com remuneração dos serviços assistenciais por procedimentos realizados, está com os dias contados e qualquer tentativa de mantê-lo vivo tende a esvaziar ainda mais os cofres do setor público, onerar os gastos do segmento privado e, principalmente, penalizar os pacientes com uma baixa relação custo/benefício.

Não é preciso fazer muitas contas para constatar que para o poder público e para as operadoras de planos de saúde o tratamento de um câncer avançado, por exemplo, é bem mais caro do que sua prevenção.

Imaginem agora, as perdas causadas pelas doenças e que não podem ser traduzidas apenas em números: as dores e sofrimentos dos pacientes e de seus familiares, os sonhos adiados, o trabalho interrompido, enfim, problemas que, muitas vezes, poderiam ter sido evitados ou minimizados com uma rotina de cuidados básicos dentro da proposta do modelo de Atenção Integral à Saúde.

É isso que precisamos fazer: cuidar da saúde, zelar pelo bem-estar de todos. No final de novembro, durante o VI Simpósio da Unimed Cerrado, realizado em Goiânia, seguindo as diretrizes da Unimed do Brasil, lançamos um desafio ao Sistema Unimed, que foi pioneiro na implantação do cooperativismo de trabalho médico no País , para que seja também pioneiro na adoção desta forma de organização das ações e serviços de atenção à saúde em nossa área de atuação.

Já temos importantes exemplos de sucesso em cooperativas, como as Unimeds Vitória (ES) e Belo Horizonte (MG), que já começaram a adotar essa assistência integral, que resgata a figura do médico de família, aquele profissional que conhece o histórico de vida e de saúde e acompanha seus pacientes de perto. No setor público, temos a proposta dos programas e estratégias de saúde da família sendo implementada pelo SUS, mas, lamentavelmente, nem sempre dispondo dos recursos necessários nem executada de forma plena.

Mas, esses passos ainda tímidos precisam se transformar em passos largos e firmes na longa caminhada rumo à melhoria da assistência integral à saúde de nossa população. E a adoção deste novo modelo assistencial requer também uma profunda e importante mudança cultural para que a saúde seja entendida como um direito e um dever de todos.

As políticas do setor devem contemplar a educação da população, o monitoramento de riscos, a orientação e incentivo para mudanças de hábitos de vida. Desde cedo, o cidadão deve ser conscientizado que também é responsável por cuidados com sua própria saúde e corresponsável pelos cuidados com o outro. O combate aos focos do mosquito Aedes aegypti e da grave ameaça que ele representa é um exemplo claro da importância desta corresponsabilidade.

Conclamamos o Sistema Unimed a mudar e agora convidamos toda a sociedade a fazer parte desta mudança que queremos e precisamos. O tratamento de doenças, a recuperação, a reabilitação e reintegração dos pacientes na sociedade deve ser uma, mas não a única, parte das políticas de saúde.

*José Abel Ximenes é médico, professor da Faculdade de Medicina da UFG, presidente da Federação das Unimeds dos Estados de Goiás e Tocantins e do Distrito Federal (Unimed Cerrado) e superintendente Político-Institucional da Unimed do Brasil