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Às vésperas do ASCO, especialistas do MD Anderson apresentam em evento do Grupo COI seu eficiente modelo de operação e seus mais recentes estudos no Brasil

Article-Às vésperas do ASCO, especialistas do MD Anderson apresentam em evento do Grupo COI seu eficiente modelo de operação e seus mais recentes estudos no Brasil

Cerca de 400 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, físicos e farmacêuticos, estiveram presente no I Encontro Internacional do Grupo COI, que aconteceu no Hotel Windsor Barra, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira. Dez especialistas do MD Anderson — respeitado mundialmente no tratamento do câncer —, além do Dr. Igor Migowski e Dr. Fábio Affonso, médicos do Grupo COI, e do Dr. Mauricio Rubinstein, cirurgião oncológico e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentaram seus estudos mais recentes e dividiram eficientes modelos de operação, com foco no cuidado multidisciplinar que os grandes centros de Oncologia têm buscado.

Este, inclusive, foi o foco do discurso de abertura do evento, realizado pelo Dr. Nelson Teich, oncologista e presidente do Grupo COI, e pela Dra. Margaret Row, vice-presidente de Operações do MD Anderson.

Segundo o oncologista, o sistema de saúde brasileiro precisa incorporar esta cultura, já presente no MD Anderson e no Grupo COI, de analisar e documentar o benefício clínico decorrente dos tratamentos oferecidos aos pacientes. Somente entendendo o que acontece com os pacientes tratados na sua própria instituição, e comparando com os resultados de outros grandes centros no mundo, pode-se criar a estrutura básica que permitirá um processo de melhora contínua dos tratamentos e dos benefícios levados aos pacientes.

“O sistema brasileiro é fragmentado. A falta de comunicação entre os profissionais de saúde envolvidos no tratamento do paciente com câncer interfere diretamente em seu desfecho clínico”, comenta Dr. Nelson Teich. O Projeto do Grupo COI com o MD Anderson visa estruturar a operação ideal para cuidar das pessoas com câncer.

Há anos, o Grupo COI trabalha a cultura de Geração de Valor, onde o entendimento dos resultados clínicos é a prioridade, sem esquecer a importância da otimização dos custos. “Somos um país com poucos recursos financeiros alocados no Sistema de Saúde, e, por esse motivo, aumentar a produtividade é fundamental para entregar mais com um custo relativamente menor”, complementa.

O Grupo COI também participa do ICHOM (International Consortium for Health Outcomes Measurement), criado com o objetivo de disseminar a cultura de medir os desfechos clínicos relevantes para as pessoas. Neste ano, o Grupo COI, através do Instituto COI, participa do programa do ICHOM que definirá os desfechos clínicos relevantes para pacientes com câncer de pulmão. O ICHOM foi criado há aproximadamente dois anos e meio através de uma parceria entre a Harvard Business School, Boston Consulting Group e a Universidade Karolinska.

O Instituto COI é o único representante da América Latina nesse projeto, que também terá representantes dos Estados Unidos, Europa e Austrália. O Objetivo é fazer com que o foco do sistema de saúde deixe de ser o custo e passe a ser o melhor desfecho clínico.

“Um dos projetos que estamos desenvolvendo com o MD Anderson é justamente

a otimização dos processos e da infraestrutura, de forma a atender com excelência todo o ciclo de cuidado e, o mais importante, garantir que o paciente seja o centro deste processo”, diz o oncologista.

A Dra. Margaret Row iniciou seu discurso de abertura ratificando as informações passadas pelo Dr. Nelson Teich e reforçando a missão do MD Anderson. “Estamos todos focados na cura do câncer. Nossos médicos se preocupam com o tratamento da doença, mas todos os profissionais, absolutamente todos os funcionários do nosso hospital trabalham com a missão de colaborar com a cura do câncer”. A médica americana celebrou ainda a importância deste primeiro encontro e adiantou que os projetos com o COI ainda têm um longo e promissor caminho à frente. “Estamos trabalhando juntos há quase dois anos, e é muito motivador estar aqui. Temos muito o que conversar sobre o tratamento da doença no Rio de Janeiro, não só hoje, mas nos próximos anos”, finalizou.

Para o Grupo COI, entender o que acontece com os pacientes é tão importante, que foi criado um departamento de informação, coordenado pelo Instituto COI. “Coletamos dados epidemiológicos, demográficos, de custo e desfecho clínico do paciente. Nosso objetivo é, depois de oferecer um tratamento de qualidade, fornecido por uma equipe de excelência, entender o que estamos entregando a este paciente, para cada um deles”, complementou o Dr. Teich.

Palestras aconteceram em quatro salas simultâneas, divididas pelas áreas de Câncer de Mama, Cabeça e Pescoço, Urologia e Multiprofissional

Em seguida, quatro salas com palestras simultâneas iniciaram suas aulas. Na sala com tema sobre câncer de mama, a professora associada do Departamento de Cirurgia Oncológica do MD Anderson, Dra. Elizabeth Mittendorf, apresentou os resultados mais recentes de seu estudo sobre vacinas para o tratamento da doença. Segundo a médica, seu maior desafio é identificar o grupo de pacientes apropriado.

“Os primeiros estudos com imunoterapia para o tratamento de câncer não tiveram resultados satisfatórios e somente depois de um tempo entendemos que isto aconteceu devido aos critérios de escolha dos pacientes. É importante identificarmos a população adequada. Hoje, estudamos mulheres com câncer de mama positivo para linfonodos e negativo para alto risco, que estejam livres da doença, tendo concluído a terapia padrão”, explicou.

Seus estudos mostraram que a vacina peptídica diminui a recorrência da doença, além de apresentar pouca toxicidade. Os resultados dos pacientes foram acompanhados por cinco anos. Hoje, há outro estudo em andamento cuja investigadora principal é a própria Dra. Mittendorf. Seu levantamento tem previsão para ser entregue em julho deste ano.

Jennifer L. Johnson, consultora em física médica para a Rede de Médicos do MD Anderson, na área de Oncologia Radiológica, apresentou importantes resultados na implementação de protocolos de qualidade e segurança.

"Assim como é importante para o desfecho clínico dos pacientes um centro de cuidado multidisciplinar, é igualmente importante nos preocuparmos em identificar e corrigir erros, pois a relação entre desfecho e segurança é direta”, reforçou. Jennifer apresentou modelos que utilizam no hospital americano que podem ser implementados em outros centros de tratamento do câncer.

O Gestor de Serviços Farmacêuticos Clínicos do Departamento de Farmácia do MD Anderson Cancer Center, Micheal Westmoreland, dividiu com os profissionais da área o modelo que conquistaram ao longo dos anos no hospital do Texas. Hoje, muito mais que simples manipuladores de medicamentos, os farmacêuticos têm papel fundamental na orientação da prescrição médica e na informação sobre os efeitos colaterais da medicação indicada. “Tornamos os profissionais de farmácia do MD Anderson em gestores do remédio. Através de uma comunicação eficaz com a enfermagem e com a equipe médica, colaboramos de forma ativa na rotina do paciente”, comentou.

Por sua vez, o Dr. Maurício Rubinstein, cirurgião oncológico e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou resultados interessantes de cirurgias robóticas em câncer de próstata. Segundo o médico, apesar do alto custo e de apenas pouco hospitais brasileiros — dois deles no Rio de Janeiro — possuírem equipamentos para sua realização, as vantagens devem ser consideradas. “Hoje, 90% das cirurgias urológicas dos Estados Unidos são robóticas. Entre as vantagens estão a precisão decorrente do filtro do tremor humano, a facilidade nos ângulos de acesso, menor sangramento e todas as outras vantagens de uma cirurgia minimamente invasiva. Em contrapartida, é um alto investimento e apenas cirurgiões experientes em cirurgia urológica aberta apresentariam uma vantagem comprovada na realização deste tipo procedimento”, explica, lembrando que resultados funcionais estão sendo avaliados no mundo todo e novos trabalhos vêm demonstrando eficácia em termos de complicações e segurança oncológica.

O professor assistente do Departamento de Oncologia Médica Torácica e de Cabeça e Pescoço do MD Anderson, Dr. William N. William, apresentou dados de um estudo que terá apresentação detalhada na ASCO deste ano que aponta resultados de quimioterapia de indução com importante melhora em sobrevida local para este tipo de câncer. Além disso, apresentou importantes estudos sobre a preservação da laringe, comparando tratamento não cirúrgico com cirurgia seguida de radioterapia.