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Sete passos para inovar em Saúde

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- Shutterstock
Reunidos em feira realizada em SP, desenvolvedores de produtos médicos discutem formas de gerenciar e financiar projetos de inovação em equipamentos e dispositivos

Inovar, para a indústria de equipamentos e produtos médicos e hospitalares brasileira, não é das tarefas mais fáceis. No entanto, a discussão a respeito das barreiras impostas pelo mercado muitas vezes desconsidera fatores mais práticos, como a gestão do projeto de um novo produto ou a obtenção de dinheiro para financiá-lo.

Este foi o debate promovido por especialistas do setor na Meditec MD&M, feira organizada em São Paulo entre 26 e 27 de agosto pela UBM, que reuniu não só expositores interessados em fazer negócios, mas também empreendedores percorrendo o caminho das pedras da inovação em Saúde. E ninguém melhor para indicar uma estrada segura do que quem já a percorreu.

Paulo Ferreira, gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação da gaúcha Bhio Supply, mostrou o processo de desenvolvimento de um conjunto de ferramentas para dispositivos usados em cirurgias minimamente invasivas. O mote era criar um modo de permitir a entrada das pinças, bisturis e câmera em um único canal, ou “portal”, o que “dá mais satisfação para o paciente porque permite menos incisões”, explicou.

Foram necessários sete designs antes que o primeiro protótipo obtido pudesse ser testado em um suíno. No procedimento, a retirada de trompa de uma porca serviu para simular a retirada de um apêndice humano, por meio de um único portal que não ultrapassou 2,5 cm. O cirurgião conclui a retirada em 14 minutos, tempo considerado um sucesso.

O produto final, já em comercialização em três modelos distintos, já tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é reutilizável após esterilização e fabricado totalmente no Brasil. Rendeu duas patentes e alguns prêmios de inovação, ao custo total de aproximadamente R$ 900 mil.

Tripla hélice
Unir governo, academia e indústria em um mesmo projeto também é um desafio, pensado para funcionar a partir de um modelo denominado “tripla hélice”. Ao primeiro desta tríade geralmente compete a função de financiar projetos de pequenas empresas nacionais, seja por meio de agências de fomento ou bancos estatais. Os outros dois assumem o trabalho de pesquisa e desenvolvimento propriamente dito, muito embora pautados por ritmos e objetivos distintos.

“É um modelo não tradicional, poucas empresas fazem isso”, explica Ferreira sobre a tripla hélice. “Governo e academia tem um tempo diferente da indústria, que está preocupado em ter retorno sobre o investimento (ROI) mais rápido.”

Pelo lado da indústria, o gerente ainda vê problemas na comunicação entre os atores envolvidos no desenvolvimento de um produto. “Os médicos acham que na indústria tudo é possível, os engenheiros que os médicos exageram, e o marketing quer vender logo o produto... Tudo tem que ser acordado.”

Este “acordo” vem atrelado a um sistema de gestão do projeto, adotado a partir de várias metodologias disponíveis (ver lista abaixo). No entanto, Ferreira salienta a importância de adotar, na iniciativa privada, um modelo de inovação aberto, em que as ideias do mercado e de seus atores sejam ouvidas na fase de concepção do produto.

Os sete passos para o desenvolvimento de um produto inovador em saúde
1. Ter uma ideia, ou seja, conceber um produto que atenda determinada demanda. Em um modelo de inovação aberto, a ideia pode vir de múltiplas fontes, incluindo médicos, enfermeiros ou acadêmicos. “Sugiro ter um contrato de confidencialidade, pois um dia esse produto vai ser patenteado.”
2. Pesquisa, ou seja, experimentações em que ocorra “uma avaliação técnica, financeira e mercadológica. Fazer um bom business plan é necessário para ver se é viável. Eu consigo vender esse produto?”, explica o gerente da Bhio.
3. Buscar recursos ou investir dinheiro próprio. A empresa tem fundos para gastar no projeto? Se não, há possibilidade de obter recursos externos. “O governo está dando muita oportunidade e pouca gente está sabendo usar.”
4. Desenvolvimento, para Ferreira, é a “parte mais fácil”. Compreende fazer protótipos do produto até encontrar o melhor desenho.
5. Validação, no qual ocorrem os testes mecânicos, biológicos e clínicos do produto, que podem retornar a fase de desenvolvimento para adequações.
6. Registro do produto na agência sanitária pertinente, ou seja, a Anvisa no caso brasileiro.
7. Comercialização.