Nos dias 26 e 27 de novembro, o auditório do Hcor, em São Paulo, foi palco do 2º Congresso de Tecnologia da ABCIS – Associação Brasileira CIO Saúde. Reunindo médicos, profissionais de TI, CIOs, CEOs e executivos de renome, o evento debateu o tema “Expandindo a tecnologia e chegando no cuidado ao paciente” e contou com onze palestras que abordaram tendências, desafios e soluções na transformação digital da saúde.
Segundo Vitor Ferreira, CIO do Hospital Infantil Sabará e presidente da ABCIS, o foco foi claro: “Nós só seremos produtivos e seguros com os pacientes se utilizarmos a tecnologia da melhor forma, aproveitando todos os seus benefícios para o desenvolvimento do setor”.
O evento contou com a participação de grandes instituições como o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Albert Einstein, Hospital BP, Hospital Moinhos de Vento, HapVida, DASA, Sírio-Libanês e AC Camargo, além de empresas como Plusoft, Hexa IT, TABIA e CTC.
Primeiro dia: tecnologia a serviço do paciente e da sustentabilidade hospitalar
O primeiro painel “O futuro do trabalho e os caminhos da transformação digital”, foi apresentado por Ricardo Rocha, CEO e Co-fundador da Acaso, empresa focada no futuro do trabalho. Rocha abordou como as pessoas se sentem atualmente, insatisfeitas em suas funções e um grande aumento no desperdício de potencial humano. Com isso, o executivo mostrou como a inteligência artificial (IA), pode potencializar os trabalhadores e aproveitar o melhor de cada colaborador.
Já a segunda palestra foi formada 100% por médicos. Felipe Cabral, gerente médico de saúde digital do Hospital Moinhos de Vento, Gabriel Dalla Costa, superintendente médico do Hcor, Monica Pugliese, Senior IT Medical Manager HapVida, Francisco Neri, Head of Product and Health Informatics no Grupo Santa Joana e Carlos Sacomani, coordenador médico de inovação e tecnologia da informação no AC Camargo, debateram o tema “A nova era do cuidado ao paciente”. Foi discutido o acompanhamento da jornada e orientação ao paciente durante o seu cuidado, o abismo social entre hospitais da rede pública e privada, com a diferença de equipamentos, tecnologia e acesso a dados, e como diminuir essa diferença, além da 4ª revolução industrial, que está acontecendo com a IA e como ela pode ser implementada de forma eficaz na saúde
O congresso seguiu com o painel “Segurança da informação como ferramenta de apoio ao cuidado do paciente”, com Everson Remedi, CISO no Hcor, Cassio Menezes, CISO na Amil, Angelita de Cássia Corrêa, gerente de segurança da informação na Beneficência Portuguesa de São Paulo, Vinicius Bortolini, sales manager na Check Point e Danilo Andrade, diretor de vendas na América do Sul na Claroty. No painel foi abordado o motivo dos hospitais serem alvos de ataques cibernéticos, adoção de novos equipamentos e dispositivos, a conscientização dos colaboradores, já que quase sempre o vetor inicial do ataque é o humano e a importância da segurança estar sendo bem feita, pois garante a continuidade dos processos do hospital e contribui para a eficiência operacional.
Joslene Menezes, social responsability, ESG, corporate strategy no Hcor, Jihan Zoghbi, fundadora e CEO da healthtech Dr. Tis, Grace Almeida, gerente de TI na Amil e Nancy Abe, IT Executive and healthcare IT advisory, formaram um painel apenas de mulheres para debater justamente “Mulheres no mercado de tecnologia”. Foi debatido a diferença salarial que ainda existe entre homens e mulheres, já que um estudo dizia que até 2030 os salários entrariam em igualdade, mas na realidade ainda pode levar meio século para isso acontecer, desafios na carreira de tecnologia para as mulheres e possíveis soluções para a inserção feminina neste mercado, como programas nas empresas para preparar e atrais mulheres e metas de seleção no RH, pois uma equipe diversificada é mais produtiva do que um time que pensa da mesma forma.
O penúltimo tema do primeiro dia do congresso foi “O futuro da infraestrutura de TI sustentável e eficiente”, com a moderação de Marcus Leonardo, head de infraestrutura de TI no Hcor, Atualpa Aguiar, CIO do Grupo Cura, Aleff do Carmo, CIO da Rede São Camilo e André Cripa, diretor de inovações e produtos da CTC. No painel, foi ressaltado como a transformação digital deve estar conectada a infraestrutura, já que é diretamente ligada ao sucesso do negócio, atenção a implementação de novas tecnologias, investimento em monitoramento em saúde, adoção de soluções em nuvem de maneira eficiente, IA preditiva para auxiliar na sustentabilidade e a implementação de automações de processos.
Para encerrar o primeiro dia do congresso da ABCIS, Fernando Torelly, superintendente corporativo e CEO do Hcor, apresentou um painel sobre “O impacto da IA e dos avanços tecnológicos para a sustentabilidade hospitalar”. Torelly abordou como a IA irá fazer a revolução dos processos hospitalares, a necessidade de recuperar o funcionamento de um hospital após um desastre climático, como o ocorrido no Rio Grande do Sul, em maio deste ano, além das tendências e desafios até 2030 na saúde, como a busca da escala, com fusões, aquisições e parcerias estratégicas, retomada do setor no próximo ano e o envelhecimento acelerado da população no país.
“Aplicar no mundo real diferentes tecnologias não é difícil, o desafio é discutir juntos os reais ganhos, dificuldades, problemas e oportunidades. Temos muitos pontos ainda para esclarecer e uma longa e próspera jornada ao lado das mentes brilhantes que presenciamos no Congresso em prol da evolução em tecnologia na saúde”, afirma Alex Vieira, CIO da HCor e VP da ABCIS
Segundo dia: interoperabilidade, automação e o futuro da saúde digital
Para iniciar o segundo dia do congresso de tecnologia da ABCIS, o painel “Hospitais e o caminho para o futuro”, foi composto totalmente por associações. Alex Vieira, CIO da HCor e VP da ABCIS, Thiago Camargo, gerente de novos projetos da ANAHP, Jaques Rosenzvaig, CEO da AHFIP, Antonio Lira, presidente da SBIS e Vitor Ferreira, presidente da ABCIS, trouxeram para o evento a pauta sobre como as associações enxergam a transformação digital na saúde, com a questão de plataformas digitais e premissas da interoperabilidade, a necessidade de uma formação/especialização de tecnologia em saúde, automação de processos e análise de dados e levar a cultura de gestão ágil para as instituições. Além disso, os executivos conversaram sobre uma maior colaboração entre as associações de saúde, para influenciar e transformar o mercado.
O congresso seguiu com Carlos Pedrotti, médico do centro de telemedicina do Hospital Albert Einstein, Jorge Stakowiak, diretor de TI da DASA, Fabio Lario, gerente médico de informática clínica no Hospital Sírio-Libanês e Thiago Tojal, COO do Hcor, para discutirem o tema “Medicina diagnóstica, como o avanço tecnológico impacta no cuidado ao paciente”. Foi abordado a importância da padronização de dados e organização de informações, garantindo a qualidade e fazendo com que as implementações de novas tecnologias sejam mais eficientes. Além disso, foi discutido a necessidade de melhorar a jornada do paciente, o auxílio da IA em diagnósticos, treinamento dos profissionais para utilizarem e extraírem o máximo potencial da tecnologia implementada e o aumento do uso de automações no setor.
O terceiro painel do dia trouxe um tema que há muito tempo é um desafio na transformação digital nos hospitais “Interoperabilidade e a construção dos dados na saúde”, que foi mediado por Vitor Ferreira, presidente da ABCIS e contou com a participação de Thiago Cachello, head de TI no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Alex Julian, CTO da Kora Saúde e Ailton Brandão, diretor de TI no Hospital Sírio-libanês. Durante o debate, os painelistas explicaram como a interoperabilidade evoluiu pouco nos últimos anos, considerando a importância dela para o setor de saúde, a autorregulação ser uma tendência no mercado, a IA ser uma facilitadora pra implementações tanto nos hospitais privados quanto nos públicos. Além disso, Vitor Ferreira falou sobre como a interoperabilidade pode fazer com que projetos que levam em torno de 5 meses, sejam realizados de maneira rápida.
Caroline Novoa, gerente de infraestrutura de engenharia clínica do AC Camargo, José Ricardo, gerente executivo de engenharia clínica na Beneficência Portuguesa, Walmor Brambilla, gerente executivo de engenharia clínica no Hcor e Lílian Hoffman, Diretora de Tecnologia, Conselheira do Brasil Digital para Todos e da CIONET, apresentaram o painel “Engenharia clínica, TI e a geração de informação”. Os especialistas ressaltaram a importância da engenharia clínica dentro dos hospitais, além de discutirem sobre a segurança digital dos equipamentos utilizados dentro das instituições e a falta de conscientização do corpo clínico com cibersegurança. A engenharia clínica deve ser considerada como uma área estratégica nos hospitais e está se abrindo para profissionais de TI.
Para finalizar o segundo dia e também o congresso de tecnologia da ABCIS, Alex Vieira, VP da ABCIS, Ana Capucho, superintendente assistencial do Hcor e Carlos Kramer, VP de produtos na Tabia, participaram do painel “O que não pode faltar na linha do cuidado do paciente para 2025”. Mais uma vez sendo ponto de discussão no evento, os executivos reascenderam a pauta sobre como a interoperabilidade é um dos grandes pontos para o próximo ano, trabalhos que podem ser automatizados, aumentar o uso de IA e agentes de IA para realizar trabalhos repetitivos, liberando o humano para focar no paciente, incorporação do time de TI na equipe do hospital, fazendo parte do dia a dia da instituição, proximidade com fornecedores e soluções adaptadas para suprir demandas.
“Ficamos muito satisfeitos com o nosso segundo congresso de tecnologia, foi um momento único para reunir especialistas e temas importantes sobre a tecnologia na saúde. Trocamos conhecimento e estabelecemos aqui o desejo de compromisso para avançar com as pautas importantes elencadas durante o evento e com isso esperamos contribuir cada vez mais para a transformação digital na área da saúde, focando sempre no paciente”, finaliza Vitor Ferreira, presidente da ABCIS.