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Investimento em TI: como encontrar o número mágico?

Article-Investimento em TI: como encontrar o número mágico?

Como as instituições de saúde se posicionam para driblar a sazonalidade, tendo em vista novas tecnologias e, ao mesmo tempo, a falta de profissionais especializados

Estratégia, tática e investimentos em tecnologia andam juntos quando o assunto é crescimento. E o cenário da saúde no País mostra que o aumento de recursos em TI estão na agenda das instituições. A grande questão, por outro lado, é que estes valores não são levados de maneira tática e acabam perdendo força por conta da sazonalidade. A ideia de que há um número mágico de investimento em TI em relação ao faturamento da instituição acaba cedendo espaço à uma visão mais estratégica e focada no contexto econômico no qual a empresa se insere. Num universo onde menos de 3% das instituições não possui equipe interna de TI --- mas deve ganhar um este ano (veja gráfico abaixo) ---, a grande maioria das empresas se impulsiona para alçar grandes voos com investimentos em gestão de conteúdo, Prontuário Eletrônico e mobilidade. Mas isso ainda não espanta o fantasma da sazonalidade. O que se observou nos últimos anos foi uma queda nos grandes investimentos neste mercado. Isso remete ao cenário de crise pelo qual a economia mundial passou em 2008. Tudo isso transforma a escala das prioridades dos investimentos e coloca a otimização destes aportes como número um. ?Na área da saúde, diferente de outros mercados, a questão de investimento é um pouco mais complicada?, explica David Oliveira, gerente de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) do Hospital e Maternidade Christovão da Gama, de Santo André, (SP). ?Se compararmos em médias e grandes empresas que investem em TIC cerca de 6,8% do faturamento líquido, os hospitais, especificamente, lutam para se manter em pelo menos 3%.? Oliveira, que é presidente de um grupo de CIOs Saúde do Estado de São Paulo, acredita que a tendência é melhorar este percentual nos próximos anos. Na verdade, o aumento se dá em números absolutos, uma vez que o faturamento das instituições como um todo cresce. O desafio, segundo o executivo, é manter o índice de investimento e não deixar que os valores absolutos se mantenham de um ano para outro --- ou seja, que os investimentos em TI cresçam menos do que a instituição --- o que reduziria o percentual do investimento em relação ao faturamento. ?A média de 3% não é um número ruim?, explica Oliveira. ?Mas não há número mágico, os investimentos são sazonais e não há como fixá-los num mercado como a saúde.? Por outro lado, o CIO não pode descuidar do orçamento, segundo Oliveira, sob o risco de não manter o número. Neste caso, a estratégia defendida pelo executivo é a de equalizar o montante investido usando diferentes modelos de negócio de modo que viabilize novos investimentos. O salto está em contribuir para que o hospital se amplie com a mesma estrutura, e isso só se consegue com investimentos em TI. Isso acontece ao passo que outros custos são reduzidos ou mesmo somem. Então não se trata de aumentar o investimento, mas de inverter os custos operacionais em iniciativas que eliminem ações corretivas. Como exemplo, o executivo cita o projeto de ampliar a estrutura do hospital para dois data centers, nos próximos dois anos, ao custo que tem hoje. Para isso, a estratégia é somar modelos de negócio para não onerar os caixas do hospital. Esta engenharia envolve opção por diversos tipos de financiamento. Além disso, outra estratégia fundamental, segundo ele, foi a criação do comitê de tecnologia da instituição, formado por funcionários do setor financeiro, da superintendência, da área médica, além de acionistas da instituição. O objetivo do comitê é manter a empresa alinhada com os resultados dos investimentos e dar credibilidade à área de TI. ?Não há como seguir tendências tecnológicas na área da saúde, o que fazemos é olhar para dentro da organização e investir em tecnologias integradas como alicerce para apoio à gestão e ao corpo assistencial. É a segurança do paciente que está em jogo?, completa Oliveira. LEIA MAIS: A.C. Camargo conquista Acreditação Canadense TI em evidência Uma boa notícia, entretanto, é que o mundo da saúde mudou. As tecnologias avançaram, e, junto com elas os conceitos de dados clínicos, informação clínica e interoperabilidade. Este é o momento em que as instituições pensam muito em onde vão colocar seu dinheiro, de forma que o papel estratégico da TI passa a ganhar evidência. ?O mercado de saúde parece um jogo de futebol de crianças: sem definição tática?, compara Lincoln de Assis Moura Jr, Presidente da IMIA-LAC ? Federação Latino-Americana de Informática em Saúde, que também já presidiu a SBIS. ?Sabe quando todo mundo corre atrás da bola? Todo mundo quer fazer tudo, sem uma noção de cadeia de valor.? Este é o cenário da insustentabilidade dos investimentos, segundo o executivo, se a instituição está sempre apagando incêndios, não é possível que ela esteja usando bem o seu dinheiro. Ao contrário, ela estará correndo atrás do prejuízo; sempre atrasada. Outra abordagem a respeito da queda dos investimentos em relação a meados da última década, é que existem alguns investimentos de TI em saúde feitos sem a noção exata da complexidade das informações em saúde, avalia Moura Jr. Algumas empresas apostaram alto neste mercado e acabaram saindo logo. ?O Google, que não tem problema de dinheiro e em comprar as ?cabeças? que quiser, fez um investimento de alguns milhões de dólares no Google Health e, cerca de quatro anos depois, fechou?, explica Moura. ?Há raríssimas e belíssimas exceções, mas de uma maneira geral, o CIO de Saúde ainda entende muito pouco de saúde no País. É muito mais fácil para ele falar de cloud computing que de representação de dados clínicos e coleta de dados.? Freio de investimentos Há pouco mais de um ano, a operadora Santa Helena Saúde (proprietária do Hospital Santa Helena), da região do ABC, em São Paulo, fazia parte do grupo que representa 40% dos hospitais que investe em TI apenas quando necessário para a atualização do ambiente. Em 2011, por exemplo, os investimentos destinados a infraestrutura e capacitação da base tecnológica da empresa para o recebimento de novas tecnologias foi uma resposta a uma demanda de dois ou três anos sem aportes. Adriano Gliorsi, diretor executivo de TI da operadora, afirma que o orçamento para 2012 deve ficar em torno de 3,5% do faturamento da instituição. O número, no entanto, é relativo aos investimentos de preparação para receber o ecossistema do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). O executivo, que veio do mercado financeiro, está à frente da TI do Santa Helena há cerca de um ano e meio. Gliorsi defende, ainda, que é importante que os investimentos em tecnologia sejam freados de tempos em tempos a fim de que a maturidade das tecnologias seja absorvida completamente pelos usuários. A questão, segundo ele, é saber se o time está preparado para um ritmo de investimentos sobre investimentos. ?Não existe um número mágico de investimento?, define Gliorsi. ?O que existe é um alinhamento muito forte com a alta cúpula da empresa, por meio de comitês quinzenais, onde são apresentados indicadores de produtividade e de projetos.? O cenário de retorno sobre investimento no mercado de saúde, segundo Gliorsi, é um dos desafios dos CIOs para manter o nível de aporte, uma vez que o tempo médio de retorno é de três anos. O executivo relata que no passado havia uma batalha muito grande em função deste tempo de retorno, na qual os executivos de TI, geralmente, perdiam parte da verba destinada ao setor por conta da demora na apresentação dos resultados. ?E eu percebo que esta cultura está mudando?, afirma Gliorsi. ?Mesmo com um tempo maior para o retorno, a tecnologia hoje se tornou fator estratégico.? A ideia da criação de comitês ainda pode ser mais abrangente, como mostra o exemplo da Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC), que é responsável pela gestão de 12 hospitais e mais oito instituições de saúde em todo o Brasil. A associação, que ainda presta serviços assistenciais e de educação, criou um comitê que reúne os gestores de TI dos hospitais administrados pela entidade. ?O relacionamento entre o CIO e os principais executivos é aberto?, explica Walmir Moraes, diretor de Operações da ACSC. ?Para facilitar a tomada de decisão e promover melhorias constantes, desenvolvemos o Comitê de TI Corporativo. Assim, há uma troca de experiências e análise de necessidades de novos investimentos.? Segundo Moraes, os investimentos em TI das instituições administradas pela ACSC é decidido de forma autônoma. O executivo ainda revela que internamente, na Associação, os aportes em tecnologia, sempre previstos no planejamento estratégico, são de 1% do faturamento anual da instituição.

TAG: Hospital