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Como o Open Source ajuda na pandemia?

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Pode-se dizer que o mundo nunca esteve tão unido, apesar das medidas de distanciamento social. No momento, milhões de cientistas, industriais, governantes e curiosos de diferentes áreas estão desenvolvendo coletivamente soluções para o combate ao coronavírus.

A pandemia está provocando uma onda de cooperação global e projetos de código aberto estão surgindo com a perspectiva de mitigar questões relacionadas à escassez de equipamentos, modelagem populacional e segurança sanitária. No GitHub, por exemplo, existem mais de 25.000 repositórios associados à Covid-19. Paralelamente, a pesquisa científica está se abrindo como nunca antes. Instituições como a Universidade Johns Hopkins, e periódicos de prestígio como “The Lancet” ou “Science” estão entre as que estão fomentando o compartilhamento de informações.

Ter a capacidade para descobrir e avaliar rapidamente as propostas faz uma diferença significativa nas consequências que o tempo de resposta à pandemia traz. A ascensão de uma inteligência coletiva em busca de soluções viáveis, através de propostas open source, vem tornando possíveis implementações emergenciais.

A colaboração, o desenvolvimento contínuo e o compartilhamento livre de recursos são as bases do que se conhece como modelo de código aberto. É o oposto ao movimento proprietário, no qual as pessoas trabalham em competição. A ideia do open source é tornar um projeto amplamente disponível e permitir uma resposta mais rápida do que o desenvolvimento de produto tradicional. É um relacionamento no qual a comunidade trabalha para gerar valor a ela mesma.

De acordo com o criador do Open COVID Pledge, uma iniciativa de patentes de código aberto para apoiar o desenvolvimento de medicamentos, kits de teste, vacinas e ferramentas de rastreamento de contato, "É um imperativo prático e moral que todas as ferramentas que temos à nossa disposição sejam aplicadas para desenvolver e implantar tecnologias em grande escala sem impedimentos". Empresas como Amazon, Facebook, HP, IBM e Microsoft e já anunciaram sua participação, concedendo acesso gratuito a algumas patentes àqueles que desenvolvem tecnologias para ajudar a diagnosticar, prevenir, conter ou tratar o coronavírus.

Quando surgiram indícios sobre o surto em Wuhan, no final de 2019, os pesquisadores do projeto de código aberto sobre análise virológica, Nextrain, estavam atentos. O objetivo era rastrear a propagação de vírus através de variações genéticas nas sequências que os cientistas encontram. Havia dúvida sobre o que exatamente os pesquisadores do mundo compartilhariam. Mas no final de março, a Nextstrain estava recebendo de 50 a 200 sequências por dia de laboratórios de todo o mundo e estava analisando a evolução do vírus a cada poucas horas. Segundo eles, o volume recebido de colaboração é totalmente sem precedentes.

Outro projeto sobre análise de dados é o COVID-19 Community Dashboard. As informações coletadas são transmitidas de modo amigável e acessível, de modo que qualquer pessoa consiga entender o que é conhecido sobre a pandemia e seus efeitos. Como o projeto recebe comunitariamente bases de várias fontes, o intuito é visualizar oportunidades de ajuda, tendências futuras, efeitos a longo prazo e até subprodutos positivos, além de melhorar a tomada de decisão.

Ainda sobre decisões estruturadas, o projeto Epidemic Intelligence from Open Sources (EIOS) possui um modelo de impacto hospitalar para epidemias, que fornece projeções em tempo real de quais recursos extras serão necessários em hospitais específicos durante a Covid-19. Isso permite que provedores, indústria e governos determinem com mais clareza os seus planos.

Dentre os projetos mais conhecidos estão a manufatura de equipamentos de proteção individual (EPI) e ventiladores a partir de impressoras 3D. Grupos do Facebook como o Open Source COVID19 Medical Supplies, que tem mais de 70.000 membros, trocam informações sobre a manufatura e distribuição da produção caseira. Os projetos variam de escudos faciais a peças para respiradores, passando por objetos mais inusitados como “maçanetas” para pés.

Empresas como NVIDIA e Medtronic, e institutos de pesquisa, como o MIT e UCL, são alguns dos players que estão a frente do desenvolvimento de equipamentos médicos livre de licenças. O SpiroWave baseado no protótipo open source do MIT recebeu em 17 de abril autorização do FDA e já possui mais de 3mil pedidos da cidade de NY. A Mercedes, em parceria com a UCL, aprovaram no Reino Unido um dispositivo baseado em engenharia reversa que produz pressão positiva contínua nas vias aéreas.

As iniciativas open source são inúmeras. Na triagem de pacientes, a Boston Dynamics, conhecida por seus famosos robôs, anunciou que o Spot está em uso em um hospital de Boston. O propósito é reduzir o tempo de exposição dos profissionais de saúde na triagem de possíveis novos casos através do uso de vídeo.

Vale ressaltar que embora o movimento Open Source seja bem-vindo, é necessário ter responsabilidade e curadoria na qualidade dos projetos. O resultado da procura no Google por “design aberto de ventilador” retorna mais de 50 milhões de resultados. Membros da comunidade dizem que é inspirador e assustador ao mesmo tempo. A falta de verificação pode gerar uma falsa confiança às pessoas, daí a importância em ter processos regulatórios de aprovação, especialmente antes dos produtos serem utilizados diretamente em pacientes.

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