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Ciclistas monitoram diabetes com wearables

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Uma experiência recente realizada com um grupo de ciclistas mostrou o alcance das tecnologias vestíveis no tratamento de doenças crônicas, como diabetes. Segundo o Gartner, dispositivos como pulseiras e relógios inteligentes, monitores de sinais como batimentos cardíacos e outros estão despertando no consumidor o desejo de medir índices e números de saúde e compartilhá-los com profissionais da área.

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Diabetes é foco de programas preventivos e de novas tecnologias

Outro relatório, da Juniper Research, estima que os números de vendas triplicarão até 2018. Já a ABI Research indicou que o monitoramento remoto da área de saúde deve aumentar significativamente e, em cinco anos, deverão ser mais de 100 milhões de dispositivos portáteis e vestíveis em uso, com 19,1 milhões de pessoas sendo monitoradas em casa por esses dispositivos.

Mas o Gartner prevê que os dispositivos vestíveis alcancem 68 milhões de unidades em 2015, um pouco abaixo dos 70 milhões do ano passado – o número voltará a crescer no ano que vem na medida em que os preços caiam e surjam aplicações de maior valor.

O teste com os ciclistas apontou como a indústria pode criar soluções com valor real. A iniciativa envolveu um grupo de voluntários dispostos a atravessar cinco países em um percurso de 2100 km, de Bruxelas a Barcelona. Muitos deles eram diabéticos Tipo 1 e viagem foi organizada para dar insights sobre como questões que desafiam as tecnologias vestíveis, como aquelas relacionadas a interoperabilidade, podem ser resolvidas.

O diabetes é uma doença administrada por dados. O maior problema enfrentado por diabéticos é a manutenção dos níveis de glicose no sangue e para isso eles empregam dispositivos de monitoramento cuja leitura orienta decisões terapêuticas, como administração de insulina ou tratamento com dieta.

Os diabéticos precisam conectar, acompanhar, interpretar e dividir os dados com os profissionais da saúde e outros que possam ajudá-los a transformar estes dados em informação. Uma das soluções é utilizar uma plataforma única em que pacientes, cuidadores e profissionais da saúde possam capturar, acompanhar e compartilhar informações para ajudar os pacientes.

Entretanto, hoje não há sequer um padrão corrente para interoperabilidade entre os vários fabricantes de dispositivos e operadores de plataformas. Isso pode exigir um arsenal de gerenciamento que inclui o monitoramento de glicose no sangue, do uso de insulina, da dieta, de exercícios, do humor, do estresse e de outros fatores diários que podem influenciar no controle de glicose.

A questão é transformar a informação entre o que é monitorado pelo dispositivo do diabético e o sistema do médico, incluindo os acessórios usados para transmissão dos dados. Um punhado de fios, transformadores e uma parafernália tecnológica que limita a habilidade do diabético em ter uma vida produtiva.

Por isso, a experiência com os ciclistas diabéticos, cujas mãos estão sempre no guidão, sem oportunidade de parar para inserir dados manualmente, permitiu testar algumas soluções de monitoramento online sem fio dos níveis contínuos de glicose no sangue, peso e estatísticas de ciclismo e entender os desafios impostos por questões como a interoperabilidade. A iniciativa reuniu GSMA, Orange, ANT+, Dexcom, HMM, McCann Health e Sony Mobile.

Além de ver e monitorar remotamente os níveis de glicose via web, o peso dos ciclistas era monitorado pelo envio dos dados via wireless, por smartphone. Todos os dados armazenados em nuvem, inclusive a geolocalização do ciclista, eram acessíveis via web por meio de um painel de controle de leitura simples, que podia também ser visto por familiares e amigos.

A solução foi construída com sensores que enviam dados para um smartphone e um módulo M2M carregado pelos ciclistas. O software para os dispositivos móveis foi desenvolvido com as diretrizes de interoperabilidade da Continua Health Alliance, organização mundial voltada ao estabelecimento de padrões globais de tecnologia para a saúde. A coleta de dados não requeria qualquer inserção por parte dos ciclistas.

Os impactos da solução foram indicados ao longo do percurso. Certo dia, depois de 100 km de pedaladas, o alarme de monitoramento contínuo de glicose de uma das ciclistas diabéticas a alertou que os níveis estavam caindo. Ela decidiu parar e, mais tarde, comentou que sem isso provavelmente teria pedalado até ter uma hipoglicemina, ou a queda de açúcar no sangue. Outro ciclista, cujo sensor contínuo de glicose havia deixado de funcionar, era obrigado a parar a cada 30 minutos para uma leitura tradicional. Embora a tarefa reduzisse a diversão do passeio, ele comentou que mesmo assim o benefício era maior do que a chatice do defeito (o sensor tinha se soltado).

O uso de padrões permitiu conexão com os dispositivos e os dados que eram gerados diretamente para a nuvem. Claro que neste primeiro estágio é possível usar sensores com padrões diferentes lado a lado e ter os dados padronizados no dispositivo móvel. Com isso os dados podem ser compartilhados em diferentes plataformas em formatos semânticos e sintáticos por muitos tipos de dispositivos, o que é crítico para permitir a escalabilidade de soluções mHealth e responder às preocupações dos pacientes, como aquelas expressas pelos ciclistas acima.

O uso de interfaces e formatos de dados padronizados podem trazer a simplicidade e a interoperabilidade de dados que permitam aos usuários gerenciar sua condição. Infelizmente, no caso de bombas de insulina, a estória ainda não é a ideal - os dispositivos médicos usam formatos diferentes de dados, padrões e não se comunicam entre si. O paradigma pode mudar com a disponibilidade de interfaces baseadas em padrões e formatos de dados como definidos pela Continua.

O próximo passo é a adoção por mais sistemas de saúde e a adição de mais tipos de dispositivos, para que possa ser criar um ecossistema com interoperabilidade de dispositivos de saúde conectados, de maneira similar a que os telefones móveis fazem hoje, permitindo às pessoas escolher a solução que é melhor para si sem ficarem restritas à solução de um único fornecedor.