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A Tecnologia em prol da saúde: Coronavírus

Article-A Tecnologia em prol da saúde: Coronavírus

Médico empreendedor

A chegada da epidemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) foi prevista pela startup canadense BlueDot em 31 de dezembro de 2019 por meio de inteligência artificial.

O fundador da empresa, Kamran Khan, é médico especialista em doenças infecciosas e atuou no surto da SARS (síndrome respiratória aguda grave - sigla em inglês traduzida) em 2003, que também se iniciou na China, se espalhou e chegou em Toronto onde matou 44 pessoas.

Fundada 5 anos após o surto, a empresa desenvolveu em 2014 algoritmos que usam a inteligência artificial (machine learning e algoritmos de previsão) para mapeamento e análise de diversos dados, uma espécie de “varredura”, que monitora e analisa a cada 15 minutos, em 65 idiomas, um compilado de dados: saúde, condições climáticas e ambientais, notícias, agronegócios, pecuária, animais transmissores de doenças, comportamentos, chats, fóruns, trânsito, palavras-chave, enfermidades, etc., em busca de informações que expressem e se traduzam em riscos reais de infecções, epidemias e pandemias altamente patogênicas.

Em dezembro de 2019 inúmeros casos de pneumonia na cidade chinesa de Wuhan foram detectados pelo algoritmo e diante da repetição dos padrões - chamou atenção - por serem semelhantes ao surto da SARS em 2003, assim, o robô da empresa notificou seus clientes e organizações de saúde sobre o perigo do coronavírus antes mesmo do pronunciamento da Organização Mundial de Saúde.

Vale ressaltar, que a BlueDot em 2016, seis meses antes, previu que o vírus da Zika chegaria à Flórida.

Como se sabe, os primeiros casos de Covid-19 foram registrados na China e sua chegada ao Brasil e aos demais países foi anunciada como inevitável e assim aconteceu. O primeiro caso da doença de coronavírus foi registrado em São Paulo no dia 25 de fevereiro e confirmado em contraprova pelo Laboratório de Vírus Respiratórios do Instituto Adolfo Lutz (IAL/SES-SP) em 26 de fevereiro de 2020.

O perfil epidemiológico do caso confirmado é: brasileiro, sexo masculino, 61 anos, residente em São Paulo, que esteve à trabalho na região da Lombardia (norte da Itália) no período de 09 a 21 de fevereiro de 2020 e apresentou sintomas e sinais semelhantes a da síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2) como febre, tosse seca, dor de garganta e coriza.

As manifestações clínicas da doença são amplas, mas os sintomas respiratórios como dificuldade para respirar, febre e tosse merecem atenção, sendo necessário efetuar em conjunto com os sintomas, uma investigação acerca do histórico de viagem ou contato com pessoas que viajaram para o exterior.

Antes mesmo da confirmação do primeiro caso no Brasil, foi realizada uma atualização no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) onde foram incluídas 5 variantes na ficha de notificação de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) para constar informações acerca de histórico de viagem internacional e suspeita de COVID-19.

Assim, o diagnóstico passa pela investigação clínica, epidemiológica e por exame físico específico para a SARS-CoV2 a ser realizado nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN) e a contraprova complementar nos Centros Nacionais de Influenza (NIC).

O surto coronavírus, em pouco tempo, já matou milhares de pessoas no mundo e com esse registro positivo o Brasil passa a ser o primeiro país da América Latina a confirmar a presença do vírus.

Com o fim do carnaval, que atraiu foliões do mundo todo, e com o regresso dos brasileiros que aproveitaram o feriado para viajar para o exterior, se faz necessário que as autoridades cumpram com rigor os protocolos de segurança, adotando as estratégias sensíveis de vigilância em saúde para identificação precoce da possível infecção e assim evitar a disseminação do COVID-19 em território nacional de pessoa para pessoa. Nesse contexto, a utilização de EPIs pelos profissionais de saúde é medida indispensável em razão da vulnerabilidade profissional ao contágio.

Diante das incertezas geradas pela falta da descrição completa do vírus, vacinas, medicamentos específicos, período de transmissibilidade e imunidade futura, só temos uma única certeza todos estamos suscetíveis a infecção. É um vírus novo e suas manifestações e efeitos estão sendo conhecidos em tempo real.

Nessa corrida contra o tempo, muitos estudos clínicos estão em andamento e diversas empresas do mundo estão usando a IA para analisar os novos dados e agilizar a descoberta de diagnósticos, vacinas, tratamentos e assim ajudar a humanidade no combate à doença.

Uma startup está realizando experimentos com algoritmos, ainda em fase de treinamento, recebe imagens de pacientes infectados pelo coronavírus e já são capazes de identificar nas tomografias, sinais de pneumonia ligados ao COVID-19. Uma outra empresa, com base na inteligência artificial, informou que um determinado medicamento para artrite reumatoide poderia ser utilizado no combate ao coronavírus.

A IA também é responsável por outros importantes avanços, como a descoberta de seis novas moléculas que podem diminuir a disseminação da doença e na utilização no suporte online e automático de informações e conselhos médicos à população, entre outros.

Embora existam muitos desafios e custos, não nos restam dúvidas de que a inteligência artificial é, e será, uma grande aliada na prevenção das doenças que ameaçam a humanidade mundial, já estamos vivenciamos seus avanços e benefícios nos alertas de riscos, nos exames e diagnósticos, no desenvolvimento de medicamentos, nas próteses e nos robôs com precisões cirúrgicas incomparáveis.

Sobre o autor

Dra. Camille Araújo é Advogada do MLA – Miranda Lima Advogados.

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