Ainda tem gente que se escandaliza quando tratamos a saúde como um negócio.É certo que a atenção à saúde é garantia constitucional, que a atenção ao paciente deve estar acima da busca do lucro, que não existe algo mais precioso que a vida ...Mas ninguém pode negligenciar o fato de que é uma atividade econômica, praticada por entidades de personalidade jurídica ? portanto: um negócio como outro qualquer.Para fazer parte deste mundo chamado saúde é necessário pagar as contas, o salário dos funcionários e ainda sobrar ?troco? para remunerar o capital investido, ou para reaplicar em inovação para se manter no mercado ? como qualquer outra empresa faz, tanto o hospital quanto a operadora devem encarar sua atividade como produto para continuar existindo.A questão sempre discutida é : o que é o produto saúde ?Não é só a cura, uma vez que grande parte dos atendimentos não vai curar o paciente: vai tratar o sintoma de uma doença incurável, ou prolongar a vida de uma pessoa, com ou sem qualidade de vida. Mas quando presente, a cura é fundamental.Não é o procedimento realizado, porque o cliente não quer comprar a cirurgia ou o tratamento, quer ser curado ? o procedimento ou o tratamento é a forma de tentar dar ao cliente o que ele procura: a cura. Mas a qualidade do procedimento é fundamental no negócio.Não é só questão de custo: o preço baixo ou alto praticado pela operadora ou pelo hospital ? nas situações extremas o cliente em saúde abre mão de tudo que tem para restituição da sua saúde. Mas como em qualquer segmento de mercado, quanto mais acessível o preço mais público para comprar.Não é só questão de hotelaria: clientes de alto poder aquisitivo se submetem a tratamento em hospital-escola, onde o tapete não é vermelho, mas as mãos do professor e os equipamentos são os melhores. É claro que um local bonito e confortável é um diferencial competitivo em qualquer ramo de atividade.Não é só questão de ?encantamento? ? em saúde o cliente dá mais valor à eficácia do que a eficiência. Evidentemente ser tratado por pessoas agradáveis também é diferencial de competitividade. Poucos entendem o produto como realmente ele é: um conjunto de fatores que individualmente não são suficientes para definir a opinião do cliente, mas ?o conjunto da ópera? define a marca ? e marca em saúde ?geralmente pega?.Algumas características deste produto fantástico são bem marcantes:
- Existem mais de 8.500 hospitais no Brasil, e a maioria da população deve ter visto propaganda de uns 10, apenas. É um produto essencial cuja melhor propaganda é o boca a boca. Outros produtos essenciais, como alimentos por exemplo, exigem propagandas constantes e custosas ? saúde não;
- Existem centenas de operadoras de planos de saúde o Brasil. Justamente as maiores são as que menos propagandas fazem. Um fatídico histórico nos faz ficar preocupados quando uma operadora começa a fazer propaganda: ficamos desconfiados da saúde financeira dela, ou da possível fusão com outra !
- Boa parte dos serviços mais procurados e rentáveis neste negócio são supérfluos. Os que a população realmente deveria procurar, o diagnóstico precoce por exemplo, são negligenciados pela nossa cultura.
- Quanto mais a população envelhece, e ela está envelhecendo rapidamente no Brasil, mais produto saúde consome;
- Quanto mais sedentária a vida vai se tornando, e ela está se tornando cada vez mais sedentária nas grandes metrópoles, mais produto saúde necessita;
- Quanto mais alimento a população consome, e o número de obesos cresce a cada dia, mais produto saúde necessita !
- Quanto mais a tecnologia se desenvolve, menor o custo do produto saúde ? mais acessível e maior a oferta para a população.