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Se eu fosse médico?

Article-Se eu fosse médico?

Eu não sou médico, mas se eu fosse teria pela frente um mundo de desafios. Depois de muitos anos de preparação teria que lidar com o que há de mais precioso de tudo: a vida, minha e a dos outros. Junto com a vida vem um dos principais aspectos nebulosos e apavorantes da psique humana: a morte e o medo dela. E teria que lidar o tempo todo com ela sem me deixar amortecer, ficar frio e distante como estratégia, quase sempre inconsciente, para não entrar em contato com este medo da morte e acreditar que irei sucumbir nele.

Se eu fosse médico teria que lidar, por um lado, com uma grande pressão social, que me enxergaria como alguém que tem muito dinheiro e precisa dar provas constantes disso, com carro do ano, viagens, roupas, propriedades etc. Por outro lado, teria que lidar com um sistema de atenção médica que, da forma como está estruturado (fora os pacientes particulares, que são uma grande minoria), exige normalmente uma quantidade de horas e lugares trabalhados enorme, com plantões, recebimentos baixos de convênios e empregos, condições de trabalho inadequadas, longas jornadas etc.

Se eu fosse médico teria que buscar uma maneira de ser íntegro e efetivamente cuidar da minha saúde, vencendo as estatísticas que mostrar que nesta profissão se encontram os piores índices ?laborativos? relativos à saúde, com maior incidência de doenças mentais, suicídios etc.

Se eu fosse médico teria muito poder nas minhas mãos, com um grande influência na vida dos meus pacientes, e teria que encontrar uma maneira de atuar, administrar e divulgar o meu trabalho de forma clara e honesta, indo além das tentações e de alguns exemplos distorcidos percebidos inclusive em colegas de profissão.

Se eu fosse médico teria que firmar bem e me recordar constantemente do meu propósito de vida (ou seja, o motivo pelo qual eu decidi ser médico) e desafiar-me diariamente para poder cumprir o juramento de Hipócrates, purificando-me dos pensamentos e tendências egoístas, doando-me constantemente para pacientes, seus familiares, comunidade e equipe de trabalho.

Se eu fosse médico teria um mundo de desafios, mas também de oportunidades pela frente. Como eu comecei dizendo, eu não sou médico, mas, convivendo profissionalmente há mais de 20 anos com médicos, vejo com clareza esta realidade. E é percebendo esta realidade e desejando sucesso nesta empreitada que eu homenageio a todos os médicos. Viva o médico!