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O que inatividade física tem a ver com as empresas ?

Article-O que inatividade física tem a ver com as empresas ?

A revista Lancet publicou em julho, um estudo global bastante importante que analisou o impacto no adoecimento relacionado a doenças crônicas e na expectativa de vida relacionada à inatividade física (Lancet 380:219-229, 2012).Os autores lembram que os médicos na Antiguidade, incluindo os da China em2600 ACe Hipócrates (no ano 400) acreditavam no valor da atividade física (AF) para a saúde. No entanto, no século XX, surgiu uma visão diametralmente oposta: o exercício é perigoso. No início deste século, se prescrevia repouso completo para pacientes com infarto agudo do miocárdio e havia estudos para analisar os perigos da atividade física em comparação com a atividade intelectual. A partir dos estudos de Jerry Morris (1953) surgiram muitas evidências que documentaram os inúmeros benefícios da atividade física. Desde então se comprovou que a atividade física leva a redução nos índices de doença coronariana, hipertensão arterial, AVC, diabete tipo 2, câncer de mama e cólon, depressão e quedas. Em todo o mundo, estimou-se que a inatividade física causa6 a10% das principais DCNT (doença coronariana, diabete tipo 2, câncer de cólon e mama). Além disso, este comportamento não saudável causa 9% da mortalidade prematura ou mais que 5,3 dos 57 milhões de mortes em 2008. Com a eliminação da inatividade física a expectativa de vida da população mundial deve aumentar em 0,68 anos.  Estes achados tornam a inatividade física similar aos fatores de risco bem estabelecidos ? tabagismo e obesidade.Apesar disso, uma grande proporção da população permanece fisicamente inativa. Para quantificar o efeito da inatividade física nas DCNT, foi estimado o quanto estas doenças podem ser evitadas na população se as pessoas inativas se tornarem ativas, bem como quanto de expectativa de vida pode ser aumentado a nível populacional. O estudo demonstrou que o Brasil seria um dos países com maior impacto no aumento da expectativa de vida associado à abordagem da inatividade física, com redução de8 a14% na prevalência de doença coronariana, diabete tipo 2 e câncer do cólon e mama. 

Em artigo publicado no dia 29 de julho na Seção de Opinião do jornal Folha de São Paulo, matéria assinada pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha reforça a importância da atividade física para a saúde das pessoas. O ministro destaca que  o governo federal tem investido no Programa ?Academia da Cidade? e prevê a instalação de 4.000 unidades até 2014. Cita pesquisas que demonstraram que, em três anos, nas academias cariocas, 83% dos frequentadores diminuíram a dosagem do medicamento, 41% a frequência ao dia e 7% não precisam mais ser medicados. Outros fatores que aumentam o risco cardíaco também sofreram drásticas quedas: 88% dos praticantes diminuíram o peso corporal, 62% o IMC e 84% a circunferência abdominal. Ressalta, finalmente dos dados do estudo VIGITEL  em que  se constatou redução da inatividade entre os homens, de 16% para 14,1%, uma redução de 0,7% ao ano.

 No âmbito da saúde corporativa, constata-se que além dos baixos indicadores de atividade física temos a questão das pessoas que ficam muitas horas sentadas em seus postos de trabalho. Os impactos deste comportamento são bem conhecidos e se constituem em risco isolado importante para doenças crônicas. Provavelmente abordagens como as do Programa Academia da Cidade,concebidos para envolver toda a comunidade têm impacto limitado para as ações no ambiente de trabalho. Deste modo, acredito que há dois desafios principais neste contexto:

  1. os gestores de saúde nas empresas precisam utilizar estratégias específicas para o ambiente de trabalho envolvendo abordagens individuais, no ambiente e nas políticas corporativas. Neste contexto, devemos utilizar as técnicas de aconselhamento(coaching), economia comportamental  e incentivos.
  2. As empresas precisam ter uma ação mais proativa de ?advocacy? para que o ambiente de trabalho possa ser considerado um espaço importante no planejamento de políticas públicas para a promoção da saúde, a exemplo do que acontece em outros países.