A Santa Casa de São Paulo acumulava dívidas com bancos de R$ 354,4 milhões, entre empréstimos e financiamentos. A informação está no balanço de 2013 da entidade, divulgado à imprensa no final desta sexta-feira (25).
Ao analisar os números, é possível afirmar que, apesar do déficit operacional ter caído de cerca de R$ 35 milhões em 2012 para R$ 24 milhões no ano seguinte, isto pouco atenuou o déficit operacional acumulado de R$ 167, 8 milhões da entidade.
Outro ponto importante enfatizado por especialistas ouvidos pelo Saúde Business 365 é a falta de capital de giro para operar o dia a dia da instituição. O balanço, que é um retrato das finanças em 31 de dezembro de 2013, mostra diferença entre ativo e passivo circulante, fator que compromete o capital de giro da instituição. Isso é um capital de giro negativo. Ela operava com pouquíssimo dinheiro em caixa, afirma o diretor de relações empresariais da Planisa, João Romitelli.
O documento, assinado pela auditoria Deloitte, enfatiza que em 31 de dezembro, as demonstrações financeira da Irmandade apresentam deficiência de capital de giro de R$ 113, 218 (milhões). O documento também destaca que A Irmandade vem implementando ações de melhoria propostas em 2012 e aperfeiçoando as ações em 2013.
Esta falta de capital de giro somada à dívida com fornecedores, que ao final de 2013 estava em torno de R$ 80 milhões, pode ter sido uma das razões pela qual a entidade fechou as portas do pronto-socorro na última semana, pois entre os motivos alegados estava justamente a falta de insumos e suprimentos.
De acordo com Marcos Nogueira Simões, da Jequitibá Investimentos e ex- CFO do Hospital São Luiz, ao avaliar despesas e receitas e a quantidade de pacientes atendidos pela entidade em 2013, é possível afirmar que cada doente do SUS (91 % das pessoas atendidas em 2013 na entidade) gerava um déficit de R$ 44 por paciente para instituição. A receita por paciente SUS em 2013 ficou na média de R$ 308, enquanto a minoria privada teve R$ 562 reais.
A despesa com pessoal e encargos é o principal gasto da instituição, o que representou cerca de R$ 688,6 milhões em 2013. Por paciente, cada profissional ganha cerca de R$ 190 reais, ao somar despesas de medicamentos e outros serviços se chegará rapidamente a R$ 308. O segundo principal gasto são os medicamentos e materiais, que em 2013 representaram R$ 688 milhões.
Na sexta-feira passada (25), o Ministério da Saúde e a Secretária de Saúde do Estado de São Paulo divulgaram documentos com os valores repassados para Santa Casa. Para Romitelli, as planilhas são difíceis de serem analisadas. É muito difícil conciliar essas duas planilhas sem que a do Estado tivesse mais detalhada, pois ela é um quadro resumido e tem uma consolidação de números. Fica difícil e até perigoso dar qualquer opinião sem mais informações, disse Romitelli.