O Hospital Sírio-Libanês, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), está conduzindo o estudo CardioTox Trial, que avalia a eficácia do carvedilol na prevenção de disfunções cardiovasculares em pacientes submetidos à quimioterapia com antraciclinas. Este medicamento genérico e de baixo custo já é utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar insuficiência cardíaca e agora é investigado por suas propriedades de proteção celular. 

O maior estudo da área no mundo 

Com mais de 500 pacientes participantes, o CardioTox Trial é o maior estudo já realizado na área de cardio-oncologia. Os pacientes são divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebe carvedilol em dose progressiva, enquanto o outro é tratado com placebo. Ambos os grupos utilizam comprimidos idênticos em aparência (cor, tamanho e quantidade), garantindo o rigor científico do estudo, que é classificado como duplo-cego. 

“Esse tipo de investigação é fundamental, pois as antraciclinas – quimioterápicos usados para tratar cânceres como sarcomas, linfomas e câncer de mama – podem causar cardiotoxicidade irreversível, resultando em insuficiência cardíaca”, explica o Dr. Renato D. Lopes, diretor da Academic Research Organization (ARO) de Cardiologia do Sírio-Libanês e responsável técnico pelo estudo. Segundo ele, além de afetar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, a cardiotoxicidade aumenta os custos para o SUS. 

Cardio-oncologia 

A cardio-oncologia, ou cardiologia oncológica, é uma subespecialidade dedicada a prevenir, diagnosticar e tratar doenças cardiovasculares relacionadas ao tratamento oncológico. Este campo permite identificar precocemente problemas cardíacos, garantindo maior segurança e qualidade de vida para os pacientes, além de possibilitar a continuidade dos tratamentos contra o câncer. 

Perspectivas do CardioTox Trial 

O estudo envolve 526 pacientes acompanhados em 25 centros de saúde pública distribuídos pelas cinco regiões do Brasil, com acompanhamento previsto por 12 meses. “Esperamos que o uso do carvedilol durante a quimioterapia com antraciclinas reduza ou até evite casos de insuficiência cardíaca, especialmente em cânceres de mama e linfoma”, destaca o Dr. Lopes. 

Caso os resultados confirmem a segurança e eficácia do medicamento, o estudo oferecerá uma base sólida para análises de custo-efetividade e para a ampliação do uso do carvedilol, beneficiando mais pacientes e otimizando os recursos da saúde pública. “Nosso objetivo é não apenas melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas também tornar o cuidado oncológico mais sustentável”, finaliza.