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[Entrevista] Precisamos construir mais leitos hospitalares?

Article-[Entrevista] Precisamos construir mais leitos hospitalares?

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Conversei com Dr. Stephanie Allen e Dr. Rohan Hammet, Partners na Deloitte Austrália, sobre o que viram no sistema de saúde brasileiro.

Conversei com dois executivos da Deloitte sobre algumas de suas impressões sobre sistemas de saúde e, enquanto estão no Brasil, especificamente sobre o que viram no país em relação a outras experiências que têm ao redor do mundo.

Stephanie Allen é lider global da Deloitte para a área de Saúde Pública e Serviços Sociais. Além disso, lidera a prática de Saúde e Serviços Humanitários na Austrália, assim como o segmento de Saúde na região Ásia/Pacífico.

Rohan Hammet é sócio da Deloitte Austrália.

Segundo Enrico Vettori, Sócio-Líder da Deloitte, os executivos vieram em uma missão de integração e criação de sinergias entre os escritórios da Austrália, responsável por toda a região da Ásia e do Pacífico, e do Brasil, responsável por América Latina.

Dr. Allen e Dr. Hammet citaram alguns pontos que chamaram sua atenção no sistema de saúde brasileiro. São eles:

  • Atividade incipiente em atenção primária

Stephanie citou a tendência global de transferir o cuidado dos hospitais para as casas dos indivíduos.

Em um estudo da organização, podemos ver o aumento de leitos hospitalares na América Latina, quando, no restante do mundo, há uma diminuição deste número.

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E, para Dr. Allen, isso depende de um alinhamento de incentivos e, inclusive, de intervenção governamental.

Ela cita estratégias adotadas em outros sistemas de saúde, onde o governo pagou para que os prestadores de serviço fizessem a transição para o cuidado em comunidade, sem que deixassem de ser lucrativos.  Ou seja, os prestadores de serviço, nesses casos, se responsabilizam pela adequação do modelo de saúde e recebem como se tivessem realizado o cuidado nas suas instalações.

“Se não investirmos em saúde nas comunidades e nas casas, teremos sempre que construir mais leitos hospitalares”

Rohan comparou esta transição com o que vimos no sistema financeiro, em que, em um primeiro momento, os indivíduos precisavam frequentar um banco centralizado, seguido de uma movimentação de criação de caixas eletrônicos pela comunidade e, por último, no que vemos hoje, o usuário escolhe onde é mais conveniente a realização da transação financeira, seja ela em sua casa, no device móvel ou em um caixa eletrônico, escolhendo, somente em último caso, a instituição bancária centralizada.

Tensão entre seguradoras e hospitais

Para Rohan, este tópico foi bastante citado em sua visita ao Brasil. Ele comenta que, em outros sistemas do mundo, este ponto já foi superado e o acordo acontece quando há confiança entre os players. O hospital, neste caso, entrega o tratamento de forma eficiente e a operadora realiza o pagamento de forma rápida e adequada.

Globalização

A movimentação de globalização das organizações de saúde chama atenção de Dr. Allen e diz que este tópico terá ainda bastante impacto no sistema brasileiro.

Desde movimentos como Cleveland Clinic, empresa americana, abrindo um centro em Londres, na Inglaterra, as organizações procuram por pares e benchmarks globais para encontrar melhores práticas e cases de sucesso em diferentes áreas.

Tendências globais

Em relação a tendências globais, falamos sobre a gestão do próprio cuidado e a responsabilização do paciente em relação a sua condição de saúde, tanto mental quanto física.

Aqui, os dois citam a redução da assimetria de informação em tempos de Google e de diferentes fontes de informação sobre saúde.

Como benchmark, Dr. Allen e Hammet falam ainda sobre a noção que existe nas empresas australianas em relação aos benefícios de se ter uma força de trabalho saudável. Um estudo realizado no país indica que, a cada ano saudável de vida, o aumento no PIB do país é de 1%. Por isso, mesmo “sem obrigação”, as organizações investem em programas de bem-estar, promoção de saúde e prevenção de doenças.