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Especialistas traçam paralelos entre as epidemias e pandemias da história

Article-Especialistas traçam paralelos entre as epidemias e pandemias da história

debate ONU

Fundo de População da ONU promoveu no dia 29/07 a 14ª edição do webinário, População e Desenvolvimento em Debate

Na última quarta-feira (29/07), o Fundo de População da ONU (UNFPA), em parceria com a Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), promoveram a 14ª edição da série de webinários População e Desenvolvimento em Debate. Professores e pesquisadores foram convidados para debaterem sobre as pandemias e epidemias da história e seus paralelos com a pandemia da Covid-19. Uma das conclusões dos especialistas foi de que a desigualdade social é de fato, conforme o passado nos ensina, um grande obstáculo para o enfrentamento de epidemias e pandemias.

A professora do departamento de História da Universidade Federal de Santa Maria, Nikelen Witter, analisou a pandemia do cólera no Brasil em meados do século XIX e comparou com o atual cenário, especialmente com um olhar para o comportamento da população. De acordo com a professora, “o cólera naquele momento se apresentou não apenas como ameaça à vida, mas às formas como a vida era organizada no período”, o que é bem semelhante ao que a pandemia da Covid-19 trouxe. “Apesar dos pobres serem os mais atingidos no século XIX, hoje não se pode falar que a Covid-19 é uma doença 'democrática', eu não acredito em pandemia democrática. Sofrerá mais sempre quem estiver mais fragilizado em um mundo tão hierárquico e com tantas diferenças e desigualdades sociais como o nosso.”

Maria Alice Rosa Ribeiro, pesquisadora colaboradora do Centro de Memória da Unicamp, traçou paralelos entre a epidemia de Influenza A (H1N1) na cidade de São Paulo em 1918. Nesse sentido, além de apresentar a forma como se lidou com a pandemia na época, a pesquisadora fez uma comparação entre as condições de moradia em diferentes espaços da cidade de São Paulo, as desigualdades sociais e como o número de mortes por mil habitantes era maior nos espaços sem acesso à água, esgoto, saneamento básico, higiene e alimentação apropriados. “Entre os bairros mais vulneráveis estavam os da região mais periférica, Mooca, Belenzinho, Brás e Bom Retiro”, afirmou Maria Alice.

Por outro lado, Flavio Coelho Edler, pesquisador da Casa Oswaldo Cruz e professor da Fiocruz, disse acreditar. que é “sempre temerário traçar paralelos entre as epidemias e pandemias do passado e a atual pandemia, pois para cada historiador, cada epidemia tem suas particularidades ligadas ao modo de vida de cada grupo humano”. Mesmo assim, o professor trouxe algumas experiências da história para refletir sobre os desafios do presente, como trechos de experiências de médicos do século XX.

A mediação do webinário foi realizada por Ana Silvia Volpi Scott, professora da Universidade Estadual de Campinas.