O Dezembro Vermelho marca uma grande campanha nacional de conscientização e combate ao HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). De acordo com o Ministério da Saúde, 92% dos pacientes em tratamento no Brasil já alcançaram o estado de indetectável, condição em que o vírus deixa de ser transmissível e a qualidade de vida é preservada, sem manifestação da AIDS. Outra conquista significativa é a redução de 25,5% na mortalidade por AIDS nos últimos 10 anos.
Avanços e desafios no diagnóstico e tratamento
O Brasil já atingiu duas das metas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para erradicar o HIV como problema de saúde pública: 96% das pessoas diagnosticadas estão em terapia, e 95% delas alcançaram a supressão viral, interrompendo a transmissão sexual. No entanto, o infectologista Dr. Evaldo Stanislau, gerente de Pesquisa Acadêmica da Inspirali, destaca a necessidade de ampliar o diagnóstico. “Apenas 82% das pessoas vivendo com HIV sabem de sua condição. É crucial melhorar essa taxa para alcançarmos o objetivo final,” afirma.
Dr. Stanislau reforça que o desafio do diagnóstico passa pela oferta contínua de testes e, principalmente, pelo diálogo. “Ainda há muito preconceito e mitos sobre a doença, que hoje é controlável e permite uma vida normal para quem segue o tratamento. Precisamos vencer essas barreiras para ampliar o acesso ao diagnóstico e à terapia,” pontua o médico.
Avanços na prevenção
Outro marco recente foi a publicação, no New England Journal of Medicine, dos resultados da Fase 3 do estudo Purpose-2, que testou o Lenacapavir, um medicamento injetável para prevenção do HIV. Aplicado por via subcutânea a cada seis meses, o Lenacapavir apresentou eficácia superior à profilaxia oral tradicional, reduzindo as infecções para apenas 0,10 casos por 100 pessoas-ano.
O estudo envolveu 3.265 participantes, incluindo homens cisgênero e mulheres transgênero, considerados em risco elevado pela prática de sexo anal receptivo sem preservativo. “Esse resultado extraordinário pode representar o fim da transmissão sexual do HIV. É um avanço que merece celebração,” declara Dr. Stanislau.
Tratamento e prevenção pelo SUS
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento eficaz e acessível para HIV e ISTs. Os medicamentos disponíveis apresentam alta eficácia, mínimos efeitos colaterais e possibilitam uma vida saudável. Além disso, há estratégias de prevenção, como a profilaxia pré-exposição (PrEP), indicada para pessoas com maior vulnerabilidade, e a profilaxia pós-exposição (PEP), que pode ser iniciada até 72 horas após uma situação de risco.
“Com o tratamento adequado, pessoas com HIV podem atingir a carga viral indetectável, o que elimina a transmissão sexual. Já para quem não tem o vírus, as medicações preventivas oferecidas pelo SUS são uma proteção adicional valiosa,” explica Dr. Stanislau.
Responsabilidade compartilhada
O sucesso na luta contra o HIV depende de ações conjuntas. Realizar o teste regularmente e buscar tratamento em caso de diagnóstico positivo são passos essenciais. “O teste deve ser feito ao menos uma vez, ou periodicamente, por pessoas sexualmente ativas com múltiplos parceiros. Caso o HIV seja detectado, o tratamento preservará sua saúde e evitará a transmissão. Ainda não há cura para o HIV, mas temos prevenção e controle 100% eficazes,” conclui o infectologista.