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O que temos aprendido com a telemedicina?

Article-O que temos aprendido com a telemedicina?

Woman doctor in telemedicine concept
Woman doctor in telemedicine concept

Desde que os smartphones e os serviços de internet móvel se popularizaram, passamos por mudanças drásticas na forma como nos comunicamos. Boa parte das nossas relações familiares e profissionais foram afetadas pelos aplicativos de mensagens de texto – adicionando a esse processo parcelas da população que, até então, não tinham muita afinidade com esse tipo de tecnologia, como nossos avós. Essa evolução mexeu também com o binômio médico-paciente, gerando a possibilidade de se reforçar o vínculo e intensificar o cuidado. Mas tudo isso demandava um nome e um conjunto de regras para execução, algo que só se tornou realidade em março e abril deste ano, após a liberação e a regulamentação da telemedicina no país.

E em pouco mais de um mês, a telemedicina já nos ensinou muito e nos surpreende a cada dia. Estamos aprendendo como médicos, como enfermeiros, como operadora, como gestores de saúde, como desenvolvedores de tecnologia e também como pacientes. Desde o dia 23 de março, quando colocamos em operação o atendimento receptivo da Paraná Clínicas por telefone, o Telessaúde, recebemos aproximadamente 40 mil ligações de clientes em busca de orientações médicas. A maioria desses contatos, cerca de 40% do total, estava ligada a renovação de receitas para compra de medicamentos controlados: uma atividade muitas vezes burocrática e que antes demandava uma consulta presencial.

Claro que o processo não é simples assim. É preciso avaliar o prontuário eletrônico do paciente com atenção redobrada, verificar o status dos últimos exames de acompanhamento e atestar a real necessidade do medicamento. Mas tudo isso tem sido feito com tranquilidade e excelência por nosso corpo clínico, reforçando, inclusive, a segurança assistencial do paciente e o controle de doenças psiquiátricas, imunossupressoras e crônicas mesmo em meio à pandemia de coronavírus. A telemedicina também tem impactado os programas do Priori da Paraná Clínicas, serviço especializado no gerenciamento de casos graves ou que demandam cuidados especiais, como gestantes e idosos, por exemplo.

Como médicos, também temos aprendido a nos comunicar melhor, de forma mais clara e efetiva. Conversando com alguns colegas de profissão, em especial com o Dr. Hector Aguilar Gutierrez, concluí que a telemedicina tem sido positiva inclusive para quem não está na linha de frente de combate à Covid-19 e consegue continuar ativo, contribuindo para a gestão da saúde como um todo. “Estamos mais focados na saúde mental, podemos interagir e entender melhor questões espirituais e psicológicas do paciente”, me disse ele. Estamos humanizando o atendimento apesar da distância e da tecnologia, o que só nos faz ganhar qualidade e eficiência, fatores indispensáveis nesse momento de crise.

Esse novo formato, somado às adversidades criadas pela pandemia, tem promovido e acelerado o processo de educação em saúde. Com o serviço médico por telefone, já conseguimos reduzir o fluxo de pessoas em nossas unidades próprias e a procura por atendimento de urgência e emergência para casos leves e moderados, que poderiam ser resolvidos em uma consulta programada. Foi uma mudança de comportamento quase forçada, mas que tem trazido resultados importantes para o achatamento da curva de contágio da Covid-19 e o uso equilibrado dos recursos de saúde.

No quesito tecnologia, o aprendizado também tem sido árduo. Na Paraná Clínicas, depois de 30 dias atendendo apenas por voz, nossos setores de Tecnologia da Informação e Marketing trabalham para implementar o recurso de vídeo durante as consultas. O software está em fase de testes, mas deve entrar em funcionamento em breve, representando um grande avanço na qualidade do atendimento remoto.

Todos os dias surgem novas demandas, novas orientações jurídicas, novas necessidades técnicas e, principalmente, oportunidades de melhoria contínua. A telemedicina ainda precisa evoluir muito, se desenvolver e se adaptar à realidade brasileira e ao formato ideal para cada região do país. Mas em tão pouco tempo, o serviço já nos ensinou muito e nos possibilitou um novo olhar sobre o cuidado ao paciente, abrindo portas para o desenvolvimento de um novo formato de atendimento que representa um grande avanço no acesso aos serviços de saúde.

Sobre a autora

Caroline Patrício Caldeira é especialista em clínica médica pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e MBA em Gestão de Serviços de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Desde janeiro de 2019, é coordenadora médica da Qualidade e Programas de Saúde da Paraná Clínicas, operadora de planos de saúde empresariais com sede em Curitiba (PR).