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Covid-19: quando o compromisso é mais forte do que o caos

Article-Covid-19: quando o compromisso é mais forte do que o caos

Antonio Carlos Lopes

Que os médicos enfrentam atualmente dura realidade, todos sabemos. Há reconhecimento e solidariedade, ao menos por parte dos cidadãos. A dimensão do problema, não se calcula exatamente, por enquanto. Só que pesquisa recente da Associação Paulista de Medicina acaba de lançar luz nesse cenário.

Por meio de questionário com aproximadamente dois mil profissionais de todo o País, temos visão mais adequada sobre o ponto em que nos encontramos nessa batalha. A “ameaça invisível” ainda nos mantém reféns, mas cada dia de esforço e dedicação é novo passo em direção a tempos mais alvissareiros.

A assistência aos pacientes de COVID-19 pegou a todos nós de surpresa. Em abril, o levantamento mostrou que apenas 15% da classe médica se considerava capaz de lidar com a população infectada. Hoje, esse número subiu para 28%, quase o dobro. Embora seja um índice pequeno, considerando a gravidade da pandemia, o avanço indica uma maior capacitação e atualização. Com o desenrolar da doença, aprendemos pouco a pouco como domá-la.

A prática ainda nos oferece muitos obstáculos. O medo de ser contaminado, a ausência de estrutura e insumos adequados nas unidades de saúde e a falta de profissionais preparados para atender a alta demanda de pacientes são alguns a serem contornadas diariamente. Enquanto isso, a subnotificação e a baixa adesão de parte da população às medidas de prevenção seguem além do que deveria, dificultando a superação do problema.

Há um dever com aqueles a quem juramos proteger. Temos de dar o nosso máximo, nosso melhor, aos pacientes. Em momento em que fake news e pessoas mal-intencionadas tentam tirar proveito do pânico e da incerteza, médicos e demais profissionais da saúde são bastiões da ciência e da razão.

A luta diária tem impacto direto nas condições psicológicas dos nossos profissionais. Constantemente, somos tomados por sentimentos de ansiedade, estresse, exaustão e sobrecarga. Manter-se positivo após mais de quatro meses de pandemia, é sinal de resiliência. É imperioso permanecer firme, por nós e pelos nossos pacientes.

O Brasil segue enfrentando enorme dificuldade com a COVID-19. Mas já não estamos mais às cegas, como há meses. Independentemente do tamanho do desafio, encará-lo com coragem e disposição é parte de nossa missão como médico.

Sobre o autor

Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica