Na manhã de ontem estivemos presentes no Workshop “Oportunidades no setor saúde: venha construir o futuro conosco”, organizado pelo Grupo Fleury. A iniciativa do Grupo se baseou no fato de estarmos vivendo um momento crítico para propor novos caminhos para esse setor, uma vez que:
- O aumento da longevidade e a incidência das doenças crônicas demandam cada vez mais recursos;
- A atual abordagem não é suficiente para equacionar os crescentes custos e oferecer assistência a quem precisa;
- Muitos brasileiros ainda vivem em locais com esgoto a céu aberto e carentes de serviços de saúde;
- A pressão por melhor qualidade de vida ganhou as ruas e as redes, e a saúde entrou na pauta das reivindicações.
O Workshop contou com a presença de diversos representantes de partes interessadas da área da saúde, como colaboradores do Grupo Fleury, médicos, operadoras de saúde, pesquisadores, associações, clínicas especializadas, laboratórios, farmacêuticas, ONGs, empreendedores, consultores, usuários/clientes, entre outros. Dentre eles, estavam representantes da Abbott, Associação Paulista de Medicina, Blogueiros da Saúde, Bradesco Saúde, Brunetti Ortopedia, EmpreenderSaúde, Endeavor, GE, JSL, Laboratório Pfizer, LSK, Philips, SulAmerica, Telefônica e Unifesp.
O Diretor Executivo do Grupo Fleury, Marcelo Cardoso, apontou a necessidade de ruptura do modelo vigente, em que todos os players encontram-se insatisfeitos por conviverem por meio de relações pautadas na desconfiança e em uma competição de soma zero. Cardoso ainda ressaltou a necessidade de se levantar/concretizar uma discussão não restrita às fronteiras das empresas para que haja uma quebra de paradigmas.
Segundo ele, a medicina diagnóstica tem passado, e deve continuar passando, por radicais mudanças que impactarão, em um futuro próximo, nossa realidade. Houve um destaque e discussão relacionada aos seguintes tópicos:
- Tecnologias disruptivas – qual será o nível de disseminação de soluções point-of-care em hospitais, clínicas e consultórios médicos?
- Capilarização do diagnóstico e monitoramento – qual será o papel de mobile health no setor de saúde?
- Modelos alternativos de pagamento – qual será a alternativa que irá substituir o fee for service?
- Reestruturação da cadeia de valor – quais serão os papéis dos players de cada elo na cadeia reconfigurada?
- Diagnósticos preditivos e personalizados – como o avanço do sequenciamento genético viabilizará a medicina personalizada e preditiva?
- Utilização de exames para prevenção – qual será o papel da prevenção na cadeia de valor da saúde? Como a medicina diagnóstica suportará esse papel?
- Relação pessoal com a saúde – nível de autonomia das pessoas com relação a sua saúde
- Ligação entre prestadores e operadoras – qual será o nível de integração?
inusitada aos eventos de saúde em que os participantes se envolveram de forma ativa e colaborativa, compartilhando conhecimentos, experiências e visões que apontassem caminhos inovadores para a saúde pública e privada.
Os facilitadores do evento foram consultores e representantes da empresa Cria Global, dentre estes, Sandro Marques e Florencia Estrade. O cenário atual da saúde foi exposto por meio de um vídeo elaborado a partir de um estudo realizado pela Cria e posteriormente discutido por Florencia, com base em três desafios destacados a seguir, e também pelo Marcelo Cardoso.
[vimeo]http://vimeo.com/74666492[/vimeo]
DESAFIO 1. SUSTENTABILIDADE DA CADEIA DE VALOR
- Aumento da longevidade
- Incidência de doenças crônicas – 72% das mortes e 75% dos gastos do SUS
- Tratamento integral x Custo por serviços
- Cases: Jamie Olivier, Brasil Active, Accountable Care Organizations (ACOs), Tela Doc e Minute Clinic
DESAFIO 2. RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE
- Modelo mecanicista e fragmentado onde falta interação dos profissionais da saúde – especialidades médicas e equipe multiprofissional –, e o foco nas necessidades reais do paciente
- Necessidade de desenvolver um olhar focado no indivíduo que busca a saúde no dia-a-dia, levando em consideração todos os aspectos: corpo físico, mental, emocional, profissional, cultural e socioambiental
- Utilização da internet como fonte de informação em saúde, “Dr. Google”
- Automedicação – medicamentos vendidos sem prescrição
- Disponibilização dos médicos para o atendimento ao invés de ocupá-los com atividades burocráticas
- Cases: Aravind Eye Care System, Watson IBM, Stanford Center for Integrative Medicine e Medintegral
DESAFIO 3. ACESSIBILIDADE
- Segmento de baixa renda – 80% da população, sendo 90% sem plano de saúde
- Falta de acesso a condições básicas – 19% não tem acesso a água potável e 58% ainda não possui esgoto coletado
- Desafios do SUS: falta de informação para a população, falta de tecnologia para apoiar atenção básica, falta de médicos especializados no atendimento de média complexidade e falta de estrutura hospitalar
- Cases: Saútil, Clubsaúde, Symcat, E-health no Rio, Dr. Consulta, Teto e Clean Team
As dinâmicas foram realizadas em subgrupos e basearam-se na cocriação de oportunidades de inovação, por meio da ressignificação do problema relacionado a um dos três desafios, geração de ideias, escolha de uma solução e tangibilização da solução escolhida. O desenvolvimento desta estratégia foi mencionada por participantes como enriquecedora ao promover a troca de experiências e construção conjunta.
A finalização do Workshop se deu com a contribuição de Marcelo Andrade ao discorrer sobre a apresentação do relatório anual de sustentabilidade seguida da demonstração de interesse conjunto dos participantes em haver continuidade da discussão e da expectativa em haver outras iniciativas/oportunidades como esta.
