O que preciso fazer para ser uma instituição acreditada?

Todos os anos, centenas de instituições de Saúde se candidatam a alguma acreditação,  com o objetivo de alcançar os mais elevados níveis de performance e qualidade. Aquelas que conseguem atender os altos padrões de qualidade e segurança exigidos pelas acreditadoras, agregam valor ao seu serviço e elevam seu status entre pacientes, operadoras e profissionais de Saúde.

Mas, afinal, o que é acreditação?

A acreditação é uma maneira formal de se reconhecer as instituições que possuem processos seguros e de qualidade. Uma empresa externa, independente e especializada (a acreditadora) avalia imparcialmente o serviço de saúde (hospital, clínica, laboratório, UPA, por exemplo) com base em um roteiro e equipe técnica treinada.

Entretanto, passar pelo processo de acreditação não se resume à etapa de avaliação: para as instituições que se submetem a esse processo, o caminho é longo e deve ser uma decisão estratégica. Para cumprir com os requisitos mínimos exigidos e avaliados no roteiro, a instituição precisa se preparar, o que leva alguns anos e envolve revisão de processos e mudanças.

Uma vez acreditada, a instituição recebe um selo de reconhecimento que tem validade variável e inferior a 5 anos (nenhuma é vitalícia). Após o vencimento, a instituição precisa passar novamente pelo processo de avaliação caso queira renovar o selo.

Passar pelo processo de acreditação é uma estratégia que aumenta a segurança do paciente, melhora a colaboração e a comunicação entre as equipes,  promove a qualidade dos serviços prestados, aumenta a credibilidade da instituição com clientes, fornecedores e profissionais e   transmite confiança para o comprador e às autoridades reguladoras sobre os produtos, processos ou serviços avaliados. Apenas 2,9% dos hospitais brasileiros possuem algum tipo de acreditação, dentre os quais 25% fazem parte do seleto grupo da ANAHP (Associação Nacional dos Hospitais Privados).

Qual a diferença entre acreditação e certificação?

Tanto no processo de acreditação quanto no de certificação, a instituição se submete a uma avaliação externa de seus processos e/ou estrutura. Mas existem diferenças!

Situação 1: um hospital criou um Processo Operacional Padrão (POP) para administração de medicamentos em pacientes. Para verificar ou provar que isso está acontecendo, o hospital contrata uma empresa para auditar o processo. Em caso positivo, o processo está certificado. O exemplo mais comum de certificação são as ISOs.

Situação 2: Um hospital, conforme as exigências descritas no roteiro da acreditadora de sua escolha, precisa mostrar como os seus processos estão estruturados para melhorar a segurança do paciente. Durante a auditoria, apresenta um POP sobre a administração de medicamentos e demonstra como esse POP de fato aumenta a segurança (indicadores, referências científicas, etc).

Na certificação, a insituição fala como faz uma coisa e prova que faz sempre assim. Fazer sempre igual não necessariamente significa ter bom resultado. Na lógica da certificação, é possível fabricar sempre pneus furados de maneira igual por um erro de desenho de processo com execução fiel. Já na acreditação, uma empresa especializada estabelece padrões de qualidade e a instituição de saúde mostra como ela faz para alcançar sempre esse padrão e como busca a melhoria contínua dos seus processos.

Quem pode se submeter a um processo de acreditação?

Na Saúde, é possível acreditar praticamente tudo. Isso porque o importante é provar como os seus processos têm qualidade e quanto a instituição busca a melhoria contínua. Dessa forma, as acreditações são viáveis em instituições tanto públicas quanto privadas, hospitais, clínicas, unidades básicas de saúde, ambulatórios, maternidade, instituições de longa permanência, laboratórios clínicos, entre outros.

Acreditadoras mais comuns no Brasil

Existem diversas empresas acreditadoras ao redor do mundo, muitas delas especializadas em serviços de saúde. Uma das mais tradicionais é a Joint Comission International (JCI), mas também são muito importantes a Accreditation Canada (ACI) e a Organização Nacional de Acreditação (ONA), sendo esta brasileira. Essas três avaliam diversos tipos de serviços de saúde. Existem acreditadoras voltadas para recortes específicos da saúde, como a Commission on Accreditation of Rehabilitation Facilities (CARF) e o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC).

Acreditação em Hospitais Brasileiros

Fonte: ANAHP, 2014

Investimento: quanto custa ser um hospital acreditado?

Ninguém sabe dizer quanto custa de verdade uma acreditação. Isso acontece porque existem muitos valos envolvidos e nem sempre isso é mensurável e varia de instituição para instituição. Mas o valor pode ser bem alto. Para se ter uma ideia, durante os dois anos que o ICESP se preparou para a JCI, foram gastos 400 mil reais em treinamentos para capacitação das pessoas no manual. Fora outros investimentos em treinamentos de atualização da equipe assistencial, reformas, mudanças de processos, horas de trabalho dos profissionais do hospital que estão se dedicando ao processo de acreditação, auditorias preparatórias (simulações) e, é claro, o valor pago à acreditadora.

Tá certo que muitas dessas mudanças podem gerar economias no futuro, mas algumas  melhorias significam sim um aumento de custo. E, assim como não é possível medir o custo total do processo de acreditação, não dá para medir o impacto financeiro de todas as ações também.