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Teleodontologia mostra progresso no Brasil e no mundo

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Embora o Brasil conte com um contingente de um quarto do total de cirurgiões-dentistas do mundo, ainda temos muito caminho pela frente.

Embora o Brasil conte com um contingente equivalente a um quarto do total de um milhão de cirurgiões-dentistas disponíveis no mundo e com mais de 23 mil equipes de saúde bucal para prestar atendimento nas Unidades Básicas de Saúde e Centos de Especialização Odontológica em quase cinco mil municípios, a figura de adultos desdentados ainda é uma imagem frequentemente utilizada para ilustrar miséria e desigualdades do País.

De acordo com dados da pesquisa Saúde Bucal 2010, que avaliou a situação de bocas e dentes dos brasileiros, incluindo o chamado índice CPOD (dentes cariados, perdidos ou obturados), reconhecido pela Organização Mundial de Saúde para avaliar saúde bucal da população, houve uma melhora nos últimos 10 anos, que colocou o Brasil para a posição de baixa prevalência de cáries, segundo critérios da OMS. Ainda assim, quando se considera a faixa de 12 anos de idade, utilizada mundialmente para avaliar a situação da população infantil porque coincide com o início da dentição permanente, 56% das crianças brasileiras são vítimas de cáries. Sem os devidos cuidados, o problema vai se agravando com o passar o tempo, afetando saúde de adolescentes, adultos e principalmente idosos.

Para a FDI (Federation Dentistry International) “embora a carga de doenças bucais esteja diminuindo nos países desenvolvidos, as complicações periodontais estão se tornando mais comum, especialmente em pessoas mais velhas. Principais fatores de risco como o tabaco e o consumo de álcool e uma dieta rica em gordura, sal e açúcar contribuem para uma série de doenças crônicas, incluindo doença bucal”. A FDI estima que 90% da população terá doença bucal ao longo de sua vida, que vão cáries  doenças periodontais a câncer oral, e que apenas 60% da população mundial têm acesso a cuidados bucais.

Neste cenário a doenças bucal se tornou um problema de saúde pública, e como tal não poderia deixar de lado os avanços e benefícios da telemedicina e da telessaúde, que são os princípios da teleodontologia, uma prática que vem avançando em vários países, incluindo o Brasil. Buscando o máximo de potencial da tecnologia de informação, a teleodontologia consiste em atividades de teleassistência, teleducação e teleconsultoria que contribuem para aprimoramento de profissionais, troca de experiências, consulta de segunda opinião e melhoria do atendimento aos pacientes em variadas situações.

Entre as iniciativas mais abrangentes no Brasil destaca-se o Núcleo de Teleodontologia da Universidade de Odontologia da Universidade São Paulo.  Vinculado ao Programa Telessaúde Brasil, do Ministério da Saúde, por meio do Núcleo São Paulo de Telessaúde (FMUSP), atende à sociedade e à faculdade em duas frentes. A primeira é a teleassistência, proporcionando contato direto do profissional inserido no Programa de Saúde da Família com o especialista na faculdade, emitindo segunda opinião em casos nos quais possa haver dúvidas. A outra frente de trabalho é a da Teleducação, em que os professores da unidade capacitam-se em ferramentas eletrônicas para apoio ao ensino presencial e também para cursos à distância.

Mas as experiências de teleodontologia não se restringem a São Paulo. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, Núcleo Técnico-Científico do Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes em Mato Grosso do Sul utiliza teleconsultorias assíncronas e teleeducação com o objetivo de ampliar o acesso dos profissionais às ações de educação e evitar deslocamentos desnecessários de pacientes, aumentando a capacidade de resolução de problemas pelas equipes de saúde.  Até dezembro de 2013 estavam cadastrados no Sistema de teleconsultoria:  2.317 profissionais de saúde, sendo 222 cirurgiões-dentistas e 81 auxiliares de saúde bucal.  Outros Estados, como Rio de Janeiro e Santa Catarina também têm adotado programas de teleducação por meio de webconferência e palestras virtuais dentro da plataforma do Telessaúde.

Além de teleassistência e teleducação, a teleodontologia permite também a realização de telediagnóstico, principalmente em situações que exigem a superação de barreiras geográficas, culturais ou sociais. Exemplo disso foi colocado em prática num Centro de Socioeducação no Paraná destinado a jovens em regime de privação da liberdade.  Para realizar o diagnóstico de lesão de cáries e alterações em mucosa bucal de 102 adolescentes de 15 a 19 anos de idade, cumprindo medida socioeducativa de privação , a condição de saúde bucal de cada adolescente foi documentada por uma câmara fotográfica digital e transmitida por internet para análise à distância. Os dados obtidos por meio do telediagnóstico de lesões de cárie mostraram-se similares aos obtidos no exame clínico presencial. De acordo com a professora Imara Almeida de Almeida Castro, que apresentou tese de pós-graduação sobre este estudo na Universidade Federal do Paraná, a teleodontologia “mostrou-se como uma alternativa viável ao exame clínico tradicional”.

Infelizmente, como toda área de telessaúde, a odontologia ainda necessita de regulamentação específica pois encontra-se em um limbo.  Nesse sentido o legislativo e conselho de classe deveriam ser mais proativos buscando regulamentar e capilarizar a atuação a distância na área de odontologia.