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Seis perguntas para Carlos Goulart, da Abimed

Article-Seis perguntas para Carlos Goulart, da Abimed

Presidente da associação fala sobre a recuperação do setor - que deve fechar o ano com crescimento de 10% - e sobre os planos da entidade para 2014

A indústria médico-hospitalar se recuperou em 2013 e crescerá 10,2% em relação ao ano passado, que foi considerado fraco, com o resultado de 4,2%, de acordo com os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico- Hospitalares (Abimed). A expansão em 2013 fez com que novas vagas fossem criadas no setor totalizando um aumento de 8,7%, com 9,2 mil postos.
Para o presidente executivo da entidade, Carlos Goulart, o crescimento pode ser explicado por uma série de fatores como: demanda reprimida, envelhecimento da população e ascensão de classes sociais. Na entrevista abaixo concedida à FH durante o evento de posse do novo conselho da associação e balanço 2013, Goulart comenta os motivos da expansão e fala sobre as novidades da entidade para 2014, como a parceria com a Fundação Dom Cabral, que ajudará a identificar e promover a inovação nas empresas associadas e sobre os avanços na área das inspeções internacionais.
FH: Neste ano, quais foram os avanços nas inspeções internacionais?
Carlos Goulart: Não é só a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas qualquer agência similar à Anvisa não consegue fazer uma vistoria de toda fábrica que será fornecedora. Todas estão com dificuldade, não é uma característica da Anvisa. Eles se uniram no Forum IMDRF (International Medical Device Regulators Forum) e um dos grupos de trabalho falou em como podemos nos ajudar para resolver este problema. Criaram um grupo de auditoria único para produtos de saúde. Eles formaram um grupo e estão estabelecendo critérios para um terceiro fazer a vistoria, estabelecendo o conteúdo dessa vistoria, que atenderá a todos os países interessados. E quando esse organismo inspetor fizer um relatório desta vistoria, ele entregará para todas as agências e elas concederão o certificado ou não, em função do resultado da vistoria. Esse passo é importante porque ao invés de todas as agências fazerem, quem fará é um organismo terceiro e valerá para todo mundo, essa é uma alternativa. O organismo poderá se reservar o direito e dizer: ?esse produto é tão complicado, que eu quero faze [ a vistoria]?, pois isso é um direito dele, ele pode aceitar ou não. A própria Anvisa continuará fazendo as inspeções, mas a grande maioria o organismo fará o relatório dentro dos critérios que cada organização pede e entregará o relatório para o órgão, e ele concordando com isso, concederá o certificado. Isso é muito bom para todo mundo. Imagina uma fábrica que precisa ser inspecionada todo ano por dez agências? é muito tempo e as próprias agências têm despesas. Este é um excelente passo e por isso estou tão otimista.
FH: O crescimento no setor este ano foi impulsionado pelas novas demandas vindas das manifestações sociais ocorridas?
Goulart: É uma soma de várias contribuições. É sazonal. No ano passado [o setor apresentou baixo crescimento], por exemplo, isso pode ter sido influenciado pela greve da Anvisa. Mas temos que analisar o crescimento ao longo dos anos, que tem sido na ordem de dois dígitos. São vários fatores, podemos começar pela demografia, a ascensão das classes sociais, bônus demográfico (a população ativa é muito maior), o nível de informação é muito maior, a estabilidade da moeda deu recursos e também há o envelhecimento da população e tudo isso em um País que há demanda reprimida. Então, estamos corrigindo deficiências do passado. Ou seja, temos um potencial de crescimento que é o que está sustentando esse crescimento contínuo ao longo dos anos.
FH: Mas este ano também tivemos greve da Anvisa.
Goulart: Sim, mas não foi como o ano passado. No ano passado prejudicou a retirada dos produtos dos portos e a vinda dos produtos para o Brasil.
FH: Então, precisamos analisar o contexto, pois apesar das manifestações terem impulsionado os investimentos, não conseguimos aferir isso ainda, pois eles demoram para ocorrer.
Goulart:
Por isso digo que não dá para analisar apenas um fato. Existem épocas que se vende mais. Por exemplo, diagnóstico por imagem, quando há uma feira aqui, existe um pico, então é importante ver a média.
FH: O foco da Abimed em 2014 será a inovação. Na sua opinião quais são os principais entraves da indústria médica na inovação?
Goulart:
Nós ainda não temos uma cultura de envolvimento entre universidades e indústria, há países que têm universidades muito próximas de indústrias. Talvez faltem políticas que estimulem a aumentar o P& D (Pesquisa e Desenvolvimento).
FH: Com a parceria da Dom Cabral será analisada a inovação nas associadas?
Goulart:
Por trás disso [da parceria] está a ideia de promover a inovação de forma mais rápida, porque as indústrias têm inovações, mas como fazer com que a indústria brasileira faça parte da agregação de valor nessas inovações é o que estamos vendo.