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Samcil arruma a casa para abrir capital

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Nem mesmo a crise no mercado financeiro foi capaz de demover a empresa da meta de fazer uma oferta pública de ações

O ano de 2008 começa em ritmo de maratona para o plano de saúde Samcil, especializado em produtos para classe baixa. Nem mesmo a crise no mercado financeiro foi capaz de demover a empresa da meta de fazer uma oferta pública de ações (IPO, em inglês) no segundo semestre.
Para alcançar esta meta, a corrida ainda é longa. Apesar de não ter problemas de sucessão, costumeiros em empresas familiares, a companhia está fazendo uma reestruturação para simplificar sua estrutura societária e obter maior transparência organizacional e operacional, a exemplo do que fizeram a Medial e a Amil, que foram à bolsa em 2006 e 2007, respectivamente.
Esta não é a primeira vez que a empresa busca financiamento no mercado de capitais. Na década de 70, a Samcil, primeiro plano de saúde do País, também foi a primeira empresa do setor a abrir capital na bolsa de valores. Na época os recursos ajudaram a consolidar seu modelo de negócio verticalizado, isto é, com base em rede própria de atendimento.
O empresário Luiz Roberto Silveira Pinto, que fundou a Samcil nos anos 60, chegou ficar com apenas 26% das ações. Mas com a recessão nos 80, que levou várias companhias à falência e derrubou os papéis da empresa, ele aproveitou para recomprar o negócio.
Hoje, o modelo administrativo almejado pela Samcil é semelhante ao da Medial, que antes de abrir capital, uniu todas as suas empresas sob um mesmo guarda-chuva, Medial Saúde, mas com unidades de negócios distintas: Medial e Amesp (planos de saúde), E-Nova (planos odontológicos), e duas unidades ainda sem denominação para serviços hospitalares e medicina diagnóstica.
No caso da Amil, que também lançou ações, apenas a empresa de planos de saúde e alguns hospitais foram à bolsa. O fundador, Edson Bueno, continua como único dono da Esho, proprietária da maior parte dos hospitais.
Nestes próximos meses, a Samcil ainda terá que fazer a sinergia de 20 empresas menores para dentro da estrutura da Pró-Saúde Planos de Saúde, empresa criada em 2006 para abrigar os ativos da companhia. Mauro Bernacchio, diretor-geral da Samcil é otimista. "No início de 2006, tínhamos 40 empresas diferentes dentro da Samcil", conta. Todas frutos de anos de aquisição. "Desde que entrei aqui, há 10 anos, compramos 20 operações."
O processo de reestruturação está a cargo da Ernst & Young, que fará a auditoria contábil, da consultoria Singular Assessoria Financeira e do escritório Machado & Meyer, que está lidando com as pendências jurídicas. E não são poucas. A Samcil se vê envolvida numa disputa judicial contra a antiga Intersaúde ABC, comprada em setembro de 2006 pela Avimed, por conta de 200 mil beneficiários e três hospital que foram arrendados para a operadora do ABC paulista.
Bernacchio conta que em 1999 a Samcil alugou sua carteira de 200 mil vidas no ABC, juntamente com três hospitais da região, em troca de pagamento de 8% de royalty sobre o faturamento da carteira. "O contrato foi interrompido em 2002, mas eles não devolveram os clientes, só um dos hospitais", conta. Hoje, a empresa briga para conseguir de volta os beneficiários, e também o aluguel não pago dos hospitais, passivo da ordem de R$ 50 milhões.
O plano de saúde já retomou a posse de dois hospitais. Quanto aos clientes da Avimed, Pedro Fazio, superintendente da empresa, afirmou à Gazeta Mercantil no ano passado que a alienação da carteira da Intersaúde, na época com 270 mil beneficiários, foi homologada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sem que constasse nenhum registro em nome da Samcil.
Bernacchio sabe que para ir à bolsa, o ideal é que a empresa conseguisse sanar estas pendências. Como nada indica uma resolução a curto prazo, a Samcil está tirando esses clientes de sua análise contábil. Até então, a rede contava com as 200 mil vidas em seu número de clientes, o que daria um fechamento de 750 mil vidas em 2007. Os números agora são mais realistas: 514 mil vidas no último ano, com aumento 34,9% em relação ao ano anterior. Para este ano, a Samcil espera chegar a marca de 715 mil clientes, fruto de crescimento orgânico e também aquisições.
O executivo tem um orçamento de 30 milhões para a compra de planos de saúde. O valor é menor que o investido em 2007, R$ 52 milhões, quando a Samcil quebrou um jejum de dois anos sem ir às compras com a aquisição de 130 mil clientes das operadoras Lumina Saúde, SIM Saúde e AMA Assistência Médica. Além da compra do Hospital Santa Marta e dois centros médicos, ambos localizados em Santo Amaro, e doze centros médicos em cidades do Alto Tietê, em São Paulo.
Sem contabilizar os hospitais, a empresa encerrou 2007 com uma receita de R$ 328 milhões, um crescimento de 21% em relação a 2006. Com a receita dos hospitais, a rede chegou a um faturamento de R$ 438 milhões. "Nosso objetivo é que os hospitais também façam parte da estrutura da empresa que irá à bolsa", diz.
Sem considerar o crescimento orgânico e novas aquisições, a receita com planos de saúde está prevista em R$ 408 milhões para este ano. A empresa ainda pretende investir R$ 40 milhões na ampliação da rede e inauguração do Hospital Santo André e do Hospital Osasco. Mas para atingir a meta de ter pelo menos um hospital em cada um dos 39 municípios da região da Grande São Paulo, Bernacchio sabe que terá que esperar pelo IPO.
* Reportagem foi publicada no jornal Gazeta Mercantil em 15 de fevereiro de 2008.

TAG: Hospital