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O Que O Pai das Estratégias de Marketing Faria?

Article-O Que O Pai das Estratégias de Marketing Faria?

O Pai das Estratégias de Marketing - Philip Kotler - concedeu uma entrevista à Exame muito legal, que foi publicada ontem.

muito legal, que foi publicada ontem. Se você não o conhece, trata-se de um senhor de 83 anos, professor da Kellogg e escritor de algumas das maiores referências em marketing utilizadas até hoje. Agora, se você é do marketing e nunca estudou Kotler, pense em trocar de área, pois é a mesma coisa que estudar administração e nunca ter lido Porter.

Com toda essa representatividade, Kotler ainda nos faz prestar atenção ao que fala, e na entrevista dada à revista/portal, não foi diferente. Pra começar lhe perguntaram se o marketing mudou.

Você já deve ter lido inúmeros artigos meus falando que o marketing mudou, que está cada vez mais centrado no paciente, que as estratégias de marketing devem contemplar a conquista de clientes através de valores e missões e assim fidelizar o cliente ao se tornar amigo dele. Certo?

Embora Kotler afirme que o marketing não mudou, permanece igual, onde o foco deve estar em seu cliente e suas necessidades, que empresas devem criar e comunicar valores, e por fim satisfazer os clientes, eu digo que mudou pois na saúde poucos adotaram esses princípios de marketing até o momento, ou seja, mudou pois estamos entendendo a importância do estudo do mercado e cliente para o setor da saúde, além de coloca-lo no centro da solução com valores alinhados - Marketing 3.0

Partindo para a segunda pergunta, onde Kotler foi perguntado sobre o que faria se estivesse começando hoje, ele responde que focaria sua carreira nas mídias digitais, parte determinante nas estratégias de marketing de qualquer empresa. Não apenas criar contas nas redes sociais, mas sim aprender a utilizá-las, identificar os clientes, conhecer a fundo seus hábitos, até mesmo para reavaliar as táticas. Nada diferente do que já foi dito aqui.

Complementa ainda a necessidade de compor a equipe que irá gerir e criar essas estratégias de marketing, com profissionais de capacidade analítica, onde busca avaliar o valor, custo-beneífio e outros, sem esquecer técnicas promissoras como o neuromarketing.

Muito próximo ao que foi encontrado em pesquisas da Accenture, Kotler acredita que metade da verba de marketing será empregada à mídia digital, e a outra metade à mídia tradicional (tv, jornal, revistas etc). Acrescenta que ambas podem co-existir perfeitamente, onde a tradicional assume o papel de mostrar a marca para o mundo e a digital se responsabiliza por engajar o cliente.

Uma pergunta que me fez pensar um pouco mais foi a 4ª. Quando questionado às mudanças em áreas nada tecnológicas (podemos pensar na saúde), Kotler cita o marketing antropológico - onde a antropologia se torna uma ferramenta para entender o consumidor a fundo - como algo a ser explorado. Cita inclusive um case da P&G, que muitos de nós estudamos em marketing, onde pesquisadores moram nas casas dos clientes para entender seu público.

O que me fez pensar é como essa técnica poderia beneficiar os pacientes. Imagine se tivéssemos pesquisadores morando nas casas de pacientes e entendendo porque deixam de tomar a medicação, quais problemas enfrentam nas reabilitações, como se sabotam durante as mudanças de hábitos etc.

Uma pergunta que poderiamos pular mas que passa uma mensagem muito clara aos profissionais de marketing, é que o marketing é muito mais que publicidade (sim, marketing não é publicidade, essa é apenas uma das ferramentas de marketing) e ferramentas para promoção e pesquisa. Trata-se de entender profundamente o seu cliente e suprir a sua necessidade com o maior valor (não preço) possível, entender seus medos, suas aspirações, sempre com o objetivo de melhorar a vida das pessoas, e não apenas vender.

É justamente o que falta na maior parte da saúde, ainda. Uma visão de que o marketing e as estratégias de marketing não servem apenas para criar lindos folders, revistas etc. O dia que as instituições escutarem mais esses profissionais, valorizarem mais, com certeza a saúde do Brasil agradecerá, ou você acredita hospitais como Albert Einstein, Sírio-Libanês, Samaritano, grupos de laboratórios e outros stakeholders, reduzem cada vez mais as verbas de marketing? Eu aposto que não.

Aos que ainda acreditam no marketing apenas como publicidade, entendam que o marketing é uma profissão e publicidade outra, com cursos diferentes nas faculdades. Além disso, na cadeira de markerting há administração. Conclusão, o investimento em marketing e não em publicidade, auxilia ainda na gestão dos serviços. A publicidade também é muito importante, mas não no contexto desse artigo, pois assume apenas a função de uma ferramenta para as decisões nas estratégias de marketing.