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O papel da Atenção Primária à Saúde no combate ao novo coronavírus

Article-O papel da Atenção Primária à Saúde no combate ao novo coronavírus

Dr. Cezar

O combate ao novo coronavírus trouxe uma série de desafios para área da saúde. Isso desencadeou algumas reflexões sobre a maneira de atuação do atendimento básico e como os nossos sistemas conseguem suportar essa alta demanda.

O conceito de atenção básica ou atenção primária é o principal pilar do sistema brasileiro, mais especificamente do Sistema Único de Saúde, o SUS. A atenção primária deveria ser a porta de entrada do atendimento, tendo como foco a prevenção, a orientação, o diagnóstico precoce e o acompanhamento contínuo do paciente.

No Brasil, a capilaridade do sistema reforça a possibilidade de atuar na prevenção e não apenas no atendimento curativo.

É certo que existem fatores que precisam ser melhorados. Porém, o SUS é um exemplo para muitas nações e isso acontece principalmente pelo foco do atendimento comunitário e pelas ações regionalizadas.

A ideia da atenção primária não é apenas de atendimento reativo, mas que o agente de saúde faça o acompanhamento contínuo das famílias, delimitando uma linha de atendimento e evitando que as pessoas só procurem os serviços de saúde em situações agravadas.

De certa forma, isso evita a ida contínua aos atendimentos emergenciais, diminuindo as demandas em hospitais e unidades de pronto atendimento (UPAS).

O problema é que para esse sistema se sustentar e ser eficaz a toda a população é preciso investimento contínuo em várias frentes.

E a sociedade pode contribuir com a consciência individual e ações organizadas pelo poder público e pela iniciativa privada.

Chamo a atenção para a necessidade de avaliar formas de reforçar a atenção primária, mesmo com o distanciamento social, para que se tenha um monitoramento ativo da população. Através das prefeituras, mas também das empresas.

No setor privado, há algum tempo, a atenção primária também vem sendo estruturada, principalmente com o uso dos recursos oferecidos pelos planos de saúde, a chamada Saúde Suplementar, que é fortemente custeada por empresas empregadoras.

Mas apenas o uso do plano de saúde impacta diretamente o aumento dos custos de planos e a sinistralidade que é escalonada a cada ano.

Desta forma, é preciso desenhar um modelo de assistência que, além de reduzir os gastos, continue assistindo a população.

Nesse conceito, a estratégia é entender as características de cada população e suas vulnerabilidades para responder de forma individualizada. Assim, é possível integrar ações preventivas e curativas, bem como promover a atenção contínua dos indivíduos.

E as populações podem ser as de funcionários de empresas que, em grande parte, já arcam com o plano de saúde, mas ainda não oferecem ações preventivas.

Dentro da experiência do Imtep, temos exemplos de núcleos de atenção primária que resolvem em média 85% dos casos. Casos que deixam de transbordar para a rede da saúde suplementar, o que reduz a pressão de atendimento e de custos, que invariavelmente são repassados ao contratante do plano de saúde.

Por isso, o acompanhamento estruturado na atenção primária, é tão importante. E os benefícios vão além. Uma empresa que desenvolve um núcleo de atenção básica para o acompanhamento da saúde dos funcionários, neste momento, consegue saber exatamente quais são os grupos de risco para a COVID-19.

Além disso, esse acompanhamento também possibilita avaliar como está o tratamento de cada indivíduo, otimizando a tomada de decisão por parte das áreas de recursos humanos e Medicina do Trabalho. As ações ágeis trarão benefícios a toda equipe, resguardando cada funcionário.

Ao longo dos próximos meses, precisamos ser sensatos e ter consciência de que muitas pessoas ainda vão adoecer. No entanto, é preciso estabelecer uma coordenação de recursos para conseguir dar continuidade nos atendimentos e orientar as pessoas sobre prevenção e como buscar apoio. A forma como vamos reagir a essa crise vai definir nossas condições de retorno para uma nova realidade.

Sobre o autor

Cezar Berger é médico e CEO do Grupo Implus de saúde empresarial