faz parte da divisão Informa Markets da Informa PLC

Este site é operado por uma empresa ou empresas de propriedade da Informa PLC e todos os direitos autorais residem com eles. A sede da Informa PLC é 5 Howick Place, Londres SW1P 1WG. Registrado na Inglaterra e no País de Gales. Número 8860726.

O desafio das glosas no equilíbrio financeiro de hospitais privados

Article-O desafio das glosas no equilíbrio financeiro de hospitais privados

glosas-hospitais-privados.png
Como os hospitais estão enfrentando e superando os impactos financeiros das glosas médicas, garantindo eficiência e sustentabilidade no setor de saúde.

O sistema de saúde brasileiro tem enfrentado um cenário bastante desafiador nos últimos anos. Exemplo disso são os hospitais privados, que se deparam com resultados cada vez mais reduzidos, margens comprometidas e dificuldade de geração de caixa operacional. Para tal, contribuem muito as glosas - ou seja, as negativas, por parte dos planos de saúde, em pagar por procedimentos e serviços, o que pode ocorrer por diferentes motivos, entre os quais divergências de valores, inconsistências de dados e falta de documentação. 

O impacto negativo das glosas nos resultados financeiros dos hospitais se traduz não apenas em perda de receita, mas também no aumento de custos, pois os hospitais acabam tendo de investir em pessoal, sistemas e processos para contestar as glosas, gerenciar as cobranças e acompanhar os recursos. Em uma espiral, as glosas podem, portanto, prejudicar o fluxo de caixa e a liquidez dos hospitais, comprometendo sua capacidade de honrar seus compromissos financeiros e investir em melhorias. 

De acordo com a Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), em 2023 o índice médio de glosas iniciais (ou seja, antes da realização de recursos para recuperação) entre os hospitais associados foi de 11,89% da receita. A boa notícia é que existem hospitais que estão conseguindo caminhar na contramão desse cenário. Um levantamento da Falconi, maior consultoria brasileira de gestão empresarial, revela que muitos de seus clientes no setor conseguiram avançar significativamente no tema, com reduções entre 14% e 32% das glosas iniciais e aumento de 22% a 120% na recuperação de receitas que tinham sido 'glosadas', o que gerou impacto positivo na ordem de até dezenas de milhões no caixa de algumas dessas instituições, de acordo com seu porte e patamar alcançado. 

O avanço se deve a projetos que não apenas focaram na gestão em si, mas também no uso de tecnologia e na gestão de pessoas. Têm se mostrado importantes iniciativas para a eficiência em glosas a implementação de indicadores e pontos de controle corretos em cada etapa do ciclo da receita, o desenvolvimento de dashboards para auxiliar os gestores na tomada de decisão, a integração de diversas áreas administrativas e assistenciais dos hospitais para garantir uma visão sistêmica e integrada sobre os comportamentos e seus impactos no resultado econômico e financeiro das organizações. 

Para tanto, são de fundamental importância o engajamento da liderança e o comprometimento da equipe com uma mudança de atitudes. Sobretudo, é preciso disciplina para a construção e implementação de planos de ação capazes de endereçar as oportunidades identificadas. Vale lembrar, ainda, o papel da tecnologia. Sua adoção deve se dar de maneira integrada e com a implementação correta. Garantindo os ajustes de processo e treinamento das pessoas envolvidas, a tecnologia se mostra um fator comprovadamente eficaz na obtenção de eficiência para redução de glosas. Ainda que seja uma "doença" de nome feio e progresso rápido, a glosa tem cura e prevenção. 

*Vinicius Brum é vice-presidente da Falconi para Saúde e Farma, Saneamento, Educação e Setor Público.