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Menos “Mais Médicos” e mais telemedicina

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No início do governo atual, muitas promessas foram feitas para a saúde, mas outros investimentos poderiam ser mais efetivos que os atuais.

Início de mandato de governo, em geral, é cercado de esperança e expectativas de melhorias. Contrariando a regra, o atual governo brasileiro, a pouco mais de um mês da sua largada, está envolvido num ambiente nefasto de corrupção, fisiologismo partidário e barganhas imorais que disseminam pelo País em profundo sentimento de desânimo, incerteza e desconfiança. Apesar disto, ou justamente por isto, a sociedade brasileira não pode abrir mão de exigir o que lhe é devido, em contrapartida pela alta carga tributária a que é submetida, e de cobrar firmemente o que foi prometido nas bocas das urnas como soluções para os problemas de saúde, educação, segurança pública e outros.

Enfim, mais tudo que possa seduzir o eleitor, criando a falsa sensação de que o SUS, repentinamente, poderia atender mais de 140 milhões de pacientes sem filas nem demora.

O que provoca o desfile de propostas fantasiosas para a saúde em campanhas eleitorais é a gravidade dos problemas que refletem uma assistência médica precária, com má distribuição geográfica dos médicos, falta de equipamentos ou de manutenção, escassez de profissionais de enfermagem, falta de treinamento, e todo tipo de desperdício de recursos por falta de gestão. Tudo isto é agravado pelos desafios de um país com dimensão continental, longas distâncias para deslocamento de profissionais e pacientes, locais de difícil acesso e comunidades vivendo em áreas remotas como as populações indígenas, por exemplo.

Neste quadro crítico há uma grande oportunidade para o governo: mais telemedicina. Entre outros benefícios, só para enumerar alguns, a telemedicina reduz a pressão de custos sobre o de sistemas de saúde, resultando em melhor prevenção e qualidade de cuidados com menos visitas ao médico, amplia o acesso aos serviços de saúde para todos, pode capacitar pacientes para gerir a própria saúde por meio de monitoramento remoto, permite o gerenciamento de doenças crônicas com menos custo e mais eficácia, é excelente ferramenta para formação contínua e aperfeiçoamento de profissionais.

A telemedicina está sendo implantada como política pelo governo de Angola, na África, do mesmo modo que está sendo utilizada no Obama Care, a reforma do sistema de saúde promovida pelo atual presidente americano. O Brasil criou um programa de telessaúde em 2007 com um projeto piloto envolvendo nove Núcleos de Telessaúde em universidades do Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo. Em 2011 o programa passou a ser denominado Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, tendo como objetivos, melhoria da qualidade e agilidade do atendimento na Atenção Básica dentro do SUS, redução de custos e do tempo de deslocamentos, fixação de profissionais em locais de difícil acesso e otimização de recursos. No mesmo ano o Ministério da Saúde publicou uma prestadia instituindo quatro atividades prioritárias: teleconsultas, telediagnóstico, segunda opinião formativa e teleducação.

Outros estados, além do que estavam no projeto piloto, implantaram núcleos de telessaúde e têm reportado experiências bem sucedidas. No âmbito do Ministério da Saúde, no entanto, infelizmente não há registro de iniciativas marcantes num  campo onde as oportunidades de melhoria e redução de custos são amplas. Com mais telemedicina o País daria uma demonstração de competência, melhoraria significativamente a qualidade e isto até poderia contribuir para resgatar a esperança da população que anda tão abalada ultimamente.  Afinal se usarmos corretamente as ferramentas tecnológicas não precisaremos de mais médicos, pois todos sabemos que a suposta “falta de médicos’ é por má distribuição e não por falta de médicos.  Com mais telemedicina não precisaríamos do controverso “mais médicos”.