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Desafio de design thinking de Stanford: perdas cognitivas

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Assim como o que foi promovido pela Mayo Clinic em parceria com a consultoria de design IDEO (tema do post anterior), atualmente, mais um desafio de design thinking mobiliza o cenário de inovação em produtos e serviços voltados para idosos.

mobiliza o cenário de inovação em produtos e serviços voltados para idosos. Sem a pretensão de conceituar o que seja design thinking, creio ser importante ao menos citar uma definição, já que isso não foi feito naquela ocasião. De acordo com Tim Brown, CEO da IDEO, “o Design thinking é uma abordagem de inovação centrada no humano, que aproveita os recursos do designer para integrar as necessidades das pessoas, as possibilidades da tecnologia e as exigências para o sucesso do negócio”. Quando projetando para idosos com Design thinking, portanto, a sugestão de Gretchen Addi, especialista em envelhecimento da equipe de Brown, é conhecer profundamente sobre as particularidades do estágio de vida em que a pessoa se encontra, os desafios com os quais está lidando e os assuntos que o interessam e apaixonam. Mas nunca, em hipótese alguma, pensar que se está trabalhando com um público uniforme, só porque dentro de uma mesma faixa etária “idosa”. Isso significa ignorar a diversidade de experiências que caracterizam o envelhecimento humano.

A importância deste preâmbulo, além de suprir a necessidade de se fazer uma introdução (ainda que brevíssima) ao design thinking, é chamar a atenção do leitor para a singularidade do desafio que ora cobrimos.  Se no que foi abordado primeiro as propostas a serem enviadas pelo público podiam ser dirigidas a diferentes aspectos do envelhecimento, neste, promovido pelo Stanford Center on Longevity (centro de estudos sobre envelhecimento que funciona dentro da universidade de mesmo nome) em parceria com a empresa Aging 2.0, existe um foco: as questões enfrentadas por idosos que têm perdas cognitivas. A perda cognitiva existe quando a pessoa tem problemas em lembrar-se, aprender novas coisas, concentrar-se ou tomar decisões que afetam sua vida cotidiana. Há diferentes graus de perdas cognitivas, de leve a severa, passando por moderada, em função dos quais varia o nível de comprometimento da independência da pessoa. Naturalmente, a condição de perda cognitiva implica, para o projetista, em pensar uma especificidade, e não um fato geral para pessoas iguais (no caso, idosos).

Além disso, há a questão de se colocar no lugar do outro, indo à fundo na sua experiência. Para tal, à semelhança do desafio proposto pela parceria Mayo Clinic/IDEO, o processo de criação começou com uma consulta a pessoas envolvidas na situação de perdas cognitivas (incluindo os próprios pacientes, embora esse caso tenha ocorrido em menor número). À pergunta “Quais são os principais desafios ligados à maximização da independência de alguém com perdas cognitivas?”, foram dadas respostas que diziam respeito à necessidade de melhora do humor, à mensuração do grau de comprometimento, a reminders (qualquer tipo de suporte externo para ajudar a memória), à questão da solidão e da participação, à segurança e ao treinamento de cuidadores formais e informais.

Ao total, foram submetidas 52 propostas de 15 países diferentes. Na metade de janeiro, os finalistas serão anunciados pela banca de juízes. Enquanto aguardamos o resultado para saber que projetos foram escolhidos, cito uma solução extremamente curiosa e, ao mesmo tempo, de grande sensibilidade (tal como é exigido pelos desafios de design thinking), que surgiu para lidar com uma questão comum em pessoas que têm perdas cognitivas. Instituições de longa permanência que abrigam estes pacientes com frequência têm que sair em sua busca, pois eles, não reconhecendo o seu entorno, são acossados com um anseio súbito de “voltar para casa” (sendo que, muitas vezes, não têm mais casa própria ou família).

Posto isso, na Alemanha, em 2008, uma dessas instituições criou uma parada de ônibus em frente a sua sede. Igual a todas as outras, só que os ônibus não a utilizam. Os pacientes, ao verem a parada e suas luzes de sinalização de trânsito, pensam que ali passará o ônibus que os levará para casa. Eles sentam no banco, e ficam aguardando. Como não vem ônibus algum, depois de alguns instantes, não lembram mais porque estão ali. Então, um funcionário da instituição se aproxima e convida-o para um café, retornando à instituição. Ou seja, em vez de tentar convencer o paciente que ele está “enganado”, e que a casa dele é a própria instituição, permite-se um trânsito mais tranquilo entre aquilo que ele experimentou em sua doença e a realidade. A ideia deu tão certo que outras instituições de longa permanência adotaram o “ponto de ônibus fantasma”. Veja a matéria sobre o caso.

Retornarei ao desafio de design do Stanford Center on Longevity após a divulgação dos resultados.

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