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COVID-19: Testar, testar e testar

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Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, “testar, testar e testar” deve ser um mantra na estratégia de combate ao coronavírus. Os testes são de extrema importância tanto para direcionar os esforços da saúde pública quanto para alinhar o melhor tratamento para os indivíduos. Porém, em todo o mundo, faltam testes diagnósticos para a COVID-19. Cingapura, Taiwan, Hong Kong e Coréia do Sul deram o exemplo de testagem massiva e mostraram para os outros países quão benéfica é essa estratégia.

A testagem, é inclusive, um pedido de prioridade da OMS para às agências nacionais de saúde. Desde o início da pandemia se enfatizou o valor da velocidade em três frentes cruciais: a identificação de casos sintomáticos, o rastreamento dos clusters das pessoas que tiveram contato com o indivíduo e o consequente isolamento social. Os testes são a base do trabalho do detetive de saúde pública para impedir uma epidemia ainda maior. "Você não pode combater um vírus se não souber onde ele está", disse Tedros Adhanom. “Encontre, isole, teste e trate todos os casos, para quebrar as cadeias de transmissão. Todos os casos que encontramos e tratamos limitam a expansão da doença.”

Deve-se observar ainda, que os testes em larga escala tem uma função muito maior do que somente identificar e isolar os casos. Eles provêm informações sobre a doença: progressão epidêmica, como o vírus se comporta em diferentes climas ou grupos populacionais. Dados ajudam virologistas a monitorar a natureza e possíveis mutações da COVID-19. Pode-se dizer que testar a população em geral é, reunir evidências sobre as suposições feitas até o momento e ter um termômetro sobre o plano de resposta ao coronavírus, dentro dos recursos disponíveis.

O que se vê hoje é a ponta do iceberg. Naturalmente, só é possível testar positivo para o COVID-19 se for realizado um teste em primeiro lugar. Existe uma correlação positiva entre os testes realizados e os casos confirmados. Isso não significa necessariamente que os países que fizeram mais testes realmente tenham mais casos, somente que existem mais casos conhecidos. Esse é motivo de muitos especialistas não considerarem a taxa de mortalidade como um KPI nesse cenário. Se um país tiver a política de testar apenas os casos graves, obviamente a taxa de mortos por detectados é maior. Isso pode dar uma falsa métrica de que países com testagem massiva tem uma melhor resposta de tratamento ao coronavírus, pois morrem menos pessoas por pessoas infectadas. Na verdade, somente poderia-se considerar a taxa em questão como indicador caso a testagem fosse em massa, incluindo assintomáticos e pessoas com sintomas leves, e padronizada.

“Fomos obrigados a nos organizar, melhorar nossas infraestruturas e otimizar nossos fluxos de atendimento. Além disso, nos vimos com uma alta demanda tendo de garantir a aquisição de insumos tanto do mercado interno quanto do externo a fim de prover o maior número possível de exames à população", disse a diretora executiva da Abramed, Priscilla Franklim Martins. Parte do sucesso asiático se deve ao prévio enfrentamento à SARS, uma síndrome respiratória também causada por um coronavírus em 2003. Desde então houve um grande investimento e preparação para uma eventual próxima crise, incluindo capacidade laboratorial e treinamento de profissionais da saúde

Segundo Priscila, houve uma resposta positiva rápida no Brasil. Nas semanas iniciais após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no país já era possível realizar centenas de exames moleculares RT-PCR ao dia. Hoje, as principais redes públicas e privadas já realizam milhares de exames diariamente. No entanto, isso ainda não significa disponibilidade de recursos para testagem em massa.

No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é priorizar, realizando a testagem apenas em casos graves de pessoas com suspeita de coronavírus, profissionais de saúde e segurança com sintomas respiratórios. Entre as associadas à Abramed, atualmente a capacidade de realização de exames é de 15 mil testes por dia e a previsão é de que essa capacidade seja aumentada com a entrada de mais exames sorológicos. No dia 21/04 a lista de testes para COVID-19 foi zerada para pessoas elegíveis que aguardavam análise.

“Atender a alta demanda tem sido um desafio que estamos conseguindo vencer inclusive com parcerias entre os setores público e privado. Temos mais de 209 milhões de habitantes e sabemos das dificuldades para garantir que todos possam realizar os exames, mas os esforços para ampliar a capacidade diagnóstica de COVID-19 estão sendo feitos e os resultados percebidos.”, disse a diretora.

“Mas existem outros desafios que surgem diante de uma pandemia como, por exemplo, as mudanças necessárias para que possamos garantir os atendimentos [dos serviços diagnósticos] essenciais. As gestantes, por exemplo, precisam seguir com seus exames periódicos, assim como diversos outros grupos que requerem assistência continuada.”, conclui ela sobre os principais desafios e perspectivas desse setor frente à pandemia.

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