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Como programas de residência ajudam a manter os altos custos do sistema?

Article-Como programas de residência ajudam a manter os altos custos do sistema?

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E se pudéssemos reduzir 7% dos custos do sistema de saúde treinando médicos de maneira diferente?

Muito do que os profissionais de saúde aprendem em programas de residência, sejam eles médicos ou multiprofissionais,  envolvem aspectos técnicos dos cuidados, mas alguns pontos de cultura de trabalho também são passados entre os profissionais. Os profissionais em treinamento acompanham os mentores e, assim, aprendem a encaminhar um caso ou pedir um exame de imagem. Não há a melhor prática, é uma questão de cultura de sistema que é passada de geração em geração profissional.

Fitzhugh Mullan, professor de medicina e políticas de saúde da George Washington University, publicou uma nova pesquisa sobre as instruções sutis passadas e que têm impacto financeiro em nossos sistemas de saúde. Residentes que treinam em regiões com altos custos de saúde  continuam a praticar uma medicina cara após a graduação - mesmo se eles mudarem para partes mais low-cost.

Os pesquisadores já avaliam os custos de saúde nos Estados Unidos há muitos anos. Em um projeto chamado Dartmouth Atlas, foi visto que partes do país gastam cerca de duas vezes mais que  outras, mesmo que a população não esteja doente o suficiente para justificar tal diferença.

Esta nova análise, portanto, sugere que parte da variação está na maneira como o sistema treina os médicos: na residência, muitos adquirem uma prática que vai demorar anos para ser revertida

“Mesmo oito ou quinze anos depois, isso mostra que alguns médicos ainda têm padrões extremamente e persistentemente caros”, disse Elliot Fisher, que dirige o Instituto Dartmouth para Políticas de Saúde e Práticas Clínicas.

No Brasil, os padrões de custos estão bastante associados com os de qualidade das instituições. Nas regiões com mais disponibilidade de recursos, vemos uma maior concentração de instituições de qualidade, como é o caso de bairros e macro-regiões dentro da cidade de São Paulo.

Neste novo estudo, eles olharam para 2800 médicos de atenção primária que terminaram suas residências entre 1992 e 2010 e examinaram onde foram treinados e que tipo de região era, se cara ou barata em termos de saúde.

O treinamento pareceu importar bastante: médicos treinados em partes mais caras do país apresentaram 7% mais de gastos - uma adição de $522 anualmente - que aqueles treinados em áreas com custos menores.

Segundo o JAMA, uma maneira de reduzir os custos do sistema de saúde americano é o treinamento de mais residentes em áreas low-cost. Eles aprenderiam, assim, a serem mais econômicos, mantendo a qualidade do atendimento e do sistema.

Trazendo isso para a nossa realidade,  podemos mudar o ensino dos médicos brasileiros, criando uma cultura de menos desperdício com manutenção ou aumento de qualidade?