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Como grandes corporações podem aprender com startups?

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Especialistas compartilham as visões e a estratégia empresarial do uso da cultura de startups em grandes corporações.

Quanto maior a empresa, mais difícil é o processo de inovação. Por isso, em um painel com Marcelo Toledo, da Oi Internet, Marco Stefanini, fundador da Stefanini e Cyro Dhiel, presidente da Oracle do Brasil, as visões e a estratégia empresarial da criação de uma startup e do uso da cultura de startups em grandes corporações foram compartilhadas com o público do evento CASE 2014.

Atualmente, a Stefanini tem 2,4 bilhões com mais de 18 mil funcionários, e é uma empresa de aplicações que implanta produtos da Oracle, por exemplo, de desenvolvimento de produtos, gestão de data center, suporte técnico e BPO.

Segundo Marcelo Toleto, existe uma afirmação de senso comum que diz que as grandes corporações são massas mais lentas e devem aprender com as pequenas. De acordo com Cyro, as empresas maiores são mais lentas e graças à governança e compliance, principalmente as multinacionais que devem trabalhar da mesma maneira no mundo inteiro e a estratégia empresarial dificilmente permite inovação. “O responsável por uma inovação dificilmente é uma empresa grande, geralmente são as startups.”

“O que faz manter as gigantes vivas é a rapidez de seguir as empresas pequenas.”, quando perguntado sobre as inovações. Nos últimos 8 anos, a Oracle já investiu mais de R$50 bilhões na compra de novas startups para a integração na operação da Oracle.

Segundo Marco, as empresas têm de desenvolver o espírito empreendedor dentro dos seus processos normais, ter gana de crescimento como estratégia empresarial e acelerar o processo de mudança para que seja inovadora. Ele concorda com o Cyro, dizendo que as grandes inovações vêm de empresa pequena.

Há combinações de empresas pequenas e grandes que podem funcionar bem. As empresas de tecnologia têm uma tradição de absorver as startups da área, integrando em seu processo, usando a tecnologia em escala industrial e trazendo para o seu negócio. Já nas empresas de serviços, esta compra é mais difícil, mas acontece com a incorporação de novos serviços e da criação da cultura empreendedora.

Marcelo observa que as fusões e aquisições são uma forma de manutenção da empresa no topo do mercado. Como funciona o gatilho da compra de empresas?

A estratégia empresarial para aquisição de startups, segundo Cyro, é apoiada em três pilares: Estratégia executiva, que mostra quais as tendências;  arquitetura, que pensa como seria o mundo ideal com todas as tecnologias adquiridas pela empresa e; propósito da empresa, que não pode mudar ou ter o foco desviado de acordo com a aquisição.

Cyro disse que, na Oracle, eles utilizam alguns sistemas para garantia da qualidade. A primeira lição é “Se é uma decisão importante para a empresa, não delegue.”, a segunda é o acompanhamento rígido da área comercial. Toda semana eles têm reunião de forecast com datas de trabalho, fechamento, histórico e os dados que garantem que a empresa vai ficar aberta. A última lição é a manutenção do propósito e os valores da empresa. “Nunca mude os valores da empresa.”

Marco disse que todo empreendedor precisa ter uma parte comercial. Se não tem negócio, não tem empresa. É preciso ter uma disciplina financeira que vai guiar a empresa durante todo o seu crescimento. A primeira lição é o desenvolvimento de pessoas, é preciso saber liderar pessoas. A segunda é o cuidado com a burocracia para que haja facilidade em casos de investimento e para a organização da empresa ao longo do crescimento. “Se você está começando um negócio, você precisa entender de psicologia e direito”.

No Brasil, estamos começando ainda. Segundo Cyro, o brasileiro cria as empresas para que elas sejam bem-sucedidas no Brasil e, como a Oracle é multinacional, não compra empresas brasileiras, porque precisa de uma aquisição global.

Para Marco, “recriar o modelo Califórnia não faz sentido”, a gente precisa criar um modelo brasileiro, mas com foco no mercado global. O Brasil ainda pensa muito localmente e, por mais que tenhamos ideias de fora, ainda somos muito provincianos. Ele ainda diz que é importante ter um plano B: é necessário criar uma empresa que seja flexível e capaz de sofrer mudanças.

Para Cyro, “Participar de fóruns e de eventos como o CASE é de extrema importância para que a empresa tome o próximo passo.” Para Marco, “é necessário remar contra a maré” e o mercado brasileiro é enorme e permite que o empreendedor aprenda a alavancar a empresa para fora. “O empreendedor brasileiro consegue associar visão de negócio, design à tecnologia em si, muito mais que os profissionais de fora. Quanto aos pontos que precisamos melhorar, devemos nos organizar melhor e falar inglês.”

“Independente do governo brasileiro, devemos defender a bandeira do empreendedorismo. O Brasil não pode caminhar somente para o assistencialismo, até porque, para distribuir, precisamos gerar riqueza.”, Marco Stefanini.