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Como Criar um Sistema que Gere Valor a Todos Stakeholders?

Article-Como Criar um Sistema que Gere Valor a Todos Stakeholders?

Sistemas de Saúde que geram valor, Empreendedorismo, Tecnologia e Inovação
Os serviços de saúde enfrentam grande questionamento por parte da sociedade, tanto no setor público como no privado. Mas o setor privado, em especial, tem passado por momentos de dificuldade operacional e de sustentabilidade. Como vencer o desafio e criar um sistema que gere valor a todos stakeholders?

Os serviços de saúde enfrentam grande questionamento por parte da sociedade, tanto no setor público como no privado. Mas o setor privado, em especial, tem passado por momentos de dificuldade operacional e de sustentabilidade.

As dificuldades são conhecidas: pressões regulatórias para ampliação contínua de serviços não previamente precificados (o problema está na impossibilidade de readequar preços em face dos novos custos, e não na discussão da propriedade das novas coberturas), falta de recursos humanos preparados, escassez de estrutura hospitalar capacitada para atender à demanda crescente, custos médicos crescendo em patamares muito superiores à inflação convencional (muito em decorrência dos custos abusivos de órteses, próteses e outros materiais especiais, bem como da explosão dos custos com contenciosos judiciais) etc. Como consequência final, a qualidade das experiências pessoais após utilização tem sido insatisfatória, bem como a relação dos usuários com os prestadores e operadores do sistema.

Como resolver um problema tão grave sem aplicar propostas de mudanças profundas no modo de operação do sistema atual? A estratégia de mudança terá que ser, obrigatoriamente, inovadora em sua essência.

Uma estratégia que envolva, deliberadamente, mudanças de postura na busca por maior eficiência. Porém, talvez uma das maiores mudanças que os sistemas privados de saúde terão que passar, será na forma como a oferta de serviços é delineada. As empresas de saúde devem construir sistemas centrados nos pacientes, acessíveis e com benefícios reais para todos. Valores para todos.

Delineando serviços centrados no paciente

A reestruturação das operações de saúde para atender aos pacientes deve começar pela forma como ofertamos os serviços. Os serviços de saúde ambulatoriais podem ser agrupados de modo a facilitar a utilização (e não inibi-la), reduzindo o risco de interrupção do cuidado ou da sua fragmentação.

Em termos mais práticos, por exemplo, uma unidade ambulatorial que recebe pacientes para seguimento gestacional pode concentrar em suas dependências toda a coleta de exames laboratoriais e realização de exames de imagem que garantam um seguimento adequado durante os meses que antecedem o momento do parto. Pode também oferecer o serviço de educação pré-parto conduzido por profissionais diversos integrados ao cuidado assistencial planejado, incluindo além do apoio médico, as assistências psicológica e nutricional.

Todos integrados no debate das melhores práticas, com inserção de atividades presenciais individuais e em grupo, para recepção de dúvidas e "empowerment" para mudanças reais de comportamentos indesejáveis.

Todos utilizando prontuário eletrônico único e com inserção também de dados objetivos padronizados de acordo com práticas baseadas em evidências que reconhecidamente melhoram os resultados asssitenciais.

Um serviço assim organizado, centrado nas necessidades do paciente, pode ampliar os resultados do cuidado ambulatorial e reduzir a necessidade de busca por pronto-socorros e internações hospitalares, já que potencialmente reduz o risco de deterioração clínica, indesejável a todos.

Muito importante: este serviço exemplificado pode ter avaliação dos resultados obtidos periodicamente, para retorno ao paciente sobre eventuais possibilidades de ganho residual, e para retorno aos profissionais de saúde sobre as lacunas assistenciais que poderão ser aprimoradas em intervenções futuras. Sempre focando nos resultados medidos por condição clínica, e não agrupando-os por especialidades médicas, como habitualmente se convencionou.

Entre os resultados que devemos buscar estão os indicadores clínicos intermediários (relacionados ao cumprimento de etapas processuais que garantam operações padronizadas e com maior chance de benefício final) mas, sobretudo, os indicadores clínicos de desfecho (aqueles que consideram períodos mais longos na linha do cuidado, e não apenas frações pontuais). Nunca esquecer de avaliar a percepção do paciente frente aos serviços, em termos de satisfação.

Medir os resultados relevantes pode rapidamente reduzir os custos em saúde, viabilizando ganhos reais e mais valor para os pacientes. Como já foi amplamente debatido por diversos autores, há três maneiras de gerar valor em saúde:

  1. Melhorando resultados sem elevar custos
  2. Reduzindo custos sem comprometer resultados
  3. Melhorando resultados com redução de custos

As oportunidades são inúmeras, e estão disponíveis em vários setores da operação pública e privada dos serviços de saúde no Brasil. A eficiência operacional deve ser perseguida pelos operadores dos serviços à exaustão, sempre buscando a entrega contínua de valor a todos.

Existe uma recompensa adicional 

Ao setor privado de saúde ainda existe uma grande recompensa, além das já mencionadas: provedores com maior valor serão mais competitivos, permitindo ampliar sua participação no mercado.

No setor hospitalar este diferencial já está sendo observado, com prestadores competindo por mais valor entregue aos pacientes e aos demais stakeholders. Cada vez mais serão desejados e procurados, garantindo sustentabilidade longeva.

Onde está a competição nos mesmos moldes no setor ambulatorial? Como anda a comparação por melhores resultados, levando em consideração os resultados que realmente interessam aos pacientes? Estamos competindo por mais valor no seu serviço?

Em última análise, muito a fazer. Mas é relevante observar que não há nada impossível ou inatingível. E mais, quase todos os conceitos debatidos são tão óbvios e com potenciais benefícios reais, que ficamos perplexos em diagnosticar que existem poucos players liderando a ação, desenvolvendo planejamentos estruturados para tal e concretamente oferecendo mais valor, principalmente na visão mais ampla possível do ciclo do cuidado.

Esta discussão passará por muitas outras abordagens, pois há inúmeros outros tópicos não debatidos neste artigo. Mas pode ir muito além, se levada aos círculos de profissionais que gerenciam e conduzem os serviços de saúde onde você trabalha. Pratique.

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