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Como aplicar a neurociência em seus negócios?

Article-Como aplicar a neurociência em seus negócios?

Entenda um pouco mais sobre a tendência do marketing. Conheça o neuromarketing, que envolve a neurogestão, neuroeducação e outras áreas de neurobusiness. Saiba como foi a primeira edição do Neurobusiness Expo Forum.

Com a finalidade de debater sobre alguns dos braços da neurociência aplicada, ou simplesmente, o "neurobusiness", nos dias 16, 17 e 18 de maio, ocorreu em São Paulo a primeira edição do Neurobusiness Expo Forum. Por tratar de temas como a neurogestão até a neurosaúde, o neurobusiness é de interesse de profissionais de diversas áreas. Prova disso são os profissionais da área econômica, da saúde, do marketing e professores que marcaram presença no fórum, presentes tanto entre os palestrantes, como entre quem foi conferir o evento. 

Na edição deste ano, o tema central foi o neuromarketing. A imersão na mente do consumidor foi explorada nos três dias tanto pelo viés econômico, buscando explicar as motivações de quem adquire um produto (textura de embalagens, cores e campanhas publicitárias que geram envolvimento, por exemplo) bem como pelo viés científico, esclarecendo alguns dos processos fisiológicos e estruturas anatômicas do encéfalo envolvidos no comportamento do consumidor. Ao longo do evento, mesmo os profissionais de fora da área da ciência/saúde desmonstraram conhecimentos biológicos da neurociência, o que certamente trouxe muita credibilidade para alguns dos trabalhos lá exibidos.

Para entender um pouco mais sobre o neuromarketing, conversei com Pedro Camargo, CEO da Educorp e professor universitário, que apresentou o workshop "Neurociência do consumidor: o comportamento de consumo masculino x feminino". Segundo ele, o simples ato de servir café para um cliente faz com que o mesmo crie lembranças do momento. A explicação é a produção de dopamina, um neurotransmissor, estimulada pela cafeína no cérebro.


Respostas Antigas Para Situações Novas 

Outro fato interessante é a diferença entre homens e mulheres na hora da compra. Enquanto homens costumam ser mais objetivos e menos pacientes para ouvir informações sobre um produto (comportamento descrito como "get in, get it and get out"), as mulheres passam mais tempo escolhendo, atendo-se aos detalhes. Uma situação equivalente seria a do homem caçador e a da mulher coletora, responsável pela agricultura, na pré-história, como Pedro mostrou em seu workshop. Em suma, muitos de nossos comportamentos, na essência, são os mesmos. A diferença são as tarefas de ontem e de hoje.

Ao longo do forum também foram apresentadas ferramentas da neurociência para estudar comportamentos. Recursos como o eye tracking, o eletroencefalograma (EEG), o eletrocardiograma (ECG) e até mesmo a ressonância magnética funcional são tidos como capazes de auxiliar o estudo do neuromarketing. O esclarecimento técnico a respeito de alguns desses recursos foi feito pela neurologista e neurofisiologista Sílvia Laurentino, que ao longo de sua palestra elucidou a influência das emoções nos processos decisórios, com foco nas decisões de compra. "Neurociência aplicada é o que eu quero que as pessoas façam", resume a médica.

Discussão também presente foi em torno da neuroliderança, abordada por Marcelo Csermak na palestra "Neuroliderança - A Neurociência No Mundo Corporativo". Segundo Csermak, quando um líder dá instruções ou comandos de forma inadequada, isso é entendido como uma ameaça pelo sistema nervoso dos membros do grupo. Novamente, há um comportamento primitivo por trás da reação: ocorre a queda da capacidade cognitiva (e logo, da produtividade) pela ativação do sistema límbico, que atua na reação de luta e fuga do homem. Em contraste, quando emoções positivas são propiciadas, a capacidade de resolução de problemas cresce. 

A Importância do Autoconhecimento

A autoconsciência, como pontuou Marcelo, seria uma forma de criar a liderança compassiva, capaz de entender e ter mais empatia com a equipe. Citando outros contextos, tais como entre profissionais da saúde e advogados, Csermak afirma que o autoconhecimento é importante para qualquer profissional. Um dos caminhos para atingi-lo, segundo o doutorando em ciências pela UNIFESP, seria o "mindfulness", um conjunto de exercícios mentais capaz de, entre outras coisas, controlar o estresse diário, potencializando virtudes e gerando o reconhecimento de defeitos pessoais.

Neuroeducação

A pedagoga Suzane Morais, diretora presidente do conselho consultivo da Neurobusiness Association, instituição que coordenou o evento, conta que a neurociência é essencial para a construção da aprenzidagem. Nesse sentido, a neuroeducadora defende uma educação auxiliada por princípios neurocientíficos. Para o próximo forum, diz Suzane, um dos temas centrais poderá ser a neuroeducação. 

Em meio a tantas palavras guiadas pelo "neuro" e seus significados, uma das mensagens que fica é a nossa necessidade imperativa de autoconhecimento. Se queremos ser melhores como médicos, empresários, empreendedores e demais profissões, só o faremos se conhecermos um pouco mais do Homo sapiens que há em nós. Já dizia a antiga máxima grega, "Conhece-te a ti mesmo".