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CEO: qual jogo você quer jogar, o do valor ou do preço?

Article-CEO: qual jogo você quer jogar, o do valor ou do preço?

Aswath-Damoradan (Foto: Openspace/zen)
Aswath-Damoradan (Foto: Openspace/zen)
Conhecer a si próprio. Saber se você é um bom negociador, se tem um perfil conservador ou agressivo é determinante para jogar o jogo dos negócios

Uma aula com um dos mais consagrados professores de finanças do mundo, autoridade em Valuation (termo em inglês para "Avaliação de Empresas"), Aswath Damoradan, rendeu alguns pontos de interrogação na cabeça por causa do vocabulário altamente financeiro, mas também gerou conhecimento, que compartilho aqui com os interessados em saber como se aumenta o valor de um negócio e como se avalia uma empresa na hora de planejar investimentos.

A primeira lição é conhecer a si mesmo, o que te estimula, quais são seus pontos positivos e, com isso, decidir que caminho estratégico vai seguir na condução dos negócios. Mas essa escolha também deve ser recheada de perguntas, até encontrar clareza nas respostas, sempre de acordo com o seu perfil, e nunca com foco em imitar cases que já deram certo.

Passar pela análise de preço e valor de uma companhia quando se quer comprar ou investir nela é inevitável, mas como isso será feito é que vai depender se o seu interesse é de curto ou longo prazo, se os números são o aspecto de maior importância ou se é o histórico da companhia, e vai depender até, segundo Damoradan, do bom humor dos envolvidos.

Há quem se considere um bom negociador, e se atraia pelos números e investimentos momentâneos. Este, segundo o professor indiano, em geral se pauta pelo preço e compõe a maioria dos investidores ou especuladores. Por outro caminho vão os que têm o foco no valor, que pensam mais a longo prazo, gostam de histórias e olham aspectos fundamentais como: fluxo de caixa, risco do fluxo de caixa e taxa de crescimento. Obviamente isso não é uma regra e, para Damoradan, o ideal é que ambos os lados sejam trabalhados em cada um, para a melhor assertividade.

Quatro a cada dez empresas destroem valor, mesmo enquanto estão crescendo no mercado, justamente por não fazerem as análises e projeções corretas. “Existem muitos dados atualmente, mas não muita informação. Informação são dados trabalhados, e isso ainda é pouco feito atualmente”, disse o professor de Finanças da Stern School of Business, na Universidade de Nova York.

Quatro são os passos básicos para estabelecer o valor de uma empresa: saber quais são os fluxos de caixa que provém dos ativos atuais; qual o valor que você vai agregar com o crescimento futuro; quanto é o risco do fluxo de caixa; e quando sua empresa será madura. Para o professor, uma empresa madura possui um crescimento de caixa a uma taxa constante, em linha com a economia, ou até um pouco abaixo.

Outra conta rápida e imprescindível para mensurar se o crescimento é sustentável é medir o valor agregado em comparação ao reinvestimento futuro necessário. “O resultado tem que ser sempre maior do que o quanto você tem que reinvestir. Crescer bem é ter foco, taxa de retorno do capital alta e isso é raro”, disse, lembrando que a governança corporativa é importante para minar a destruição de valor das companhias.

Perfis

Pessoas de números

-Adotam demonstrativos contábeis como fatos, sem levar em conta os aspectos subjetivos

-Munidos de dados, têm a ilusão da precisão

-Têm a ilusão que são isentos, ou seja, imparciais

-Têm a ilusão de achar que têm o controle da situação

-Intimidam, mas não convencem

Para ele, o risco de inconsistências internas de uma valuation pautada apenas em números é grande.

Pessoas de história/narrativa

-São convencidas a investir pelas histórias/narrativas

-São persuasivas e envolventes, e conseguem levantar fundos por meio de suas histórias

-Apelam para emoção e usam pouco a razão

-Têm a ilusão de que estão mudando o mundo

-Acham que as pessoas de números não são criativas e nem sonhadoras

Os riscos das narrativas é quando elas se tornam verdadeiros contos de fadas, sem nenhum compromisso com o contexto dos fatos.

O ideal, para Damoradan, seria unir os dois perfis e trabalhar nos gargalos de cada um. De acordo com ele, a capacidade de auto iludir-se do ser humano é infinita. “Só loucos trabalham no mercado de companhias áreas por exemplo. Não é viável operar uma companhia aérea”, ressaltou, lembrando de outros segmentos como o da telefonia, o que me fez automaticamente lembrar do setor de saúde, e me perguntar: só loucos trabalham na Saúde?

Conhecer a si próprio e o que se quer parece ser a chave do sucesso em meio ao jogo dos negócios. “Não tente agradar analistas. Não se distraia. Ter mentalidade aberta é importante.”

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*Em breve mais lições de Damodaran. O portal Saúde Business esteve no Seminário Damodaran on Valuation & Corporate Finance, promovido pelo HSM Educação Executiva entre os dias 1 e 2 de julho, em São Paulo.

TAG: Gestão CEO