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Associações buscam reforçar protagonismo

Article-Associações buscam reforçar protagonismo

Na visão de seus líderes, há muitas entidades representativas, mas pouca participação efetiva dos membros

Uma das definições de associativismo diz que o conceito trata de uma forma de organização social usada como instrumento à satisfação das necessidades. Parece simples, mas em muitos casos - no da saúde, por exemplo - a dificuldade dos agentes em estabelecer pautas de apelo coletivo e as diferentes realidades de um país que convive com gigantescas disparidades sociais fazem com que as entidades representativas fiquem numa constante luta por consolidação, a fim de liderar, de forma protagonista e coesa, as demandas do segmento.
Um dos problemas crônicos do modelo de associação é a falta de participação efetiva. "Vivemos num país que tem ao mesmo tempo a seca do Nordeste e as cheias da Amazônia. São várias situações diferentes. Então precisamos ter as diretorias em peso, precisamos levar as discussões para a base, precisamos fazer isso chegar ao interior", sugere o presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Luiz Aramicy Bezerra Pinto, que clama por entidades mais sólidas. "Hoje no Brasil você tem várias entidades associativas, mas você precisa de um núcleo de pessoas para ajudar, não uma diretoria de dez que é sempre representada por dois", completa.
O presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), José Reinaldo de Oliveira Jr., concorda. "Hoje só se justifica a criação de novas entidades estaduais se for para serem ativas. Ter mais uma que não desenvolva trabalhos e que os associados não dão valor, não faz sentido. Pró-atividade nos torna mais fortes", considera, antes de narrar um exemplo clássico do poder das negociações em comum.
"A gente semanalmente discutia um ponto com o governo que interessava a um associado, mas a outros também. No debate, o representante do governo olhou e viu que aquela demanda era para a respectiva entidade e disse: 'eles já tiveram aqui e não vamos atender'. Ou seja, eles foram individualmente buscar uma solução e acabaram nos prejudicando, porque ficou taxado como intenção específica deles".
Oliveira acrescenta ainda que vê no país uma falta de engajamento que em outros locais é menos crônica. Segundo o gestor, "isso precisa fazer parte do nosso DNA", para que não se repitam situações onde instituições maiores, com caminho livre no contato com ministros, governos e secretários, acabam enfraquecendo a coletividade ao marchar sozinho por uma causa ?e não necessariamente alcançam os objetivos", completa.
Apesar disso, o representante das filantrópicas celebra a boa participação das associações em algumas discussões relevantes: na Constituição de 1988, por exemplo, quando foi reconhecida a isenção e a preferência pelas entidades filantrópicas na contratação de serviços do Sistema Único de Saúde; no processo de contratualização, onde hoje há um incentivo financeiro para quem se adequa à questão; e na arrecadação de recursos da Timemania para ações de santas casas, hospitais sem fins lucrativos e entidades de reabilitação física para que seja possível instalar uma rede nacional de videoconferências para capacitação e treinamento, interligando as instituições.
Por fim, ambos acusam uma grave deficiência na comunicação entre as partes, na busca por conceitos coletivos e no compartilhamento de ideias e problemas, num cenário em que diversas entidades são associadas a vários núcleos e têm questões mais do que semelhantes. Tanto para Aramicy quanto para Oliveira, as lideranças estão despidas de vaidades e têm intensificado os encontros regulares. Falta muito para tornar o modelo mais efetivo, admitem, na mesma medida que têm na sinergia entre as partes envolvidas o trunfo para uma melhor gestão da saúde.

TAG: Hospital