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A tecnologia na medicina pós coronavírus

Article-A tecnologia na medicina pós coronavírus

Isabela Abreu, CEO RedFox

Nunca se falou tanto em ciência e medicina. A pandemia do Coronavírus escancarou a necessidade da evolução de processos e tecnologias de atendimento à saúde. Não que a demanda não existisse antes: ela estava o tempo todo aí e era apontada por alguns visionários (ou seriam realistas?) que há algum tempo percebiam que o modelo tradicional dos hospitais tinha gaps de ineficiência que poderiam ser facilmente resolvidos pela tecnologia.

Sempre existiram os entusiastas da inovação, mas a verdade é que mais gente pensava assim antes. A pesquisa “Conectividade e Saúde Digital na Vida do Médico Brasileiro”, realizada em fevereiro deste ano pela Associação Paulista de Medicina, mostrou que 90% dos médicos acreditam que as tecnologias digitais com alto padrão de segurança e ética podem ajudar a melhorar a saúde da população. Além disso, 63% deles responderam que já utilizam tecnologia em seus consultórios para o armazenamento de informações do paciente.

É claro que todo mundo sabe que a tecnologia é importante para o atendimento à saúde. A questão é que a pandemia traz um novo marco para o setor: haverá uma medicina antes e outra pós Coronavírus. Isso porque as demandas geradas pela doença, as tecnologias já desenvolvidas no mundo inteiro para enfrentá-la e a experiência de atendimento remoto forçada pela quarentena criaram um novo conceito de atendimento médico. A pergunta é: como os hospitais, clínicas ou consultórios responderão a essas mudanças?

Durante algum tempo o medo de que a tecnologia trouxesse risco ao atendimento à saúde impediu que o setor avançasse. Sim, é verdade que esse é um segmento mais complexo e que não pode aceitar transformações digitais de forma displicente. Mas, como vimos, a resistência à tecnologia pode trazer prejuízos ainda maiores. É preciso entender, de vez, que o digital pode ajudar a salvar vidas, trazendo mais eficiência para o atendimento nos hospitais, assertividade nos diagnósticos e inteligência de dados para tomada de decisões.

Vamos pensar em exemplos práticos? Inteligência Artificial. É possível usá-la para avaliar exames, identificar padrões e oferecer diagnósticos preliminares em um espaço de tempo que nunca será possível para um humano. Nesse contexto de pandemia, por exemplo, essa tecnologia foi usada na China para diagnosticar o Coronavírus com alto nível de assertividade e em poucos segundos. Mas é possível aplicá-la a outros contextos.

Outro exemplo é a telemedicina, que pode levar atendimento de qualidade a milhares de pessoas, independente de onde estão. O modelo também descongestiona os prontos socorros, uma vez que, em muitos casos, o atendimento básico pode ser feito à distância. Essa é uma possibilidade ainda mais real quando pensamos no Brasil, um país de dimensões continentais e com uma distribuição tão desigual de profissionais de saúde. De acordo Associação Médica Brasileira, 39 cidades com mais de 500 mil habitantes concentram 60% dos médicos, enquanto os 40% atendem o restante da população em todo o Brasil.

Os aplicativos também são um recurso valioso para essa medicina digital. Durante a pandemia do Coronavírus eles têm sido muito utilizados no mundo para monitoramento da população e até de detecção de proximidade de pessoas infectadas. Mas as possibilidades são diversas: é possível utilizá-los para acompanhamento da saúde de pacientes em recuperação, idosos e monitoramento de pressão, batimento cardíaco, glicose, entre outros.

As fronteiras estão mais largas, percebe? A tecnologia oferece novos e melhores caminhos para o atendimento médico e isso está mais claro por causa da pandemia. Nunca se falou tanto em ciência e em medicina, mas também nunca se falou tanto em como a tecnologia pode levá-las a um novo patamar. Temos a visão e as ferramentas à nossa frente: o que mais pode nos impedir de transformar de vez a medicina por meio do digital?

Sobre a autora

Isabela Abreu é CEO e fundadora da RedFox, empresa de transformação digital. Além disso, é pós-graduada em Economia Internacional pela University of Paris I: Panthéon-Sorbonne e alumni do Stanford Bio Design em parceria com o Einstein.