Em um cenário de reinvenção acelerada, o setor de saúde tem demonstrado ganhos de produtividade significativos com o uso da inteligência artificial generativa (genIA). Os dados da 28ª edição da Global CEO Survey, pesquisa realizada pela PwC que entrevistou mais de 4,7 mil líderes de empresas em mais de 100 países, incluindo o Brasil, revelam um otimismo crescente em relação à adoção dessas tecnologias.

Eficiência e ganhos financeiros com a genIA 

A pesquisa aponta que 58% dos CEOs de empresas de saúde no Brasil relataram melhorias significativas na eficiência do uso do tempo dos funcionários com a implementação da IA generativa, superando a média geral de 52% para todos os setores. No campo financeiro, 35% dos líderes do setor de saúde no Brasil identificaram um aumento na receita proveniente do uso de IA, um desempenho ligeiramente superior à média nacional de 34%. 

“Os números são claros: a IA generativa está impulsionando a produtividade e a eficiência dentro do setor de saúde, e a tendência é que esse cenário só se amplie à medida que as empresas se adaptam à transformação digital”, comenta Bruno Porto, sócio e líder da indústria de Saúde da PwC Brasil. 

Em relação à confiança na IA, 53% dos CEOs de saúde brasileiros demonstraram alta confiança na integração dessa tecnologia em processos-chave, superando tanto a média nacional (51%) quanto a média global do setor (33%). 

A reinvenção do setor e a urgência por inovação 

De acordo com a pesquisa, 47% dos CEOs de saúde no Brasil acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente em mais de dez anos sem uma reinvenção significativa. Este número reflete um crescimento no reconhecimento da necessidade de mudança, pois no ano passado, 42% dos líderes já previam essa exigência. 

“A pesquisa mostra que as empresas estão apostando na inovação tecnológica, especialmente com a integração da IA generativa. Essa reinvenção tem se concentrado em entender melhor a base de clientes e em novas formas de precificação, com a tecnologia desempenhando um papel central nesse processo”, afirma Bruno Porto. 

Desafios da adoção da IA e o futuro da transformação digital 

Embora o uso da genIA esteja gerando resultados positivos, a pesquisa aponta que a adoção generalizada ainda enfrenta obstáculos. Apesar da tecnologia já demonstrar resultados promissores em termos de aumento de receita e lucratividade, a realidade ainda está aquém das expectativas. Em 2023, 52% dos CEOs do setor acreditavam que a IA geraria aumento significativo nos lucros, mas a pesquisa deste ano indicou que apenas 35% experimentaram esse impacto. 

No entanto, os dados mostram que a adoção de IA não está levando a uma diminuição no número de empregos. Apenas 10% dos líderes disseram ter reduzido o número de funcionários, enquanto 6% aumentaram a contratação de profissionais devido aos investimentos em tecnologia. 

“Embora os resultados financeiros ainda não sejam tão expressivos quanto o esperado, é importante destacar que a IA generativa tem um enorme potencial disruptivo. As empresas precisam entender que a tecnologia não vai substituir empregos, mas sim melhorar a produtividade e a qualidade do trabalho”, avalia Bruno Porto. 

A importância das plataformas tecnológicas e a Lei do Bem 

Nos próximos três anos, 97% dos CEOs de saúde no Brasil consideram prioritário integrar a IA em plataformas tecnológicas, 84% nas estratégias de força de trabalho e 84% em processos de negócios. A maior parte dessa transformação está focada em melhorar os fluxos de trabalho e capacitar os profissionais para utilizar a IA em suas atividades diárias. 

“A disposição do setor em avançar com essas transformações tecnológicas é muito maior do que a média global e nacional. A digitalização do setor de saúde é uma necessidade urgente, e a Lei do Bem pode ser uma ferramenta crucial para que as empresas se destaquem nesse processo”, afirma Bruno Porto. Ele reforça que a Lei do Bem, uma política de incentivo fiscal à inovação, pode ser decisiva para que as empresas saiam na frente na transformação digital do setor de saúde. 

Expectativas econômicas e o cenário de crescimento no Brasil 

Os CEOs de saúde no Brasil demonstram otimismo quanto à economia do país. Segundo a pesquisa, 72% deles esperam uma aceleração da economia nos próximos 12 meses, um índice que está acima da média global do setor (57%) e da média nacional (73%). Esse otimismo é sustentado pela confiança nos fundamentos econômicos do Brasil, apesar de desafios como a alta taxa de juros e a instabilidade cambial. 

“Apesar dos desafios econômicos atuais, como juros altos e câmbio volátil, os fundamentos da economia brasileira continuam sólidos. O Brasil segue sendo um dos maiores receptores de investimento estrangeiro direto e está em uma trajetória de crescimento do PIB acima da média mundial”, observa Bruno Porto. 

O otimismo é também alimentado pelas reformas estruturais que o país vem implementando, como a reforma tributária e a Lei do Bem, que estimulam a inovação. Bruno destaca que, se o Brasil continuar a implementar reformas profundas, o otimismo no mercado será ainda mais fortalecido. 

Desafios e perspectivas para o setor de saúde 

Embora o setor de saúde esteja otimista, as principais ameaças identificadas pelos CEOs são a disrupção tecnológica (34%) e os riscos cibernéticos (31%). Esses fatores devem ser monitorados com atenção, uma vez que a velocidade da transformação digital pode gerar desafios inesperados, como a necessidade de adaptação dos processos e a proteção contra ameaças virtuais. 

“Os riscos cibernéticos são uma preocupação crescente, especialmente à medida que as plataformas tecnológicas e a IA se tornam mais prevalentes. No entanto, a disrupção tecnológica também é uma oportunidade. As empresas que souberem se adaptar rapidamente terão uma vantagem competitiva significativa”, afirma Bruno Porto. 

Um futuro promissor, mas com desafios a serem superados 

O uso da inteligência artificial na saúde é um caminho promissor, mas os desafios culturais e de adaptação de processos ainda são grandes barreiras. A pesquisa da PwC reflete que, enquanto a tecnologia já mostra seus frutos, a verdadeira mudança virá quando o setor conseguir superar essas barreiras culturais e se reorganizar para aproveitar plenamente o potencial da IA. 

Bruno Porto conclui: “A digitalização da saúde é uma transformação sem volta, e aqueles que se prepararem para incorporar a IA de forma estratégica estarão à frente. O Brasil tem tudo para ser protagonista nessa jornada, desde que os desafios sejam superados de maneira estruturada.”