O envelhecimento da população brasileira e a mudança no perfil de consumo das famílias tornam o setor de saúde cada vez mais estratégico. Apesar dos desafios, esse cenário abre espaço para novas oportunidades, inclusive no mercado de capitais, ainda subexplorado pelas empresas do segmento. 

Com o objetivo de debater tendências e perspectivas do setor, o Citi Brasil realizou a primeira edição do Citi Healthcare Day, reunindo representantes de mais de 50 empresas, incluindo provedores de serviços de saúde, indústria farmacêutica, distribuidores e operadoras de planos de saúde. 

Desafios e potencial de crescimento 

Durante o evento, o presidente do Citi Brasil, Marcelo Marangon, destacou o crescimento do consumo de serviços e produtos de saúde nos últimos anos. Segundo ele, “é um setor estratégico, com desafios, mas também com grandes oportunidades”. 

Marangon apresentou uma pesquisa do Citi realizada em 2024 com mais de 750 líderes empresariais ao redor do mundo. O estudo revelou que a gestão de custos é a principal preocupação para 59% dos entrevistados do setor de saúde, uma queda em relação aos 72% do ano anterior. Por outro lado, 38% dos executivos afirmaram buscar estratégias para expandir seus negócios de forma escalável e simplificada. 

Mercado de capitais e financiamento 

Uma das alternativas para viabilizar essa expansão é o mercado de capitais, que ainda tem baixa representação do setor de saúde na bolsa brasileira, com apenas 14 empresas listadas. Segundo Rafael Pagano, head de healthcare no Investment Banking do Citi Brasil, o setor tem potencial de valorização, apesar dos desafios conjunturais e regulatórios recentes. 

O acesso ao mercado de capitais, por meio de emissão de dívida, abertura de capital ou fusões e aquisições, foi apontado como uma possibilidade para acelerar o crescimento das empresas do setor. “O mercado de capitais é uma alternativa relevante para financiamento de longo prazo, crescimento e melhoria da governança corporativa”, afirmou Marcelo Millen, head de Equity Capital Markets do Citi para a América Latina. 

Mudanças econômicas e perspectivas para o setor 

O economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, ressaltou que a atividade econômica no setor de serviços, incluindo a saúde, tem apresentado resultados positivos no PIB nos últimos quatro anos. Segundo ele, o consumo tem migrado cada vez mais para serviços em vez de bens, padrão observado também nos EUA e na Europa. “O Brasil está envelhecendo mais rápido que a União Europeia, o que exigirá mais investimentos em cuidados médicos, tanto no setor privado quanto no SUS”, analisou Porto. 

Tendências e inovação 

O evento também abordou os impactos da reforma tributária no setor e as perspectivas da gestão de dados e da inteligência artificial na saúde. Durante uma mesa-redonda, executivos como Vitor Asseituno, presidente e cofundador da Sami, e Rodrigo Pereira, CEO da A3Data, discutiram como a análise de dados e novas tecnologias podem impulsionar a eficiência operacional e melhorar a experiência do paciente. 

O Citi Healthcare Day reforçou a relevância do setor de saúde para a economia e as oportunidades que ainda podem ser exploradas, tanto em investimentos quanto em inovações que impactem a qualidade e a acessibilidade dos serviços de saúde no Brasil.