A Rede Buriti-SD, com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), estabeleceu uma parceria com o Grupo Fleury para a criação do primeiro biobanco brasileiro dedicado exclusivamente à pesquisa sobre a síndrome de Down (SD). O projeto tem como objetivo avançar no conhecimento científico e aprimorar o cuidado com a saúde das pessoas com SD no país. O início das coletas está previsto para março de 2025, com previsão de conclusão no final de 2026. 

O biobanco irá armazenar e analisar amostras biológicas, fornecendo uma base de dados para estudos futuros. A coleta envolverá 650 participantes com mais de seis anos de idade, incluindo adultos e idosos com SD, em polos distribuídos por oito estados e todas as regiões do Brasil: São Paulo (São Paulo e Campinas), Acre (Rio Branco), Distrito Federal (Brasília), Espírito Santo (Vitória), Ceará (Fortaleza), Alagoas (Maceió) e Paraná (Curitiba). As coletas serão realizadas em domicílio, em polos e laboratórios conveniados, visando acessibilidade e representatividade. 

Papel do Grupo Fleury na análise das amostras 

O Grupo Fleury será responsável pela análise diagnóstica das amostras, incluindo a confirmação da trissomia do cromossomo 21 por meio do exame de cariótipo de sangue periférico, além de exames hematológicos, hormonais, bioquímicos e biomarcadores inflamatórios. Os dados coletados contribuirão para a criação de uma base de referência brasileira, inexistente até o momento, e permitirão diagnósticos mais precisos, além de aprimorar o acompanhamento clínico de condições comuns em pessoas com SD, como distúrbios endócrinos e predisposição a leucemias. 

De acordo com a Maria Carolina Tostes Pintão, head médica de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury, a iniciativa busca ampliar o conhecimento sobre a saúde das pessoas com SD, permitindo que famílias e profissionais de saúde tenham acesso a informações mais completas para um cuidado mais eficaz ao longo da vida. “A maioria das referências utilizadas para diagnosticar e tratar pessoas com SD são de estudos internacionais, que nem sempre refletem a realidade da nossa população. Esperamos que esse biobanco contribua para diagnósticos mais precisos e cuidados personalizados”, destaca. 

Biobanco e banco de dados para pesquisas futuras 

O professor Orestes Forlenza, coordenador da Rede Buriti-SD e pesquisador responsável pelo projeto, ressalta que a parceria com o Grupo Fleury possibilitou uma solução eficiente e custo-efetiva para a logística e análise das amostras. Vinculado à Faculdade de Medicina da USP, o Biobanco da Rede Buriti-SD será representativo da Coorte Brasileira de Pessoas com Síndrome de Down, ambos estruturados para apoiar pesquisas na área. 

Além do biobanco, a Rede Buriti-SD também desenvolverá um banco de dados com informações sociodemográficas e de saúde dos participantes, promovendo uma compreensão mais ampla sobre os impactos da síndrome ao longo da vida. O projeto representa um avanço inédito na pesquisa sobre a síndrome de Down no Brasil, contribuindo para a geração de conhecimento e aprimoramento do atendimento clínico.  

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