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Entrevista exclusiva: Edgar Rizzatti, do Grupo Fleury, fala sobre parcerias e os impactos no negócio

Article-Entrevista exclusiva: Edgar Rizzatti, do Grupo Fleury, fala sobre parcerias e os impactos no negócio

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O Grupo Fleury fez novas parcerias para oferecer uma melhor jornada ao paciente. O executivo ressalta a importância de escolher bem seus parceiros e os desdobramentos que essa decisão pode ter

O Grupo Fleury, ao longo dos últimos anos, vem firmando parcerias que têm como objetivo proporcionar a melhor qualidade ao longo da jornada do paciente. Desde negócios com grandes hospitais até startups voltadas para a inovação na área da saúde, a empresa está sempre em busca de parceiros que possam agregar valor ao seu negócio.

Na entrevista a seguir, concedida por Edgar Gil Rizzatti, presidente de Unidades de Negócios Médico, Técnico, de Hospitais e Novos Elos do Grupo Fleury, o executivo falou sobre a importância estratégica de escolher parceiros adequados e os impactos que essa decisão pode ter.

Ele comenta também sobre os desafios em garantir uma colaboração sólida e uma visão conjunta de sucesso, além de destacar o papel da liderança na identificação, gestão e fortalecimento das parcerias.

SaúdeBusiness.com: O Fleury estabelece parcerias com empresas diversas. Vocês têm uma joint venture com o Einstein, a Gênesis Análise Genômica. Na área de pesquisa, fazem parcerias com diversas instituições. Qual é a importância de estabelecer parcerias nesse mercado?

Edgar Gil Rizzatti: As parcerias nos ajudam a evoluir na geração de valor aos nossos pacientes. No caso dessa parceria específica, com o Einstein, identificamos que havia uma complementaridade muita significativa. Primeiro, constatamos que estávamos resolvendo os mesmos problemas cada um a seu modo, no sentido de criar produtos e exames em genômica.

Esse é um mercado com possibilidade de crescimento exponencial e sabemos que esse talvez seja um dos mercados em que o ganho de escala faz a maior diferença, do ponto de vista econômico, no sentido de reduzir bastante os custos. Quando olhamos as possibilidades de complementaridade, vimos que teríamos uma possibilidade de combinação de portfólio. O Fleury tem um portfólio amplo em algumas áreas, como oncologia, e o Einstein traz um portfólio importante em algumas áreas com histórico de grande conhecimento, como fertilidade.

Além disso, o Einstein é uma instituição reconhecida e tem grande acesso aos médicos nos hospitais. Nós temos uma ampla rede de relacionamento e de negócios, de unidades de atendimento pelo Brasil e capacidade logística. Poderíamos expandir e trazer amostras em genômica de qualquer lugar do país. Também há a complementaridade de conhecimento de bioinformática, que também passou a fazer parte da parceria.

Diante de tudo isso, consideramos que fazia sentido essa união por conta da geração de valor.

SaúdeBusiness.com: Quais critérios vocês adotam na hora de estabelecer parcerias? Por exemplo, na escolha do Hospital Israelita Albert Einstein para a joint venture?

Rizzatti: O primeiro ponto é buscar, unindo as nossas competências e as do parceiro, a oportunidade de geração de valor para o paciente, principalmente. Essa geração de valor pode tanto ser econômica, com valor econômico adicionado, quanto por meio de geração de valor no aspecto social, via parcerias. Essa é uma vertente que temos desenvolvido cada vez mais em linha com as práticas ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance; em português, Ambiental, Social e Governança).

Também é importante que as parcerias sejam feitas com instituições que tenham convergência de princípios, valores e de aspecto éticos conosco, que sejam coerentes, compatíveis com o que temos dentro de casa. É dessa maneira que conseguimos construir relações de confiança. Por mais que as parcerias aconteçam entre empresas, elas se dão por intermédio de relações interpessoais.

No caso do Einstein, houve esse alinhamento, o que nos deixou muito confortáveis para criarmos uma relação de confiança e evoluir em todos os passos que uma joint venture envolve, desde a sua concepção até o início das operações, que vai acontecer em breve.

SaúdeBusiness.com: Quais são os grandes desafios que você tem em criar elos com o mercado?

Rizzatti: Temos chamado de Novos Elos, no Grupo Fleury, as novas especialidades em que passamos a atuar, além da medicina diagnóstica, nos últimos anos, como ortopedia, oftalmologia, fertilidade, infusão de imunobiológicos e centros cirúrgicos ambulatoriais, nos quais fazemos procedimentos de média complexidade.

Além disso, temos a área de Saúde Digital, em que oferecemos serviços de pronto atendimento por telemedicina e atenção primária à saúde, por um modelo parte presencial e parte digital. Nesse contexto, temos buscado modelos de atuação que propõem a integração da jornada de cuidado do paciente. Temos feito isso, por meio de parcerias com empresas e operadoras, para trabalhar novos modelos de negócio.

 Muitos baseados em valor, via cocriação com operadoras e empresas interessadas, para customizar o que o mercado requer com toda as competências que podemos oferecer nessas diferentes especialidades. Somos reconhecidos por sermos bastante flexíveis com as necessidades do parceiro e por prestarmos serviços integrados que podem contribuir com a sustentabilidade do setor de saúde.

SaúdeBusiness.com: Na missão de escolher bem os parceiros e lidar com os desdobramentos no negócio, qual é o papel pessoal da liderança na identificação, gestão e fortalecimento dessas parcerias? 

Rizzatti: As lideranças têm o papel fundamental de garantir que todo esse conjunto de princípios éticos, do propósito e dos valores sejam compartilhados, além de garantir o engajamento das pessoas dentro da organização, uma vez que a parceria é formada. Novos projetos e parcerias envolvem mudanças, que quase sempre tiram as pessoas de sua zona de conforto. As lideranças precisam garantir que o conceito de que “juntos somos mais fortes” seja concretizado naquela parceria. Isso só acontece com uma liderança forte, atuante, que consengue engajar as pessoas para contribuirem com o que têm de melhor em prol da parceria.

SaúdeBusiness.com: Como a cultura organizacional pode influenciar a escolha de parceiros e o sucesso da parceria? 

Rizzatti: A cultura organizacional influencia em todos os aspectos de uma parceria – princípios éticos, propósito e valores têm como pano de fundo a cultura da organização. Temos que garantir que em diferentes geografias, diferentes marcas - e dependendo do tipo de parceria que firmamos, com diferentes iniciativas – que haja alinhamento cultural. Temos que avaliar como o projeto vai ser absorvido pelo filtro da cultura organizacional e buscar maneiras para que a convergência se estabeleça da melhor maneira possível, porque se não houver alinhamento cultural, fica muito difícil a iniciativa prosperar.

SaúdeBusiness.com: Quais são as perspectivas para novas parcerias nos próximos anos?

Rizzatti: Estamos ativos em relação à procura por novos parceiros em diferentes frentes. Temos buscado muitos processos de cocriação, no sentido de firmar parcerias que vão desde a concepção e planejamento de um novo projeto, para que possamos conseguir condições ideais, no sentido de fazer um investimento em conjunto, de pensar a parceria no contexto de um conceito baseado em valor.

Queremos ter alternativas com fornecedores, operadoras, parceiros com os quais tínhamos relação de concorrência, com hospitais e diferentes entes da cadeia de saúde. Isso é algo que buscamos ativamente com essa atuação mais abrangente. Em Novos Elos, temos a possibilidade de interagir com uma gama maior de parceiros, e dentro dos princípios que mencionei, buscamos construir novas parcerias que visam gerar valor ao paciente e às partes interessadas.

Texto: Cristina Balerini