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Teleconsultorias: uma realidade que já começou

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Imagine um atendimento em saúde pública sem filas ou necessidade de passar por vários profissionais da saúde até encontrar a razão do problema e dar início ao atendimento.

Agora imagine tudo isso funcionando nos locais mais remotos do Brasil, e a população carente sendo devidamente atendida na hora, sem sobrecarregar o Sistema Único de Saúde, em função de uma triagem qualificada feita através de teleconsultorias. Isso é o que começa a ocorrer no Brasil, onde o SUS já conta com diversas tecnologias de informação integradas para reduzir custos, eliminando muitas vezes a necessidade de deslocamento e minimizando as filas nos grandes hospitais.

No Brasil, a iniciativa do programa é do Governo Federal, que formou diversos núcleos de telessaúde em vários estados da Federação. Um núcleo que se destaca é o Telessaúde RS/UFRGS, que vem apresentando resultados surpreendentes em atenção primária à saúde. Desde 2007 acumula mais de 10 mil respostas às teleconsultorias, das quais 81% foram assíncronas e 19% síncronas, solicitadas por 2777 profissionais de saúde servidos pelos 216 pontos que servem 325 equipes da ESF em 128 municípios do Estado do Rio Grande do Sul.

Os temas das teleconsultorias são os mais variados possíveis: os profissionais das unidades de saúde entram em contato com outros profissionais, à distância, para tirar dúvidas a respeito de doenças frequentes: como hipertensão, diabetes, asma, doença cardiovascular, doenças musculoesqueléticas, pré-natal, doenças sexualmente transmissíveis, doenças de pele, entre outras. Esclarecidas em tempo real ou de forma assíncrona, essas informações ajudam o processo de tomada de decisão clinica dos profissionais, e ainda auxiliam a conscientização da população, diminuindo as filas de espera e salvando vidas; o  atendimento especializado é feito apenas para casos que realmente precisem disso. No RS, o núcleo de telessaúde é bem sedimentado – e vem servindo de exemplo para o restante do Brasil – a cada duas teleconsultorias evita-se um encaminhamento para um especialista.  Já são cerca de 22 mil solicitações por parte dos profissionais de saúde somente no estado gaúcho. Em todo o Brasil a estratégia já alcança 35 mil médicos utilizando esse tipo de tecnologia.

Existem duas possibilidades de interação: a primeira é o serviço assíncrono, onde a pergunta é respondida em até 72h após ser feita; a segunda é o serviço síncrono, que é feita através de sistemas de webconferência ou via telefone 0800. A ferramenta de conferência adotada, que registra um uso crescente na área, é o Mconf, desenvolvido por uma equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em parceria com um grupo de desenvolvedores do Canadá. O Mconf é um sistema de Conferência Web baseado em software livre. A ideia é possibilitar que usuários distantes geograficamente interajam por meio de áudio, vídeo, imagens, apresentações, compartilhamento de tela, quadro de notas e bate-papo, tudo através do navegador web.

Conhecida também como eHealth ou Telehealth, a telessaúde já possui vários exemplos de sucesso ao redor do mundo, onde já existem padrões internacionais definindo os formatos de uso e armazenamento dos registros médicos dos pacientes. Muitas iniciativas ainda não estão oficializadas em decorrência de questões éticas e de privacidade a respeito dos usuários dos sistemas de saúde. De um lado temos profissionais buscando tomar decisões com o maior número possível de informações sobre o paciente, e do outro temos pacientes receosos de informar tudo a seu respeito temendo a quebra do seu sigilo, o que constitui um 'conflito de interesses' como afirmam especialistas da área.

Promissora em suas perspectivas, a telessaúde não é apenas uma tendência tecnológica que promete melhorar o nível de comunicação entre os profissionais da saúde, seja no nível do SUS ou mesmo entre os serviços da iniciativa privada. Não se trata mais de considerar os eventuais conflitos que por ventura ainda possam existir, mas de regulamentar as eventuais exceções que ainda possam atrapalhar o fluxo dessa prática, e em consequência, da realidade.

Qualificar a prática das equipes de Saúde da Família do interior do RS e aumentar sua resolutividade, incidindo tanto sobre a prática clínica, como sobre o processo de trabalho da equipes.