A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo tornou-se pioneira ao implementar, em sua rotina de atendimentos, o protocolo de hipotermia terapêutica. A técnica auxilia na sobrevivência e no desenvolvimento neurológico de recém-nascidos com asfixia perinatal, uma condição que compromete a oxigenação durante o trabalho de parto ou após o nascimento.
Como funciona a hipotermia terapêutica
Aplicada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do hospital, a técnica consiste no resfriamento controlado da temperatura corporal do paciente para preservar o sistema nervoso central. Para isso, a Santa Casa utiliza o sistema avançado ArcticSun, que se destaca pela monitorização precisa e não invasiva da temperatura. O equipamento também permite a programação automática e segura dos ciclos de hipotermia e normotermia.
Anteriormente, o hospital realizava esse procedimento com bolsas de gelo, método que demorava mais para atingir a temperatura ideal de 33ºC a 34ºC e apresentava oscilações térmicas. Com o ArcticSun, o controle é automático, garantindo estabilidade e maior eficácia no tratamento.
Impacto na sobrevivência dos recém-nascidos
A asfixia perinatal é uma das principais causas de mortalidade neonatal, afetando cerca de 23% dos bebês que evoluem para essa condição. “A hipotermia é uma técnica neuroprotetora que deve ser iniciada em até seis horas após o parto para evitar que o recém-nascido desenvolva encefalopatia hipóxico-isquêmica, uma interrupção global do fornecimento de oxigênio e glicose ao cérebro, levando a lesões irreversíveis”, explica Maurício Magalhães, chefe do Serviço de Neonatologia da Santa Casa.
A adoção da hipotermia terapêutica pode reduzir em até 15% a taxa de mortalidade e de incapacidades neurossensoriais causadas pela asfixia. No Brasil, aproximadamente 20 mil crianças nascem anualmente com falta de oxigenação no cérebro, o que pode resultar em sequelas graves, como comprometimento motor, surdez, cegueira e dificuldades na deglutição.
Parceria para inovação na saúde neonatal
O sistema ArcticSun foi desenvolvido pela BD, uma das maiores empresas de tecnologia médica do mundo, e doado à Santa Casa de São Paulo. “Estamos comprometidos com o desenvolvimento e a oferta de soluções inovadoras que possam proporcionar mais saúde e qualidade de vida para a população. Essa parceria com a Santa Casa nos enche de orgulho e nos motiva a continuar impulsionando o mundo da saúde para salvar vidas”, afirma Juliano Paggiaro, CEO da BD.
A iniciativa reforça o compromisso da Santa Casa de São Paulo com a inovação e a excelência no atendimento neonatal, garantindo que recém-nascidos com asfixia perinatal tenham melhores chances de sobrevivência e qualidade de vida no futuro.