O Hospital Angelina Caron (HAC), no Paraná, investiu R$ 14 milhões na aquisição do robô Da Vinci, um sistema robótico cirúrgico avançado que possibilita a realização de cirurgias minimamente invasivas. A tecnologia permite incisões diminutas e movimentos articulados por meio de quatro braços robóticos, além de estabilizar tremores durante os procedimentos.
Da Vinci no Brasil
No Brasil, o Da Vinci é parte de um movimento inovador na medicina, com cerca de 100 mil procedimentos realizados até o momento. Globalmente, até 2023, a tecnologia estava presente em aproximadamente 7,7 mil hospitais ao redor do mundo. No HAC, o robô já está integrado à agenda cirúrgica e será utilizado em operações do aparelho digestivo, como a bariátrica, além de procedimentos em urologia, ginecologia e oncologia.
Para Pedro Henrique Caron, cirurgião bariátrico e do aparelho digestivo do HAC, a cirurgia robótica representa uma nova revolução, assim como a videolaparoscopia fez quando as cirurgias abertas eram a única opção. “Hospitais que buscam se modernizar e oferecer uma medicina de ponta no Brasil naturalmente investem nessa tecnologia”, afirma.
O robô precisa de mediação para operar
Apesar da sofisticação do sistema, o robô não opera sem a experiência de um cirurgião qualificado. O modelo adquirido conta com quatro braços robóticos articulados, controlados pelo profissional por meio de um console que oferece visão 3D e um zoom 15 vezes maior do que nas cirurgias convencionais. A precisão, flexibilidade e controle são aspectos que diferenciam essa abordagem cirúrgica.
“O robô não realiza movimentos autonomamente. Todos os movimentos são controlados exclusivamente pelo cirurgião, que comanda os braços robóticos. Eles são articulados, o que permite uma amplitude maior de movimento e maior precisão, já que o sistema filtra tremores, garantindo um procedimento mais seguro e controlado”, explica o médico.
Além disso, a nova tecnologia proporciona maior autonomia na sala de cirurgia. Enquanto uma cirurgia por vídeo exige a presença de três profissionais, com o robô, o cirurgião principal consegue realizar o procedimento sozinho, o que otimiza o tempo e aumenta a capacidade de atendimento.
Benefícios da tecnologia
Para os pacientes, os benefícios são expressivos: redução da dor no pós-operatório, menor uso de medicamentos, menos transfusões e infecções, além de uma recuperação mais rápida e maior segurança nos procedimentos. “As incisões da videolaparoscopia podem alcançar até 12 milímetros, enquanto as do robô ficam em torno de 8 milímetros, o que, aliado à precisão da tecnologia, contribui para uma recuperação mais ágil”, destaca Caron.
A tecnologia também impacta positivamente o tempo de internamento. No setor de oncologia, por exemplo, pacientes que normalmente teriam alta em 3 a 4 dias, agora podem ser liberados em até 48 horas. Em cirurgias bariátricas, dependendo do caso, a alta médica pode ocorrer em menos de 24 horas.
Simulação para treinamento
Além do robô, o hospital adquiriu um simulador para o treinamento de cirurgiões interessados em se especializar no método. Um curso de certificação em cirurgia robótica está em desenvolvimento e será oferecido pela UniCaron – Escola de Prática e Simulação Clínica e Cirúrgica do HAC. “A cirurgia robótica veio para ficar e está se expandindo cada vez mais no Brasil. Vamos precisar cada vez mais de profissionais capacitados para operá-la”, conclui Caron.