O uso de tecnologias personalizáveis, ajustadas às necessidades de hospitais, municípios e planos assistenciais, é uma das principais tendências da saúde para 2025, especialmente na atenção primária. Essa inovação tem gerado resultados significativos, como redução de custos, menos idas ao pronto-atendimento, menor número de internações e, aliado a um atendimento humanizado, melhoria na qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas. 

Um exemplo prático é o Hospital Evangélico de Londrina (HE), no norte do Paraná, que implementou uma plataforma para monitoramento de pacientes crônicos atendidos pelo seu plano de saúde. Em apenas 12 meses, a iniciativa reduziu em 44% os custos com emergências e em 44,5% os custos com internações, resultando em uma economia de mais de R$ 2 milhões

Redução de riscos e impacto social 

A plataforma, parte do Programa Viva Saúde, também contribuiu para uma queda de 81% no número de pacientes de alto risco atendidos mensalmente no HE em 18 meses. O programa atende atualmente 1.736 pessoas com doenças como hipertensão, diabetes, obesidade, depressão e problemas cardiovasculares, oferecendo acompanhamento domiciliar, presencial ou online. 

A adesão ao tratamento, um dos principais indicadores de sucesso, alcançou 87,86% dos pacientes monitorados. Após 18 meses, 81% reduziram os riscos de saúde, 19,86% diminuíram o índice de massa corporal (IMC), e 19,58% dos pacientes com obesidade grave conseguiram perder peso, minimizando complicações associadas. 

Tecnologia a serviço da saúde 

A tecnologia utilizada, chamada PGS/Nagis, foi implantada em janeiro de 2023 no plano de Atenção Primária à Saúde (APS). A ferramenta permite triagem automatizada, classificação de risco, identificação de pacientes prioritários, implementação de protocolos padronizados e gestão integrada com as normas da ANS. Antes, o acompanhamento era realizado manualmente por planilhas, limitando-se a 300 pacientes. Agora, o programa alcança mais de 1.700 beneficiários. 

Segundo Eduardo Bistratini Otoni, superintendente da Associação Evangélica Beneficente de Londrina (Aebel), o sistema alia tecnologia e prevenção para alcançar resultados inéditos. “Com a prevenção, reduzimos custos e sintomas dos pacientes, além de engajar as equipes médicas”, destaca. 

A plataforma também possibilita o monitoramento contínuo das condições dos pacientes, com integração de dados de exames e agendamento inteligente, otimizando o trabalho dos profissionais de saúde e reduzindo intervenções desnecessárias. 

Histórias de transformação 

Daiane da Silva Cardoso, guarda municipal de 37 anos, transformou sua saúde após entrar no programa em julho de 2024. Diagnosticada com pré-diabetes e artrose, passou a praticar exercícios e adotou uma reeducação alimentar, perdendo 9 quilos em três meses. “Hoje, não tomo mais remédios para diabetes. Foi uma vitória”, comemora. 

“Foram três meses que mudaram minha vida”, conta Daiane da Silva Cardoso.

Dalva Regina Taniguchi, diretora escolar, superou uma crise hipertensiva com acompanhamento clínico e psicológico. “Minha pressão está normalizada e não preciso mais ir ao pronto-socorro”, relata. 

Reinhold Strass, aposentado de 88 anos, recebeu acompanhamento domiciliar após complicações com uma cirurgia de prótese de joelho. Sua filha, Lilian Strass, elogia o atendimento ágil e personalizado: “A equipe nos deu confiança e garantiu a recuperação do meu pai”. 

Reconhecimento internacional 

Desenvolvida por Wagner Marques, a plataforma PGS/Nagis foi reconhecida pelo Banco Mundial como uma inovação na saúde, destacando-se entre 295 projetos de 34 países. “A tecnologia aprende protocolos e se adapta a diferentes níveis de complexidade, otimizando o atendimento”, explica Marques. 

Dalva Regina Taniguchi, apresentava um quadro de crise hipertensiva, antes de entrar no programa.

Expansão e futuro 

Felipe Rodrigues Leme, diretor de operações hospitalares da Aebel, ressalta a meta de expandir o programa para mais beneficiários. “A tecnologia nos permite uma gestão customizada e resultados exponenciais”, afirma. 

Com uma abordagem focada em prevenção, personalização e uso inteligente de tecnologia, o programa de Londrina serve como modelo para transformar o cuidado com a saúde e gerar impacto econômico e social positivo.