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ONU pede compromisso pelo fim da aids até 2030

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Secretário geral da ONU pediu união global contra a doença. Para diretora da Unaids no Brasil, jovens são o núcleo de resposta para conter propagação do vírus

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu aos líderes mundiais que se comprometam a acabar com a aids até 2030 por meio da iniciativa Abordagem Rápida, lançada na última semana. Ele disse estar "satisfeito e orgulhoso" pelo que considerou ser o "caminho certo” na luta contra a doença.

“Apelo aos líderes mundiais para se unirem nessa causa comum. Há uma luz no fim do túnel. Estabelecemos uma meta concreta. Vamos todos acabar com a aids até 2030”, disse Ban Ki-moon em mensagem divulgada no Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado nesta segunda-feira (1º).

O Dia Mundial de Luta contra a Aids é comemorado em 1º de dezembro para alertar as populações quanto à necessidade de prevenção e de precaução contra o vírus, que ataca o sistema imunológico. A aids é a primeira causa de mortalidade na África e a quarta no mundo.

"Quase 14 milhões de pessoas em todo o mundo estão recebendo tratamentos contra a aids. Conseguimos reduzir novas infeções em 38%, desde 2001”, acrescentou o secretário na mensagem, em que agradece a dedicação dos parceiros que ajudam a combater a doença.

Depois de destacar que os sistemas médicos por si só não são suficientes para garantir "cuidados de saúde robustos”, Ban Ki-Moon pediu mais apoio para combater a doença porque, destacou, "existem 35 milhões de pessoas vivendo com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, na sigla em inglês) hoje em dia e cerca de 19 milhões delas não têm conhecimento de que contraíram o vírus".

"Existem lacunas importantes na nossa resposta a grupos-chave. Duas em cada três crianças necessitam de tratamento e não dispõem dele. As mulheres jovens são particularmente vulneráveis em muitos países com prevalência alta de HIV. A epidemia da aids está aumentando no Leste da Europa, na Ásia Central e no Oriente Médio, alimentada pelo estigma, a discriminação e as leis punitivas. Ainda assim, o trabalho essencial dos sistemas de comunidade e organizações de apoio muitas vezes não dispõe de apoio. Não podemos deixar ninguém para trás", frisou Moon.

Jovens expostos
Para combater de forma eficiente a aids no Brasil e no mundo é preciso ter estratégias que tenham como público-alvo os jovens. Na avaliação da diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no Brasil, Georgiana Braga-Orillard, a juventude atual representa o núcleo de resposta para conter a doença. “O jovem de hoje não viu a epidemia de 30 anos atrás. As mensagens têm que ser adaptadas – não somente à faixa etária, mas às diferenças da sociedade hoje”, disse.

Em entrevista à Agência Brasil, Georgiana destacou que é preciso desenvolver estratégias que levem o jovem a agir de forma responsável dentro de sua própria sexualidade. Para a diretora, é preciso acabar com o que chama de hipocrisia em torno do diálogo sobre sexo e do medo de que a conversa incentive o sexo mais cedo entre os mais novos.

Outra aposta das Nações Unidas é criar uma espécie de cultura do teste rápido, fazendo com que a testagem passe a ser um hábito e não uma medida a ser tomada apenas após a exposição a uma situação de risco. “Tive a oportunidade de, recentemente, conversar com vários jovens que se infectaram neste último ano. A sensação é que eles não achavam que o problema era com eles. Não se achavam vulneráveis e não achavam que tinham ficado expostos”.

A estimativa do Unaids é que mais de 720 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Dessas, cerca de 150 mil não sabem que são soropositivas. Um recorte por faixa etária está previsto para ser divulgado em 2015, mas um relatório de agosto deste ano aponta aumento de 11% nos novos casos registrados no país – a maioria entre homossexuais e muitos deles jovens.

“Passei 15 anos fora do Brasil. Voltei no ano passado e me assustei ao não ver mais a aids nos jornais. Fala-se muito da parte clínica, dos avanços. Mas a aids não tem mais rosto. E essa personificação da mensagem é importante”, disse. “As pessoas estão cada vez menos confortáveis para conversar sobre a sua sexualidade e isso pode gerar grandes consequências”, concluiu.

Mulheres mais preocupadas
Um levantamento realizado pela rede de medicina diagnóstica Delboni apontou que jovens entre 25 e 35 anos são os que mais realizam exames para detecção do HIV. O número de mulheres nesta faixa etária representa a maioria absoluta, ou quatro vezes mais que o de homens.

Foram considerados os exames realizados entre janeiro de 2013 e outubro de 2014. Segundo o Alberto Chebabo, infectologista do Delboni, os números se devem à rotina mais frequente de consultas médicas das mulheres, e não significam que as mulheres estejam mais vulneráveis a contraírem o vírus.